quarta-feira, 3 de abril de 2013

WCT Bells - Adriano de Souza badala o sino da vitória na Austrália



Deu Brasil no campeonato mais tradicional do Circuito Mundial da ASP, com Adriano de Souza, 25 anos, badalando o sino do troféu dos campeões do Rip Curl Pro na Austrália.

Mineirinho começou a segunda-feira já derrotando o defensor do título em Bells Beach, Mick Fanning, 31, mostrando a força do seu frontside nas direitas de 3-4 pés da terça-feira, abrindo paredes perfeitas para as manobras.

Na final, ganhou outro duelo de alto nível técnico contra o norte-americano Nat Young, 21, que apresentou o melhor backside da competição. Ele agora chega na etapa brasileira do WCT em quarto lugar no ranking liderado por Kelly Slater, 41, com chances de brigar pela ponta no Rio Pro, de 8 a 19 de maio no Rio de Janeiro.

“Este evento aqui em Bells é um dos mais importantes no Tour para mim”, disse Adriano de Souza no pódio, depois de ser carregado pelos brasileiros e pelo português Tiago Pires.

“Surfistas como o Andy Irons, Kelly Slater, meu heroi Mick Fanning, todos eles já tocaram o sino aqui. Tenho vindo aqui há muitos anos, amo esse lugar e estou muito feliz agora. Vivi um momento difícil recentemente, comecei 2013 sem um patrocinador pela primeira vez em muitos anos.

Eu tinha que acreditar que alguma empresa iria acreditar em mim e aconteceu, então quero agradecer a marca Pena por ter acreditado em mim e aqui estou. Eu tenho um monte de gente pra agradecer, mas tudo que quero fazer agora é tocar o sino (risos)”.

E Mineirinho fez isso com tanta empolgação, balançou tanto, que o sino acabou saindo do troféu pela primeira vez na história para marcar a primeira vitória brasileira no Pro Bells Beach.

Ele ainda pegou o sino e continuou badalando sem parar para comemorar a vitória espetacular em ondas de ótima qualidade num dos principais palcos do ASP World Tour.

Confira a GALERIA DE FOTOS!

Top-5 do mundo nos dois últimos anos, Adriano de Souza está na briga do título mundial mais uma vez e pode sair do Brasil na frente de novo, se repetir a vitória na estreia do Rio Pro na Barra da Tijuca dois anos atrás.

“A próxima etapa é no Brasil e esta vitória aqui foi muito importante para mim”, disse Mineirinho. “Eu me sinto confortável competindo em casa, mas também tem uma pressão a mais por isso. Quero aproveitar esta vitória, depois recarregar as forças e espero conseguir surfar bem no Brasil”.

Brazilian Day

Adriano de Souza foi realmente um dos melhores surfistas na 52.a edição do Pro Bells Beach. Neste ano, os brasileiros brilharam como nunca, surfando muito bem quando o mar melhorou, produzindo momentos clássicos na praia dos sinos da gelada região sul da Austrália.

No “Brazilian Day” da segunda-feira, barraram os melhores do mundo na terceira fase, com Kelly Slater eliminado por Willian Cardoso, 27 anos, e Joel Parkinson, 31, com nota 10 e tudo, por Raoni Monteiro, 30, que atingiu 19,17 pontos, recorde do campeonato este ano.

Nas quartas de final que abriram o último dia, eram três brasileiros. O catarinense Willian Cardoso só achou uma onda boa para mostrar a potência das suas manobras de frontside que o levaram até ali.

O californiano Nat Young apresentou um backside afiado nas direitas de Bells para vencer essa bateria e também contra o experiente Taj Burrow, 34 anos, que assumiria a liderança do ranking se passasse para a final.

Willian conquistou um ótimo quinto lugar que o colocou na zona de classificação para o WCT de 2014 pelos dois rankings da ASP. Assim como o paulista Filipe Toledo, 17 anos apenas e estreante na elite, que perdeu a última quarta de final para um inspirado Jordy Smith, 25.

O sul-africano conseguia executar grandes manobras nas paredes perfeitas de Bells Beach e já tinha tirado o catarinense Alejo Muniz do campeonato. Mas, parou em Mineirinho no duelo mais eletrizante do último dia.

Melhor bateria

Apesar da chuva que caiu forte na hora da bateria, as ondas bombaram e os dois surfistas fizeram grandes apresentações. O brasileiro começou com nota 9,27, contra 9,53 de Jordy Smith.

Ambos rasgando forte as paredes das ondas, cutbacks jogando água, longos houndhouses, atacando o lip com pressão e nunca perdoando as junções nas finalizações.

A segunda onda de Mineirinho foi melhor, ganhando 8,77 contra 8,00 do sul-africano. Na terceira também, 8,27 contra 8,10. Na quarta, Adriano surfou muito bem de novo para merecer 9,17 dos juízes, abrindo 8,91 pontos de vantagem sobre seu oponente.

No último minuto, Smith ainda pega uma onda boa, faz as manobras para virar o resultado, fecha com segurança e sai confiante do mar. Fica o suspense pela nota, que demorou bastante para sair.

Quando foi anunciado 8,87, Adriano de Souza festejou a classificação para a final com o maior placar do dia, 18, 44 a 18,40 pontos. Ganhou confiança com este resultado.

Grande final

Na bateria final, a chuva forte já tinha passado e as séries de ondas boas não eram tão constantes, mas o brasileiro começou na frente de novo, escolhendo muito bem as que abriam as paredes para as manobras.

Sua primeira apresentação valeu nota 7, a segunda 7,23 e a terceira 8,83. O californiano Nat Young, em sua primeira final no WCT, falhou nas duas primeiras tentativas, parecendo nervoso. Na terceira acertou o pé, repetiu o seu ataque de backside nas direitas de Bells e ganhou nota 7,5.

A vantagem ainda era de 8,57 pontos e ele falha de novo na escolha de uma onda que não abriu. Mas, na seguinte mandou uma série de cutbacks e roundhounses, batidas desgarrando a rabeta no lip, ficando muito perto da virada com a nota 8,33 desta onda.

Faltando 8 minutos para o término, Mineirinho pega outra boa e aplica três manobras fortes jogando água pra cima, para aumentar seu placar para 16,26 pontos com nota 7,43. O americano ficou precisando de 7,94 para a vitória.

A dois minutos do fim, entrou, talvez, a maior série do dia, que arrastou os dois competidores. Tiveram que remar contra a corrente, o tempo foi passando, Nat Young não conseguiu pegar outra onda, a bateria acabou e Adriano comemorou bastante sua quarta vitória em etapas do ASP World Tour.

A primeira foi em 2009 em Mundaka, na Espanha. A segunda no Billabong Rio Pro de 2011 na Barra da Tijuca lotada. A terceira no mesmo ano em um mar clássico em Supertubos, Portugal, numa final inesquecível contra o mestre Kelly Slater. E a quarta agora em Bells.

“Foi um grande evento para mim”, disse Nat Young, feliz pela bela campanha apenas em sua segunda etapa na divisão de elite do ASP Tour. “Competir aqui já era um sonho para mim. Eu assisti os surfistas neste evento minha vida toda, tem muita história por trás dele e estou muito contente só por estar aqui.

Fazer a final então, nem tenho palavras para isso. É claro que eu queria ganhar, queria tocar o sino tanto quanto qualquer outro surfista do circuito. Cheguei perto disso este ano, mas o vice-campeonato também é um grande resultado para mim”.

Perna brasileira

Depois da Austrália, agora todo o foco é no Brasil, que vai sediar os dois eventos mais importantes do calendário da ASP no mês de maio. Começa pela etapa brasileira do WCT, o Rio Pro, nos dias 8 a 19, com sua estrutura principal novamente montada no Postinho da Barra da Tijuca, tendo a Praia do Arpoador como segunda opção na capital carioca.

Na sequência, de 20 a 26, o segundo ASP Prime do ano, o Coca-Cola Quiksilver Saquarema Pro na Praia de Itaúna, o Maracanã do surfe na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

“Agora é se preparar para o Brasil”, disse Taj Burrow, após a derrota para Nat Young nas semifinais, mas passando a dividir a vice-liderança do ranking com Mick Fanning.

“Nos dias de hoje, você não pode dar um mínimo de chance pra ninguém no Tour. O Nat (Young) surfou muito bem. Ele é um novato, mas tem um surfe polido e é muito perigoso, então mereceu ir para a final”.

O sul-africano Jordy Smith, barrado por Adriano de Souza na outra semifinal, destacou os resultados surpreendentes em Bells e acredita em uma temporada emocionante. “Vai ser um ano interessante e vamos ver como será no Brasil”, disse Jordy Smith.

“Fiquei decepcionado por não tirar a nota pra vencer na minha última onda. Eu queria muito tocar o sino e senti que estava surfando bem durante toda a semana. Mas, parabéns ao Adriano (de Souza), que está arrebentando. Aliás, todos estão e certamente teremos uma grande temporada”.




Final
Campeão: Adriano de Souza (BRA) com 16,26 pontos (8,83+7,43) – US$ 75.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Nat Young (EUA) com 15,83 pontos (8,33+7,50) – US$ 30.000 e 8.000 pontos

Semifinais
3.o lugar – US$ 17.500 e 6.500 pontos
1.a: Nat Young (EUA) 15.10 x 13.43 Taj Burrow (AUS)
2.a: Adriano de Souza (BRA) 18.44 x 18.40 Jordy Smith (AFR)

Quartas de final
5.o lugar – US$ 14.500 e 5.200 pontos
1.a: Taj Burrow (AUS) 15.50 x 14.50 Kai Otton (AUS)
2.a: Nat Young (EUA) 17.27 x 14.83 Willian Cardoso (BRA)
3.a: Adriano de Souza (BRA) 14.33 x 13.76 Mick Fanning (AUS)
4.a: Jordy Smith (AFR) 16.77 x 13.20 Filipe Toledo (BRA)

Top-22 do ASP World Tour 2013 após duas etapas
1.o: Kelly Slater (EUA) – 11.750 pontos
2.o: Mick Fanning (AUS) – 11.700
2.o: Taj Burrow (AUS) – 11.700
4.o: Adriano de Souza (BRA) – 10.500
5.o: Joel Parkinson (AUS) – 9.750
5.o: Nat Young (EUA) – 9.750
7.o: Jordy Smith (AFR) – 8.250
8.o: Michel Bourez (TAH) – 7.000
9.o: Julian Wilson (AUS) – 6.950
9.o: Bede Durbidge (AUS) – 6.950
9.o: Kai Otton (AUS) – 6.950
9.o: Filipe Toledo (BRA) – 6.950
13: Josh Kerr (AUS) – 5.750
13: Jeremy Flores (FRA) – 5.750
13: C. J. Hobgood (EUA) – 5.750
16: Matt Wilkinson (AUS) – 5.700
16: Willian Cardoso (BRA) – 5.700
18: Adrian Buchan (AUS) – 4.500
18: Travis Logie (AFR) – 4.500
18: Brett Simpson (EUA) – 4.500
18: Raoni Monteiro (BRA) – 4.500
18: Adam Melling (AUS) – 4.500
Outros brasileiros
23: Gabriel Medina (SP) – 3.500 pontos
23: Alejo Muniz (SC) – 3.500
31: Miguel Pupo (SP) – 1.000




FONTE: RICOSURF

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