quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Aderência levada a sério

Filipe Toledo, que estará na elite em 2013, é um dos adeptos da parafina que tanto agrada aos prós

É muito bom ver o surf brasileiro tomando posto de destaque no mundo através de nossos atletas, em todas as categorias. Mas também é muito legal constatar que os produtos nacionais, que mais interessam aos surfistas, seguem o mesmo caminho.

Distribuição em eventos locais com parceria da Ghetto, revista da Califa

Falando de shape/design e ou acabamento, nossas pranchas são reconhecidamente Tops entre as Tops, mesmo que não estejam sendo muito usadas pela maioria dos Tops. Mas, uma parafina nacional, tem sido exaltada por surfistas do mundo todo, inclusive os Tops, de tudo que é bandeira.

A “parafa” desenvolvida pelo Fuad Mansurf tem uma história longa e interessante.

Fuad Mansur, um dos quatro irmãos de uma das famílias mais surf do Brasil, se interessou pela tal de parafina desde a primeira vez que foi pegar ondas com seus irmãos mais velhos, em Santos.

“Os caras ficavam procurando velas pela praia e depois acendiam e pingavam sobre as taboas de surf”. Sim, nos idos de 68 as pranchas, ao menos para a maioria dos santistas, não passavam de taboas de surf. O fato é que Fuad levou quase 30 anos desenvolvendo a fórmula que agora podemos usar.

Começou misturando velas derretidas com outros materiais e surrupiando os perfumes da mãe para dar aquele cheirinho. Depois acabou comprando a fórmula de uma famosa “wax gringa” que estava nas mãos dos cariocas Paulo Proença e Otavio Pacheco. Psicopata na busca pela “fórmula perfeita” continuou, com ajuda de outros interessados no assunto, testando materiais e seus diferentes pontos de fusão para misturá-los. Sim, um dos maiores segredos, além dos oito tipos de matéria prima que usa, está nessa mágica química do ponto de fusão.


Até o Duke sabia disso. Para alguma coisa dar certo no surf tem que dar certo na Califa

Fuad nunca foi muito a fim de se inserir na sociedade de forma tradicional. É um “marginal” no bom sentido. Isso fez com que a expansão da marca para além de nossas fronteiras demorasse mais a acontecer. Mas, aconteceu. Nossos surfistas, hoje muito melhor relacionados com a galera lá fora, emprestaram uma parafina aqui, deram uma de presente ali e... boooom! Kolohe estava usando, Nat Young, Kelly testou e gostou assim como tantos outros gringos. A pedido do Chad Wells [Quiksilver] a parafina foi distribuída no evento milionário da marca e, recentemente, na etapa do WCT em Lowers [CA].

Agora a Fu Wax, que já estava no mercado australiano e português, está montando uma base na Califórnia. “Se alguma coisa quer realmente dar certo nesse universo do surf ela tem que dar certo na Califa”, diz o criador da parafina. Nomes pesados do surf nacional, como Filipe Toledo, Jesse Mendes ou Bernardo Pigmeu, só para citar alguns, são adeptos da “aderência mágica”.

"Aderência levada a sério”. Esse foi o slogan que saiu do hospital com o Fuad, depois que teve hipotermia ao surfar por horas, em Torres [RS], empolgado com o teste da parafa que havia desenvolvido. A fórmula melhorou desde aquela época, no fim dos anos 80. A obsessão louca pelo surf continua a mesma.

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