O australiano Joel Parkinson foi campeão mundial pro Junior em 1999 e
2001, vice-campeão mundial profissional quatro vezes, em 2002, 2004,
2009 e 2011. É tricampeão do Triple Crown. Foi quatro vezes vice-campeão
em etapas do WCT 2012 e, finalmente, aos 31 anos, na última etapa, pode
festejar seu primeiro título mundial, antes mesmo de fazer sua quinta
final do ano em Pipeline. Melhor, dessa vez ele venceu a etapa.
Depois de 11 anos tentando Parko merecia
esse título. Mas, não me convenceria sem a ótima vitória sobre Josh
Kerr, na final. Parko, mesmo com uma apresentação impecável durante todo
o evento, enfrentou uma chave de baterias mais fácil do que Slats, que
nas quartas de final fez a disputa mais dura e empolgante do evento
contra seu amigo Shane Dorian [18.73 X 18.20]. Dois 40tões.
Na
semifinal contra Damien Hobgood, Parko estava perdendo. No meio da
bateria errou uma onda que poderia ser nota dez. Achei que fosse
amarelar psicologicamente, mas conseguiu reverter a situação de forma
devastadora nos três minutos finais. Aquilo foi uma virada de campeão.
Josh, com a única onda que apareceu na bateria, havia derrotado Slater
na segunda semifinal, o que deu o título ao seu conterrâneo. Estava
surfando muito, mas Parko não deixou dúvidas sobre sua segunda vitória
num Pipe Master. Título consolidado, selo de garantia no caneco. Sua
estrela brilhou indicando o caminho do pódio. Várias baterias deixaram
os atletas na mão por falta de ondas. Parko estava com o imã de ondas
ligado.
“Nesse momento, Pipe Master,
título mundial... parece tudo surreal”, declarou Parko no pódio e
completou: “Vi que seria tudo na pressão, como alguns anos atrás. Sabia
que não poderia fazer nada sobre isso. Era algo sobre o que eu tinha que
fazer e não o que ele [Slater] tinha que fazer. Pensei, ele está no
embalo por conta daquela bateria com o Dorian e sei que Kerr será um
perigo para ele. Quando Kerr pegou aquela onda senti como se fosse
vomitar. Não conseguia controlar minhas emoções naquele momento”.
Slater
também fez uma campanha e tanto, mas aquele tubo, filho de mãe
solteira, de Josh Kerr, logo nos primeiros minutos da semi, acabaram com
as esperanças do Kelly e o levaram à final, onde fez o melhor resultado
de sua vida. Slater se arrepende de não ter tomado, via snake, aquela
onda. “Poderia ter dado a volta no Josh e ficado com aquela onda, mas
seria uma maneira feia de começar uma bateria”, declarou o melhor
surfista de todos os tempos. Mas há outros motivos para que o título de
2012 não esteja em sua prateleira como de costume.
Além das ondas ou da falta delas, nesse
Pipe Master, Slater sofreu uma espécie de síndrome “verdeamarela”
durante o ano. Slater deu W.O. na etapa do Rio de Janeiro. Daí, em
Teahupo’o, perdeu para Ricardinho dos Santos, no 3º round. Em Portugal,
no pior momento do mar em todo evento, perdeu para Raoni Monteiro,
também no 3º round. Em Santa Cruz foi vítima do Adriano de Souza, no 5º
round. Será que foi mandinga? As ondas o abandonaram? Bom, ele levou
três eventos esse ano e só faltou ter ido à final para fazer desse
título de Parkinson algo ainda mais reluzente.
Tudo
bem. Ao menos Joel Parkinson poderá dizer aos netos: Fui campeão
mundial, enquanto Slater ainda competia! Talvez ele complete sua
narrativa contando como Slater voltou ao planeta de onde veio quando o
WCT mudou de formato... mas isso é outra história. Parabéns, Parko.
Venceu e convenceu. O mundo do surf agradece.
FONTE: Edinho Leite
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