domingo, 11 de novembro de 2012

Filipe Toledo, sangue novo na elite do surf mundial

Filipe Toledo - praia do felix

Dez anos. Tempo demais ou tempo de menos? No caso de Filipe Toledo, foi o necessário para trocar a lycra de competição do Paulista Petit pelas coloridas e bem acabadas camisetas do WCT.

A notícia veio em Setembro, quando Al Hunt, o ASP Prime/Star Tour Manager, anunciou que a pontuação necessária para a classificação para o Dream Tour era de 14.000. Àquela altura, com ótimos resultados e muita constância ao longo do ano, Filipe acumulava 16.040 pontos e, portanto, aos 17 anos de idade já estava garantido na elite do surf mundial. Apesar de grandioso, o feito desse jovem ubatubense não pode ser considerado uma surpresa.

Filipe Toledo

Filipinho nasceu e foi criado para o surf. Seu pai, o bicampeão brasileiro Ricardo Toledo, afirma que o colocou em cima de uma prancha aos 10 meses de vida. O talento do filho logo chamou a atenção de Ricardinho: “Eu percebia nele uma visão, uma leitura de onda, sempre trabalhando perto da espuma e utilizando a parte crítica da onda”. 

Mesmo assim, ele afirma que seguir no surf competitivo foi uma escolha do filho: “A maioria dos pais querem que seus filhos sigam suas carreiras, né, mas eu nunca tive problema com isso. Falei que se quisesse ser surfista eu estava aqui para ensinar, para ajudar e para dar todo o suporte, mas se quisesse seguir outra carreira estaria do lado da mesma forma ”. Nas categorias de base, o garoto franzino sempre foi destaque. No ano passado, sagrou-se Campeão Mundial ISA Sub 16 e chamou a atenção da mídia internacional ao faturar o US Open Pro Jr., em Huntington Beach.

“Ele sempre foi muito competitivo. Quando tocava o telefone aqui em casa ele corria para atender primeiro”, conta a mãe Mari Toledo, responsável por cuidar da casa e dos outros três filhos enquanto Filipe e Ricardinho viajam pelo mundo para as etapas. Ela revela que havia um planejamento do patrocinador para que Filipe chegasse ao WCT em até quatro anos.

“A ficha ainda não caiu”, afirma o garoto sorridente sobre a velocidade com que atingiu um dos seus maiores objetivos: “É um sonho desde que eu comecei a entender o que é o surf de competição. Eu via aqueles caras, Andy Irons, Kelly Slater, quebrando no tour e eu queria ser igual a eles”.

A ideia de ter Slater, Mick Fanning, Adriano de Souza e companhia como adversários não parece intimidar Filipinho, que simplifica as coisas ao antever um futuro duelo contra o onze vezes campeão do mundo: “Eu sei que se ele não pegar e eu pegar, eu ganho. Mas se ele pegar, aí fica mais difícil”, diz. ”Mas eu vou cair amarradão”, finaliza rindo.

Filipe Toledo

De pai para filho 

A simplicidade com que Filipe encara o surf é reflexo do trabalho desenvolvido por Ricardinho, que cuida de toda a parte burocrática de sua carreira, como a logística das viagens e o contato com os patrocinadores. O bicampeão brasileiro também é o técnico e usa da intimidade familiar para ajudar o filho a vencer baterias:

“A gente consegue se entender por meio dos assovios. Desde que ele era pequeno eu tenho um assovio pra chamar ele. Quando está vindo onda é um outro tipo. E tem um outro para quando vem a série e a onda de trás vai ser melhor ”, conta descontraído. Filipinho atesta a eficiência do método: “Várias vezes eu já virei bateria por causa disso. Faltando 30 segundos, vinha a série e eu remava logo na da frente, mas ele assoviava, eu deixava para ir na de trás e virava a bateria”.

Ídolo, técnico e pai. Ricardinho acredita ser de extrema importância ter alguém com laço afetivo que acompanhe os atletas em suas competições: “Mais do que a figura de um técnico, a presença do pai é muito intensa. Eu acho que isso traz uma tranquilidade, uma confiança e uma estabilidade emocional”. O modelo que parece estar funcionando para os inseparáveis Gabriel Medina e Charles será repetido pela família Toledo em 2013.

Filipe Toledo

A paixão pelo ar 

Como bom representante da nova geração, Filipe Toledo é um verdadeiro mestre dos aéreos. Com eles acostumou-se a garantir suas melhores notas nas baterias, e não há dúvidas de que serão sua principal arma na elite do surf mundial. Com rotação, grab, invertendo a base...fica ao gosto do cliente. Qualquer marolinha, para ele, é pista de voo. Há quem diga que seu aéreo full rotation de backside é o melhor do mundo.

“Eu tento sempre fazer o mais difícil, porque eu sei que se eu acertar vai valer mais nota. Tem que arriscar, né. Quem não arrisca não petisca”, admite antes de soltar um de seus sinceros risos anasalados.

Apesar de instigante, esta é uma tática perigosa quando se surfa contra os melhores do mundo. Em muitas situações do dream tour, surfar o óbvio com eficiência pode ser uma boa ideia. Polêmicas à parte, a última onda de Julian Wilson na final contra Medina em Portugal serve de exemplo. Se aquela fosse uma onda qualquer, ao sair do tubo o australiano certamente inventaria algum dos seus mirabolantes aéreos, mas preferiu completar a onda com manobras de base e conseguiu a virada.

Filipe Toledo - praia do felix

Pergunta comum, resposta óbvia

“As pessoas sempre perguntam se ele está preparado e eu digo que se algum atleta que chegou ao WCT com menos de 18 anos falou que estava preparado mentiu. A gente vai se preparando e ganhando experiência ao longo dos anos”, diz Ricardinho como quem já não aguenta mais falar sobre o assunto. “A gente vai viajar para Fiji, para Teahupoo e para Indonésia para ele ir se adaptando melhor à condições mais pesadas”, continua.

Filipe sabe que tem muito o que desenvolver se quiser se destacar no tour, mas transparece a confiança típica dos campeões. Aliás, ele batalha para ser um: “Tenho confiança em mim mesmo e tenho sede de ganhar. Talvez não dê para ser campeão no primeiro ano, mas espero que seja o mais rápido possível. Quem sabe eu consiga até ser o primeiro brasileiro campeão mundial”.

Nessa segunda-feira, 12 de novembro, você tem um encontro marcado com Filipe Toledo no Conexão Surf às 16h30 na ESPN.

Filipe Toledo - praia do felix

FONTE: ESPN SURF

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