Juiz da Corte Magistral de Pretória, Desmond Nair decidiu na manhã desta sexta-feira que o Oscar Pistorius pague fiança, a qual estipulou em R$ 222,2 mil, e responda em liberdade pela morte de sua então namorada, a modelo Reeva Steenkamp, alvejada com três tiros na madrugada do último dia 14 na casa do para-atleta.
O magistrado entendeu, depois de ouvir defesa e acusação desde terça-feira, que o dono de seis medalhas paralímpicas não impõe risco à sociedade e que também não tentará fugir da África do Sul.
Ao falar sobre este último ponto, Nair criticou a promotoria por usar, em sua avaliação, argumentos fracos, já que a mesma usou a reportagem de uma revista para sustentar que o bi-amputado tinha uma residência na Itália - a defesa nega e diz que o local para o qual Pistorius costuma ir no país europeu é alugado.
Embora em liberdade, Pistorius deve entregar todos os passaportes, não deve entrar em nenhum aeroporto e deve entregar todas as armas que possui. Ele ainda deve informar à polícia para qualquer lugar que for e precisa pedir permissão para viajar para fora de Pretória.
O para-atleta deve, também, fornecer um número de telefone e estar apto a ser contatado durante todo o tempo, não pode usar álcool ou drogas e não pode voltar para casa nem falar com vizinhos. O julgamento terá início no dia 4 de junho, às 8h30 locais.
Choro
Pistorius, que já havia chorado durante a fala de quase uma hora do juiz, foi novamente aos prantos ao ouvir a decisão. Ao memso tempo, Aimee, Carl e Henke, irmã, irmão e pai do para-atleta, respectivamente, formaram um círculo com o treinador dele, Ampie Louw, e fizeram uma oração.
Desmond Nair também criticou a defesa de Pistorius, alegando não entender a razão de o para-atleta não ter ido checar se sua namorada estava na cama ou quem estava no banheiro antes de atirar. Foram quatro disparos, sendo que três acertaram reeva Steenkamp.
O juiz também fez questão de dizer que a fiança não é só do interesse do acusado, mas também do interesse público, pois reduz o número de presos em um sistema já superlotado, além de reduzir o número de famílias sem um "chefe de família".
Nair criticou bastante o então investigador do caso, Hilton Botha, afastado por ser suspeito de ter matado sete pessoas em 2011. Entre as queixas, ele alegou falhas em demasia e falta de consistência no que foi relatado. Vinesh Moonoo assumiu a investigação.
A audiência
A sessão desta sexta começou às 5h23 (de Brasília). Às 6h58, depois de novamente ouvir defesa e acusação, Nair havia prometido anunciar seu veredito às 9h30, mas só retornou à Corte às 9h37, mesmo momento em que Pistorius adentrou o local.
O juiz não foi direto à decisão, preferindo antes fazer uma exposição de tudo que já lhe fora relatado, tanto por promotoria, por meio do promotor Gerrie Nel, e defesa, por meio do advogado Barry Roux, quanto por Pistorius, que garantiu, na terça, que não fugiria do país caso lhe fosse concedido o direito de responder em liberdade.
Nair fez questão de lembrar que decretara, logo no primeiro dia de audiência, que o caso estava enquadrado na categoria seis, que é a de "crimes extremamente graves". Às 9h58, Pistorius, que até então ouvia tudo de cabeça baixa, começou a chorar.
A decisão final, com o anúncio de que Pistorius poderia pagar a fiança e responder em liberdade, só aconteceu às 11h23, quase duas horas depois de Nair ter começado a falar.
FONTE: ESPN
Nenhum comentário:
Postar um comentário