Eu sou suspeita pra falar, porque amo cinema. Amor mesmo, daqueles tradicionais – a telinha não me satisfaz, amo o ritual, o som, a magia da grande tela. E esse amor passou como herança para meu primogênito. Quando João tinha 1 ano, ninguém ainda tinha aparecido com a belíssima ideia docinematerna, onde as mães cinéfilas como eu podem levar seus bebês sem constrangimento, amamentar durante o filme, se for o caso, e assistir calmamente a sessão com seus bebês ao lado. Mesmo assim, João, que praticamente nasceu com os primeiros filmes da Pixar no Brasil, foi se deliciando, ano a ano com as aventuras sensacionais desses gênios de roteiro e animação. Brinco que o João Pedro, meu filho, é o Andy, o personagem menino de Toy Story, pois cresceu com ele, encarou a transição dos brinquedos e, também ao modelo do coadjuvante, escolheu uma criança pra lá de especial para herdar seus brinquedos e a missão de brincar com eles.
Por todas essas razões sou fã da iniciativa Lifebuoy de levar cinema às cidades com carência de salas de projeção. Neste mês de novembro, Vacaria e Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, será as cidades felizardas. E, na programação, um dos nossos filmes preferidos: Procurando Nemo. A famosa animação do peixe-palhaço superprotetor chamado Marlin em busca de seu filho Nemo perdido no oceano Pacífico é de comover até o mais troglodita dos apreciadores de UFC... ok, gosto não se discute, mas no caso do filme, o argumento é imbatível para quem tem filhos pequenos e nos acompanha: o protagonista da saga é um adorável e perdido pai! Quantas histórias infantis a gente conhece com essa proposta? Dá pra contar nos dedos (em tempo, recomendo também a leitura de O homem que amava caixas, outro clássico nessa derelação pai e filho).
Procurando Nemo é do mesmo ano em que minha filha caçula nasceu. Naquele 2003, eu e o pai do João tínhamos lido um bocado sobre a transição na cabecinha de uma criança de 3 anos a respeito de ganhar uma irmãzinha.
Eu particularmente tinha esperança de o pai pudesse “puxá-lo” mais para seu lado quando a Bruna nascesse, principalmente pela urgência e demanda que um bebê causa em uma mãe, lógico. Aí, um dia, despretensiosamente fomos ao cinema assistir Nemo. Grávida e emotiva, chorei um monte na sala de projeção na hora que a peixe-mãe morre. João e o pai se ocuparam mais em rir das trapalhadas do peixe-palhaço e, sim respiraram aliviados lá no fundo, com o sucesso da empreitada paterna. Naquela tarde, o cinema executou em pai e filho aquele encanto de compreender uma história com o coração – o que tão bem faz a arte pelos homens. Aceite seu convite e entregue-se à magia do cinema!
* fotos: Lifebuoy
FONTE: ADRIANA TEXEIRA
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