Exames aprofundados mostraram que o tumor da atleta, nascida em Cachoeiro de Itapemirim, terra do Rei Roberto Carlos, era benigno, mas formado por células gigantes, com uma mancha enorme em seu osso. Assim, no seu auge físico, Carol estava na mesa de cirurgia. Além disso, os fortes medicamentos tomados e com a anestesia que recebeu, a jogadora viu grande parte dos seus longos cabelos caírem, uma outra "porrada" da vida, agora na vaidade feminina, já que entre as meninas da seleção Carol ganhou o apelido de "Barbie", justamente por conta dos cuidados com a beleza.
- Em maio do ano passado comecei a sentir um incômodo e meu joelho começou a inchar muito depois dos jogos e dos treinos. Como estava muito puxado conciliar a rotina dos treinos do clube com as fases da seleção acabei adiando os exames. Em setembro, quando fiz a ressonância, descobri o tumor. Era um tumor de células gigantes no fêmur. Benigno, graças a Deus. Logo que peguei o resultado fiquei assustada pois as suspeitas dos fisioterapeutas do clube foram desconsideradas e havia uma mancha enorme no osso. Pode parecer mentira, mas eu não me desesperei. Acredito muito em Deus e sabia que iria passar por essa fase de tribulações e que depois tudo daria certo - disse Carol.
Os vários momentos de Carol até conquistar a tão esperada chance na Europa (Foto: Editoria de Arte)
Além da intervenção, feita em 15 de março, Carol ainda teve que passar por outro procedimento, mais complicado, em seus ossos, tudo no mesmo dia. E com o passar dos dias e medicamentos, viu seus cabelos ficarem ralos, "feiosos", como ela diz.
- O tumor estava bem avançado então tive que fazer uma raspagem e colocar um cimento ósseo no lugar. A minha recuperação foi rápida. Operei dia 15 de março. Não rolou quimioterapia porque por ser benigno é só retirar. Mas pode voltar em qualquer outro lugar já que não tem procedência. Se voltar a gente opera de novo, sem problemas (risos). Tive queda de cabelo por causa de alguns medicamentos e efeitos da anestesia. Chorei muito porque teve uma época que caiu bastante, mas não cheguei a nenhum extremo - agradece a atleta.
Volta por cima
Mesmo começando sua recuperação e sem poder atuar, Carol foi contratada pelo Clube Força Atlética, de Goiás, onde fez toda a sua recuperação. Lá, jogou os Jogos Abertos Brasileiros (JABS), em Criciúma. E novamente ganhou uma chance na seleção brasileira. Mas o melhor ainda estava por vir. A convite do técnico da seleção brasileira, o dinamarquês Morten Soubak, que acabara de assumir o time austríaco Hypo, ela foi parar na Europa, no mês passado, realizando o sonho de jogar fora do país.
- Costumo dizer pra quem é mais leigo no esporte: ''Sabe aqueles menininhos que jogam um futebolzinho na rua e sonham em jogar no Barça (por exemplo)? Então, é mais ou menos assim que está minha vida". Sempre almejei isso, mas não esperava que iria acontecer agora. Estou muito feliz e vou dar o meu máximo pra que esse sonho não acabe tão cedo. Aqui no Hypo estou muito feliz. Nunca treinei tanto na minha vida. Meu corpo está se adaptando ainda. Isso será muito bom pra mim, pois treinando com meninas num nível tão alto irei melhorar e aprender o que preciso. Estou tendo que controlar a saudade da família, do meu namorado lindo (risos), mas está tudo caminhando bem - brinca.
O próximo sonho da jogadora já tem data. Dia 6 de dezembro, quando começa o Mundial feminino de Handebol, na Sérvia. Carol sonha em fazer parte do grupo brasileiro que irá disputar a competição, com chances reais de conquistar um pódio inédito para a modalidade.
Carol Dias ao lado de Alexandra Nascimento no Hypo, da Áustria (Foto: Arquivo pessoal)
- Com certeza sonho com o mundial. Mesmo sendo a mais nova das brasileiras aqui (o Hypo tem um convênio com a Confederação Brasileira de Handebol, com várias atletas da seleção atuando por lá) darei o meu máximo. Ninguém melhor do que o meu técnico (que é o mesmo da seleção) pra me preparar e saber se tenho condições ou não. Minha primeira convocação para seleção adulta foi uma surpresa. Sei, como qualquer outra pessoa, que tenho muito o que aprender e irei aprender. Muitos criticaram, o que é normal. Para mim foi um fôlego a mais, tipo um: ''Ei, acorda! Você ainda não alcançou tudo o que pode'' - frisa Carolline.
Recuperada e jogando meses depois do tumor, Carol já teve a primeira glória no Hypo. Venceu, ao lado das companheiras, entre elas a melhor do mundo e também brasileira Alexandra Nascimento, um torneio europeu de preparação, na Eslováquia. E manda um recado de força para quem está passando pelo mesmo que ela viveu.
- Meu recado é que nunca percam a fé em Deus. Não existe nada nesse mundo que aconteça em nossas vidas que não consigamos superar, é só não desistir na primeira dificuldade. Ele sabe o melhor pra todos nós, mesmo que não entendamos - finaliza.
FONTE: GLOBO ESPORTE
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