Ao atender a reportagem do ESPN.com.br, Fernando Alba ergue a voz. Fala grosso. E o recado tem apenas um destino: o São Paulo. O diretor geral das categorias de base do Corinthians acompanhou na última semana mais uma acusação de aliciamento envolvendo o rival tricolor e automaticamente se identificou com o drama da Ponte Preta. No primeiro semestre, o time alvinegro também foi alvo do assédio da equipe do Morumbi e perdeu uma de suas promessas, o lateral Bruno Dip, 15 anos.
O Corinthians se juntou na ocasião aos demais clubes para um movimento contra o São Paulo que resultou no boicote em duas das principais competições do calendário, a Taça BH e a Copa 2 de Julho. Na avaliação dos dirigentes, a atitude não surtiu o efeito desejado e foi "desdenhada" em Cotia.
Uma das iniciativas propostas agora é solicitar à CBF que as seleções não façam mais períodos de treino no CT são-paulino, evitando, assim, o acesso aos garotos. O diretor corintiano minimiza a situação e sinaliza com outro caminho: responder os colegas tricolores na mesma moeda, se necessário.
"Eles querem esse jogo? É esse jogo que vai ser jogado. Se me interessar um jogador em Cotia, vou assediar e vou trazer", ameaça Fernando Alba ao ESPN.com.br.
Além de Bruno Dip, que teria sido aliciado durante a Copa Votorantim, no começo do ano, os atuais campeões mundiais reclamam terem sofrido mais uma vez com o assédio são-paulino sobre outro jovem jogador nos últimos meses. Na mira dessa vez, estava o centroavante Léo Jabá, que também defende a seleção sub-15. O clube conseguiu segurá-lo.
O Corinthians é uma das equipes que cumpre com o chamado acordo de cavalheiros, firmado entre os principais times ainda em 2012 e que impede a contratação de jogadores que não sejam liberados por seus respectivos clubes.
ESPN.com.br: Como você acompanhou mais uma acusação de aliciamento envolvendo o São Paulo?
Fernando Alba: É a regra do jogo. O São Paulo mostrou para nós o tipo de jogo que quer participar. Não se interessa em cumprir essa situação pré-acordada. Aqui não há lamentação, a gente só entende o recado, e no tabuleiro aqui, o São Paulo ocupa uma casa que a gente vai tratar da mesma maneira. Se precisar, converso com o pai mesmo e não tenho obrigação moral nenhuma de conversar com o São Paulo.
ESPN.com.br: Que respostas os clubes poderiam dar a essa prática?
Alba: Eles querem esse jogo? É esse jogo que vai ser jogado. Se me interessar um jogador em Cotia, vou assediar e vou trazer.
ESPN.com.br: Você vê o São Paulo como vilão?
Alba: Não vejo como vilão, não estão fazendo nada errado, é o jogo deles.
ESPN.com.br: O São Paulo consegue contratar jogadores de base porque gasta mais dinheiro com essas categorias?
Alba: Seria fácil eu dizer que o Corinthians vai partir para o caminho econômico, de quem chora menos leva mais, mas não acreditamos que seja assim. Respeitamos um acordo ético e moral que foi estabelecido.
ESPN.com.br: Como você se sente quando a CBF escolhe o centro de treinamentos do São Paulo, em Cotia, para alojar as seleções de base? Outros dirigentes reclamaram disso. Há algum risco?
Alba: Não acredito que uma entidade como a CBF permita que os jogadores vão para Cotia para serem assediados. A gente acredita na instituição, por mais que ela seja problemática. Se os garotos ficarem encantados com a estrutura de Cotia faz parte, mas não vejo como um problema.
FONTE: ESPN
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