Ele usou os aéreos para liquidar seus adversários no último dia do World Junior Championship em Florianópolis, batendo todos os recordes do campeonato com a nota 9,93 e os 18,26 pontos que totalizou na bateria final contra o marroquino Ramzi Boukhiam, 20.
Já a categoria feminina foi encerrada com o primeiro título mundial da Nova Zelândia na história da ASP, com Ella Williams, 18 anos, ganhando por 11,97 a 9,23 pontos a decisão contra a favorita Tatiana Weston-Webb, 17.
Depois das finais e da festa no pódio, um show das bandas John Bala Jones e Dazaranha agitou o público que lotou a Praia da Joaquina no sábado.
“Estou amarradão em vencer em casa um título mundial que eu ainda não tinha, ainda mais aqui na Joaquina e em Florianópolis, onde tenho um suporte que não tenho em nenhum outro lugar do mundo”, disse Gabriel Medina.
“Foi muito legal porque consegui pegar várias ondas boas e sempre aumentando as notas na final. O Ramzi (Boukhiam) surfou muito bem a semana inteira, mas eu estava bem concentrado porque sabia que ia ser uma bateria difícil, então acreditei em mim e dei o meu melhor para conquistar este título que é muito importante pra minha carreira. Foi um evento muito difícil e estou muito feliz”.
Gabriel Medina já começou a bateria final voando em um aéreo pra largar na frente com nota 7,00. Depois pegou uma esquerda longa para apresentar o seu arsenal de manobras modernas na parede da onda e arrancar nota 8,33 dos juízes.
Antes do marroquino dar a resposta, Medina vem em uma boa direita para mandar o seu aéreo rodando de backside sem as mãos na prancha muito alto e vai massacrando a onda até a beira para tirar nota 10 de três juízes.
Mas, um achou que valia 9,8, outro deu 9,7 e a média saiu 9,93 para ele se tornar o recordista absoluto do campeonato com os 18,26 pontos que já totalizava nestas duas ondas seguidas.
Medina é casca grossa nos aéreos. Foto: ASP /Daniel Smorigo.
“É muito difícil competir contra o (Gabriel) Medina. Ele é muito bom em todo tipo de onda, mandou um aéreo muito gigante e eu não sei fazer isso. Eu sou mais ‘power-surf’ e não tinha muita onda pra isso na final”, disse Ramzi Boukhiam.
“Estou feliz por ele também, era um título que ele não tinha e todo o público que lotou a praia hoje (sábado) ficou feliz com o resultado. Mas, estou contente com o meu desempenho, o segundo lugar também é um bom resultado e eu adoro o Brasil, as pessoas, meu técnico Patrick Beven que mora na França é brasileiro e até falo um pouco de português por causa disso, então saio feliz também daqui com o vice-campeonato porque o evento todo foi muito difícil”.
Ramzi Boukhiam saiu feliz com o segundo lugar. Foto: ASP /Daniel Smorigo.
O fenômeno de Maresias, sua praia em São Sebastião no litoral norte paulista, já tinha Santa Catarina marcada na sua história. Em 2009 também em Florianópolis e com apenas 15 anos de idade, Medina conquistou sua primeira vitória internacional da carreira na etapa do ASP 6-Star realizada na Praia Mole.
Dois anos depois, faturou o título da etapa do ASP Prime em Imbituba, no litoral sul do estado, que foi fundamental para a sua entrada na elite mundial do WCT. Agora, aumentou para seis o recorde de títulos do Brasil na história da categoria Pro Junior da ASP.
Recorde de títulos
O primeiro foi conquistado pelo carioca Pedro Henrique em 2000 no Havaí, depois o paulista Adriano “Mineirinho” de Souza venceu a edição de 2003, o cearense Pablo Paulino foi bicampeão em 2004 e 2007, o paulista Caio Ibelli ganhou o circuito das três etapas de 2011 e Gabriel Medina agora também escreve seu nome na Galeria dos Campeões Mundiais da ASP no World Junior Championship na Ilha de Santa Catarina.
“Eu quero agradecer a todos que lotaram a praia hoje (sábado), pois vi que tinha muita gente torcendo por mim”, disse Gabriel Medina, no pódio.
“Quero agradecer também meus amigos, minha família, meus patrocinadores que estão me assistindo, a todos que organizaram esse campeonato e a HD também por ter feito o evento aqui na Joaquina, que é uma onda alucinante e fazia tempo que não competia aqui. Mas, tenho que dedicar mesmo essa vitória a Deus, porque sem Ele eu não conseguiria nada na vida”.
Na semifinal, Gabriel Medina já tinha aumentado o recorde de nota do campeonato para 9,87 com um aéreo sensacional na bateria contra a grande surpresa do World Junior Championship, Hiroto Ohhara.
O japonês derrotou o taitiano Vehiatua Prunier na última quarta de final para coroar a ótima participação dos surfistas do seu país nas ondas da Praia da Joaquina. Ohhara dividiu o terceiro lugar no ranking mundial Pro Junior de 2013 da ASP com o australiano Matt Banting, que foi batido na primeira semifinal por Ramzi Boukhiam.
“Me senti um pouco devagar na bateria, não entraram muitas ondas boas, a maioria só dava pra dar duas manobras e acabei não pegando nenhuma boa como nas outras baterias que disputei aqui”, disse Matt Banting.
“Eu vi o Ramzi (Boukhiam) pegar algumas boas e ele mereceu ir pra final, pois é um ótimo competidor e grande amigo. Já tive bons resultados esse ano, como o terceiro lugar no ASP Prime US Open na Califórnia, agora fiquei em terceiro de novo, então estou feliz pelo resultado que consegui aqui no Brasil também”.
Final feminina
A primeira decisão a entrar no mar foi a feminina entre a havaiana Tatiana Weston-Webb e a neozelandesa Ella Williams, que passaram por Chelsea Tuach de Barbados e Johanne Defay da França, respectivamente, nas semifinais.
Já na grande final não entraram muitas ondas boas para as meninas na Praia da Joaquina e Ella Williams garantiu o primeiro título mundial da Nova Zelândia na história da ASP com as notas 5,30 e 6,67 das últimas ondas que surfou na bateria.
“Isso é como um sonho se tornando realidade para mim”, vibrou Ella Williams. “Estou muito feliz e nem sei descrever direito o que estou sentindo agora, só sei que está sendo incrível este momento que certamente vai ficar marcado na minha vida. Foi muito difícil chegar até aqui, porque todas as meninas estavam surfando muito bem e acho que tive muita sorte porque não entraram muitas ondas boas na final. Estou muito feliz, muito mesmo, foi incrível tudo que aconteceu comigo hoje (sábado) aqui”.
Ella Williams é a nova campeã mundial Júnior. Foto: ASP /Daniel Smorigo.
Depois de grandes apresentações durante todo o evento, a havaiana Tatiana Weston-Webb teve que se contentar com o vice-campeonato no World Junior Championship. Ela só conseguiu surfar uma onda regular nota 5,33 e acabou perdendo o título por 11,97 a 9,23 pontos.
A vitória na final feminina valeu um prêmio de 7.500 dólares para Ella Williams, enquanto a havaiana recebeu 4.000 dólares pelo segundo lugar na Praia da Joaquina.
“Estou um pouco decepcionada por ter perdido a final, mas sou bem nova ainda e terei outras oportunidades”, disse Tatiana Weston-Webb, visivelmente chateada por não ter achado as ondas que encontrou nas outras baterias que disputou na Praia da Joaquina.
“No fim, tudo se resume as duas melhores ondas e a Ella (Williams) teve mais sorte do que nessa final. É difícil aceitar uma derrota assim, quase sem surfar, mas existe sempre o próximo ano”.
As grandes favoritas ao título feminino eram as duas tops do WCT 2014 que participaram do World Junior Championship. Vice-campeã nas duas últimas edições do Mundial Pro Junior da ASP, a sul-africana Bianca Buitendag foi batida por décimos de diferença pela surfista de Barbados, Chelsea Tuach, 12,30 a 12,17 pontos.
O mesmo aconteceu para a francesa Johanne Defay na semifinal contra a campeã Ella Williams, que levou a melhor por 10,34 a 10,06 pontos. Johanne dividiu o terceiro lugar com Chelsea Tuach em Florianópolis.
Ella Williams. Foto: ASP /Andre Motta.
Galeria dos campeões mundiais Pro Junior da ASP:
2013: Gabriel Medina (BRA) e Ella Williams (NZL) na Praia da Joaquina, Florianópolis (SC), Brasil
2012: Jack Freestone (AUS) e Nikki Van Dijk (AUS) em Bali, na Indonésia
2011: Caio Ibelli (BRA) e Leila Hurst (HAV) na Indonésia, Brasil, Austrália
2010: Jack Freestone (AUS) e Alizee Arnaud (FRA) na Indonésia e Austrália
2009: Maxime Huscenot (FRA) e Laura Enever (AUS) na Austrália
2008: Kai Barger (HAV) e Pauline Ado (FRA) na Austrália
2007: Pablo Paulino (BRA) e Sally Fitzgibbons (AUS) na Austrália
2006: Jordy Smith (AFR) e Nicola Atherton (AUS) na Austrália
2005: Kekoa Bacalso (HAV) e Jessi Miley-Dyer (AUS) na Austrália
2004: Pablo Paulino (BRA) na Austrália
2003: Adriano de Souza (BRA) na Austrália
2002: não realizado por falta de datas
2001: Joel Parkinson (AUS) na Austrália
2000: Pedro Henrique (BRA) no Havaí
1999: Joel Parkinson (AUS) no Havaí
1998: Andy Irons (HAV) no Havaí
Final Masculina
Campeão mundial: Gabriel Medina (BRA) por 18,26 pontos (9,93+8,33) – US$ 25.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Ramzi Boukhiam (MAR) com 11,60 (notas 5,80+5,80) – US$ 10.000 e 8.000 pontos
Semifinais
3.o lugar – US$ 5.000 e 6.500 pontos:
1.a: Ramzi Boukhiam (MAR) 16.03 x 12.33 Matt Banting (AUS)
2.a: Gabriel Medina (BRA) 17.94 x 10.54 Hiroto Ohhara (JPN)
Quartas de final
5.o lugar – US$ 2.250 e 5.200 pontos:
1.a: Matt Banting (AUS) 15.37 x 13.33 Michael Rodrigues (BRA)
2.a: Ramzi Boukhiam (MAR) 14.00 x 11.04 Oney Anwar (IDN)
3.a: Gabriel Medina (BRA) 16.64 x 14.97 Slade Prestwich (AFR)
4.a: Hiroto Ohhara (JPN) 10.17 x 9.24 Vehiatua Prunier (TAH)
Perderam nas oitavas de final e ficaram em 9.o lugar com US$ 1.550 e 4.000 pontos:
Jessé Mendes (BRA), Juninho Urcia (PER), Vasco Ribeiro (PRT), Kanoa Igarashi (EUA), Cam Richards (EUA), Joshua Moniz (HAV), Reo Inaba (JPN) e Takumi Nakamura (JPN)
Perderam na terceira fase e ficaram em 17.o lugar com US$ 1.200 e 1.750 pontos:
Caio Ibelli (BRA), Matheus Navarro (BRA), João Paulo Abreu (BRA), Jake Sylvester (AUS), Mitchell Parkinson (AUS), Carlos Muñoz (CRI), Ian Crane (EUA), Keanu Asing (HAV), Seth Moniz (HAV), Dylan Lightfoot (AFR), Michael February (AFR), Steven Sawyer (AFR), Nomme Mignot (FRA), Hiroto Arai (JPN), Arashi Kato (JPN) e Kan Watanabe (JPN)
Final Feminina
Campeã mundial: Ella Williams (NZL) com 11,97 pontos – US$ 7.500 e 10.000 pontos
Vice-campeã: Tatiana Weston-Webb (HAV) com 9,23 pontos – US$ 4.000 e 8.000 pontos
Semifinais
3.o lugar – US$ 2.00 e 6.500 pontos:
1.a: Tatiana Weston-Webb (HAV) 15.34 x 8.33 Chelsea Tuach (BRB)
2.a: Ella Williams (NZL) 10.34 x 10.06 Johanne Defay (FRA)
Quartas de final
5.o lugar – US$ 1.250 e 5.200 pontos:
1.a: Tatiana Weston-Webb (HAV) 14.60 x 10.44 Frankie Harrer (EUA)
2.a: Chelsea Tuach (BRB) 12.30 x 12.17 Bianca Buitendag (AFR)
3.a: Ella Williams (NZL) 9.67 x 8.83 Mahina Maeda (HAV)
4.a: Johanne Defay (FRA) 15.87 x 6.30 Stephanie Single (AUS)
Perderam nas oitavas de final e ficaram em 9.o lugar com US$ 1.000 e 4.000 pontos:
Melanie Giunta (PER), Miluska Tello (PER), Lucia Cosoleto (ARG), Marina Rezende (BRA), Carol Fernandes(BRA), Leticia Canales Bilbao (ESP), Dax McGill (HAV) e Reika Noro (JPN)
FONTE: João Carvalho
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