quarta-feira, 20 de junho de 2012

O desabafo de um torcedor que frequenta o Engenhão. E sofre


Costumo criticar os pequenos públicos em jogos de futebol no Brasil, não apenas pelo desinteresse do torcedor, claro, mas especialmente pela incompetência e falta de interesse dos organizadores, entre eles os cartolas, naturalmente. Hoje o blog abre espaço para o desabafo de um torcedor que sábado esteve no Engenhão, quando foi registrado o vergonhoso público de 2.852 pagantes para Fluminense 4 x 1 Portuguesa.

Gostaria de contar um pouco da minha ida ao Engenhão ontem, 16 de junho de 2012, para assistir Fluminense x Portuguesa. Decidi relatar um pouco dessa experiência, pois sei que você é um ferrenho crítico dos públicos pequenos nos estádios no Rio de Janeiro, na maioria das vezes criticando os torcedores por não comparecerem aos jogos.

Pois bem, sou Tricolor, tenho 28 anos e acompanho o Fluminense desde os 12 anos de idade nos estádios. Desde que o Engenhão foi inaugurado, vou com bastante frequência, apesar da distância relativamente grande para a minha casa (moro na Tijuca, perto do Alto da Boa Vista). E é impressionante como desde a inauguração do Engenhão, o estádio não evolui, não melhora a prestação dos seus serviços. Parece que o estádio já foi construído mal acabado.

A chegada já é um transtorno e tanto. Primeiro porque a cidade do Rio de Janeiro não possui transporte público adequado, que contemple grande parte dos bairros da cidade. Para se chegar ao Engenhão de trem e de ônibus é um "Deus nos acuda". A prefeitura nem plano especial de jogo faz. Não coloca vagões de trens extras ou aumenta a frota de ônibus para suportar a demanda de público.

Sábado fui de carro, o estacionamento do estádio custa absurdos R$ 20,00 (vinte reais)! Mais caro do que alguns setores de arquibancadas. Isso porque era jogo comum. Nos importantes como as finais de campeonato o preço sobe para R$ 30,00 (trinta reais)! E em jogos de grande público, para sair do estacionamento é necessário esperar aproximadamente uma hora pelo pouco número de saídas. Um gargalo só, são 5 mil carros para apenas duas saídas. Já viu, né? Tem que ter muita, mas muita paciência mesmo.

Antes de passar pelas roletas de acesso ao estádio, fui abordado por 6 (seis), isso mesmo, 6 (seis) cambistas! TODOS ELES OFERENDO INGRESSOS "MAIS BARATOS" A UMA DISTÂNCIA DE 10 METROS (!!!) DE GUARDAS MUNICIPAIS E POLICIAIS MILITARES. Um absurdo! Fiquei revoltado! E os agentes públicos, pagos por nossos impostos, não fazem nada, absolutamente nada? Uma vergonha!

Agora a pergunta que eu faço é a seguinte: por que um cambista decide comprar ingressos para vender em um jogo cujo público será pequeno e sobrará certamente ingressos nas bilheterias? Qual o interesse dos cambistas em comprar ingressos para um jogo desses? No mínimo estranho...

Enfim, dentro do estádio, um descaso só. Em apenas cinco anos desde a sua inauguração, já conseguiram deteriorar banheiros, cadeiras, rampas, enfim, tudo mal acabado. E não há manutenção. No banheiro, por exemplo, que está sempre sujo, não há papel para secar as mãos e algumas torneiras nem água têm. Como pode isso?

Para comer algo assistindo ao jogo, é necessário gastar aproximadamente R$ 20,00 (vinte reais) por um pastel gorduroso ou um sanduíche do Bob´s (sem a batata frita). E não há restaurantes ou lanchonetes decentes. mais famosinho é o Bob´s. Não há nenhuma lanchonete na qual o torcedor se empolgue quando precisa comer.

E para se assistir ao jogo sentado, é um sofrimento só. Eu sou novo, não me importo em ficar em pé. Jogos decisivos, aliás, só fico em pé, normalmente me esgoelando e gritando as canções da bela Torcida Legião Tricolor. Mas meu pai tem 70 anos, e quando vamos juntos, ele gosta de assistir sentado. Mas é difícil sabe por que? Porque as pessoas ficam todas concentradas no meio das arquibancadas, em pé e no corredor, atrapalhando a visão de quem está sentado.

Por isso muitas vezes há clarões nas arquibancadas mesmo quando a assessoria de imprensa do Engenhão anuncia que os ingressos estão esgotados. Eles estão esgotados sim, mas as pessoas não respeitam o seu assento, não ficam posicionadas em uma cadeira, mesmo porque não há lugar marcado, o que dificulta isso. E não há um mísero PM ou guarda municipal para tirar as pessoas dos corredores e pedirem para elas sentarem. Outro absurdo que só acontece no Brasil, o país da próxima Copa do Mundo !!!

Enfim, quis desabafar sobre como é difícil ir ao estádio de futebol hoje em dia e ainda assim ser maltratado. O que eu quero dizer, na verdade, é que não condeno as pessoas que ficam em casa e assistem pelo pay-per-view. Pelo menos no Rio de Janeiro eu não condeno (só posso falar da cidade que eu conheço). Eu vou sempre que posso, pois sou um tricolor abnegado de corpo e alma. Mas que muitas vezes dá vontade de não ir, isso dá.

Enquanto as coisas não mudarem, eu vou continuar entendendo públicos de 2 mil, 3 mil, 5 mil ou 10 mil pagantes. Não há uma política de incentivo para o torcedor ir aos jogos. Nem da CBF, nem dos clubes e nem da prefeitura da cidade. Difícil, muito difícil mesmo ser torcedor no Rio de Janeiro.

Hamilcar Bonaparte



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