Jad Smith, jornalista colaborador do Australia's Surfing Life, Surfing World e Surfline.com [http://www.surfline.com/surf-news/kelly-slater-wins-quiksilver-pro-gold-coast_93858/], para citar exemplos de peso, viu de perto o que deve ter sido peça principal nessa 52ª vitória de Slater e, num ótimo texto, explicou que no fim de tarde anterior às finais o “Rei do Surf” estava no mar, analisando as ondas percorrerem seu caminho pelas diferentes bancadas. O que acontecia com a corrente a cada série e como isso afetava as ondas.
Nas palavras de Slater: “Sentei no pico uma hora antes do escurecer e assisti a cada onda quebrando. Tomei notas mentalmente. Tracei meu posicionamento na cabeça e sabia exatamente onde estavam as boas. Acho que ninguém fez isso”. Ele pegou muitos tubos mentais até torná-los realidade.
O plano de Kelly era ficar onde a areia começa a entrar pela baia e os tubos eram mais longos. Fanning não entendeu nada quando Slater sentou a uns 100 metros dele, mais no inside. Eles nem se viram muito na bateria. Mick talvez tenha entendido o que aconteceu, depois. Com Parko foi basicamente a mesma coisa, com um agravante. Esse posicionamento, aliado à prioridade, permitiram tomar a onda que poderia virar o jogo a favor de Parko.
ASP/Kirstin
Há gente torcendo o nariz pelo fato de Slater utilizar a regra para conter Parko, que já mandou suas alfinetadas sobre isso por aí, insinuando que vai ter troco. Não há motivo. A consciência dentro daquela careca tem a leveza da justiça. Kelly deve ter retirado de seus impecáveis arquivos mentais a final de Pipe, em 2003. Lembram? Decisão de título com Andy Irons. Bateria de 4. Kelly vê uma onda para virar a bateria em Backdoor. Joel poderia ter liberado, não estava disputando título, mas remou sem dó e deixou Kelly na saudade [na 4ª colocação]. Ninguém perdoou Joel por seu “mau caratismo”, que o levou à 2ª colocação no evento e 5º do mundo. Slater foi chorar [muito] na casa do Jack Johnson, mas foi tudo na regra. No planeta de onde vem esse careca desonestidade não faz parte do jogo. Slater, limpo, só deu o troco.
É a primeira vez em muitos anos que Kelly não veio com a lenga lenga de “não sei se vou competir em todos os eventos...”. Deixou claro, mesmo antes da primeira bateria, que está comprometido com o Tour 2013. Perder o título ano passado o deixou ressabiado. Já com a taça de Snapper/Kirra na mão declarou que vencer etapas é muito bom, mas o que importa mesmo é o título. “Ano passado venci Parko duas vezes e, mesmo assim, ele ficou com o título”, disse Slats. Para ele etapas são como baterias, apenas isso, parte de um jogo que só termina em Pipeline.
ASP/Kirstin
Muita coisa pode mudar e ele quer deixar sua digital também nesse movimento. Quer um exemplo? Agora, nas baterias com 3 atletas, há prioridade e jetski. A ideia dos rounds de No Losers é, além de encaixar o número de atletas no cronograma, possibilitar show de surf. Mas, sem prioridade, havia aquela marcação exercida por alguns atletas, em especial seu “pedra no sapato”, Adriano de Souza. Teve o dedo do Kelly na mudança de regras. Não, Adriano não estava errado, quando disse no meio de uma dessas baterias, diante das reclamações de CJ, lá em Fiji: “Estou aqui para vencer, não para me divertir”. Mas o show pode mesmo ficar mais bacana com o novo formato.
ASP/Kirstin
Fale à vontade sobre qualquer um, mas Slater continua o mais perfeito competidor sobre uma prancha. O que foi aquele cutback depois do tubo nota 10? E a rasgada cut/layback que não levou 10?! Quer aéreo “full rotation no grab” na fechadeira para passar bateria? Ele manda.
Kelly não firula nem comemora muito entre uma manobra e outra, mesmo que tenha sido perfeita. Seu domínio sobre a santa trindade, mente/corpo/prancha, é total. Suas pranchas são feitas sob medida e, mesmo que não funcionem para outros, são perfeitas para que ele produza alguns dos melhores momentos do surf moderno. Vai entubar assim lá em Kirra!
Dito isso cabe a pergunta. Será que alguém segura o cara? Deixe seu comentário.
FONTE: ESPN
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