Valdivia ficou de 16 de outubro de 2011 a 9 de maio de 2012 sem fazer nenhum gol pelo Palmeiras. O futebol tímido pelo qual o chileno sente-se em dívida com a torcida era simbolizado pela seca de gols antes de marcar em maio, contra o Paraná Clube. Mas a primeira prestação da dívida foi paga mesmo contra o Grêmio, em Barueri.
Para encontrar uma partida, antes, em que tenha sido tão decisivo é preciso voltar à semifinal do Paulistão 2008, quando ajudou a eliminar o São Paulo.
Contra o Grêmio, houve requintes.
Valdivia deixou o banco depois do primeiro tempo razoável do Palmeiras, com duas boas chances, de Daniel Carvalho e Maurício Ramos, e de enorme, na bola salva por Arthur no pé de Kléber, pronto para marcar 1 x 0.
Quando Valdivia entrou no gramado pesado de Barueri, aos 14 minutos do segundo tempo, a torcida do Palmeiras sofria, com o futebol de sua equipe, incapaz de tirar a bola dos arredores de sua própria grande área, mais do que com a chuva, incessante, caindo em forma de tempestade desde as 7 da noite.
Valdivia entrou e, nos instantes seguintes, o time não mudou. Sete minutos vendo o Grêmio levantar bolas na área, receita escolhida pelo pobre repertório do técnico Vanderlei Luxemburgo, depois da troca de Marco Antônio pelo cabeceador André Lima.
Foram sete minutos com Valdivia em campo até o Grêmio fazer 1 x 0, gol de Fernando.
E mais seis minutos até Valdivia chutar ao gol a bola tabelada com Juninho. Na arquibancada fria, debaixo da tempestade, pareciam seis horas.
Só então o Palmeiras começou a trabalhar a bola, mais pela esquerda, com tabelas entre Valdivia e Juninho. E só por causa de Valdivia.
Dois lances antes, Juninho entrou pela esquerda e teve chance de chutar. Desistiu.
Parecia o medo da responsabilidade, medo da vitória, de repetir a eliminação contra o Goiás, na Copa Sul-Americana de 2010.
O medo de Juninho, Valdivia não tinha razão para ter.
Talvez por ter sentido medo da morte diante de seu sequestrador, como relatou semana passada, ou por medo de não cumprir seu desejo, seja de sair ou de ficar no Palmeiras, Valdivia não sentiu medo. E chutou.
Só então o palmeirense na arquibancada fria espantou seus traumas.
Valdivia ainda repetiu,no vestiário, sua ideia de que tem uma dívida com a torcida, desde que voltou ao clube.
Digamos que sim, ele segue devendo. Mas a torcida quitou a primeira parcela com o gol da classificação da Copa do Braisl. E esquecerá o débito integralmente dia 11 de julho, se o pagamento vier em forma de gol de título.
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