“Sou atleticana e gosto de futebol desde criança. Passei mais de um ano morando no exterior onde me envolvi com estudos de gênero e da teoria feminista. Quando voltei para o Brasil e para o estádio, vi de um jeito que nunca tinha visto antes. Fiquei muito atônita com a naturalidade e a naturalização da homofobia. Senti um incômodo e uma urgência de fazer algo em relação a isso”, conta Nathalia, cientista social, que pediu à reportagem da ESPN.COM.BR para que não tivesse seu sobre nome divulgado.
O fato de não querer ser reconhecida pelo movimento que criou mostra um receio grande da recepção do movimento por parte da torcida. Mensagens condenando a iniciativa não faltam na página, privadas e públicas. Nathalia conta ter recebido mensagens agressivas e ameaçadoras na página do movimento. As críticas vão de mensagens preconceituosas, apelos para que a página seja excluída, desconfiança de que tudo não se passa de uma brincadeira dos rivais cruzeirenses e muita reclamação acerca do símbolo do movimento, que “coloriu” o tradicional escudo do time mineiro.
“Quando se fala de futebol, a gente mexe em um terreno muito conservador e em uma torcida tão grande como a do Atlético pode haver todo tipo de pessoas. Teve gente ficou muito revoltada e não sei até que ponto eles podem levar a questão a outro nível”, pondera Nathalia, que considera a reclamação sobre o escudo um reflexo da dificuldade que a sociedade tem de romper com o que é tradicional.
Galo Queer, fundada por uma cientista social belorizontinaManifestações positivas não faltam no outro lado da moeda. Um rápido crescimento de membros na página pode ser observado. Às 18h desta Quinta-Feira, a página já contava com 2148 fãs. Torcedores de outros times chegaram a deixar recados apoiando a causa, e o conteúdo criado é constantemente “curtido” e compartilhado para outros membros da rede social. Odes à Cassia Eller, famosa cantora lésbica e atleticana e a Toninho Cerezo, pai da transexual e modelo Lea T são a pauta do dia na página. No mundo real, a Galo Queer pretende se fazer presente, mas ainda receia.
“Existe a vontade de levar o movimento para o campo, mas claro, de uma forma que proteja a integridade física das pessoas que estão envolvidas, mas não sabemos até que ponto isso é possível. Uma coisa que gostaríamos de fazer é entrar em contato com o clube e ver se abraçam a ideia até para termos mais legitimidade” conta a fundadora.
Movimento não é restrito para homossexuais
Hoje na reserva do Atlético-MG, o meia Richarlysson se envolveu em polêmica em relação a sua opção sexual quando jogava pelo São Paulo. Quando contratado pelo Atlético-MG, o jogador ouviu protestos de parte da torcida mineira, mas nada comparado ao tratamento que recebia de algumas organizadas do Tricolor Paulista, que se recusavam a cantar o nome do atleta. Mesmo afirmando ser heterossexual, o fato de ouvir o nome de Richarlysson saindo da boca da torcida no jogo contra o Arsenal de Sarandí alegra Nathalia, que garante que o movimento não é restrito a torcedores homossexuais.
“Inclusive eu me identifico como heterossexual, mas tenho uma luta ativa contra a homofobia porque é algo que não tolero e que não pode ser tolerada. É uma violência. Então não é uma torcida voltada só para o público LGBT e sim uma para todos que acreditam que o futebol tem que ser um lugar livre de intolerância”.
“Galo Queer”: nome vem da luta do movimento LGBT
Galo, todos sabem, é o apelido do clube alvinegro de Belo Horizonte. “Queer” é uma palavra inglesa que, ao pé da letra, significa “estranho” ou “esquisito”. Com o tempo a palavra ganhou conotação ofensiva em relação aos homossexuais, correspondendo ao termo “bicha” usado pelos brasileiros para designar homossexuais do sexo masculino.
Nos últimos tempos, a luta pelos direitos LBGT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) vem dando novo significado ao termo, que hoje é usado para identificar pessoas ou grupos que desejam “romper com uma ordem heterossexual dominadora da sociedade contemporânea”.
“Ouvimos falar que o futebol não deve ser misturado com política como se já não fosse.
Colocar o futebol como algo apolítico é ir de encontro com o interesse das forças dominantes. Enquanto o futebol, algo tão importante na sociedade, for um lugar onde tudo é permitido, o preconceito nunca vai acabar pois sempre acontecerão nestas arenas protegidas”, finaliza, receosa e esperançosa, a fundadora do movimento que, se não revoluciona o futebol, ao menos toca em um de seus tabus mais fortes e menos discutidos.
FONTE: ESPN
“Existe a vontade de levar o movimento para o campo, mas claro, de uma forma que proteja a integridade física das pessoas que estão envolvidas, mas não sabemos até que ponto isso é possível. Uma coisa que gostaríamos de fazer é entrar em contato com o clube e ver se abraçam a ideia até para termos mais legitimidade” conta a fundadora.
Movimento não é restrito para homossexuais
Hoje na reserva do Atlético-MG, o meia Richarlysson se envolveu em polêmica em relação a sua opção sexual quando jogava pelo São Paulo. Quando contratado pelo Atlético-MG, o jogador ouviu protestos de parte da torcida mineira, mas nada comparado ao tratamento que recebia de algumas organizadas do Tricolor Paulista, que se recusavam a cantar o nome do atleta. Mesmo afirmando ser heterossexual, o fato de ouvir o nome de Richarlysson saindo da boca da torcida no jogo contra o Arsenal de Sarandí alegra Nathalia, que garante que o movimento não é restrito a torcedores homossexuais.
“Inclusive eu me identifico como heterossexual, mas tenho uma luta ativa contra a homofobia porque é algo que não tolero e que não pode ser tolerada. É uma violência. Então não é uma torcida voltada só para o público LGBT e sim uma para todos que acreditam que o futebol tem que ser um lugar livre de intolerância”.
“Galo Queer”: nome vem da luta do movimento LGBT
Galo, todos sabem, é o apelido do clube alvinegro de Belo Horizonte. “Queer” é uma palavra inglesa que, ao pé da letra, significa “estranho” ou “esquisito”. Com o tempo a palavra ganhou conotação ofensiva em relação aos homossexuais, correspondendo ao termo “bicha” usado pelos brasileiros para designar homossexuais do sexo masculino.
Nos últimos tempos, a luta pelos direitos LBGT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) vem dando novo significado ao termo, que hoje é usado para identificar pessoas ou grupos que desejam “romper com uma ordem heterossexual dominadora da sociedade contemporânea”.
“Ouvimos falar que o futebol não deve ser misturado com política como se já não fosse.
Colocar o futebol como algo apolítico é ir de encontro com o interesse das forças dominantes. Enquanto o futebol, algo tão importante na sociedade, for um lugar onde tudo é permitido, o preconceito nunca vai acabar pois sempre acontecerão nestas arenas protegidas”, finaliza, receosa e esperançosa, a fundadora do movimento que, se não revoluciona o futebol, ao menos toca em um de seus tabus mais fortes e menos discutidos.
FONTE: ESPN
Nenhum comentário:
Postar um comentário