sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Seleção sub-21 inicia "vestibular" contra pressão de olho na Olimpíada

Gallo, Coletiva seleção Brasileira (Foto: Felipe Schmidt / Globoesporte.com)

As lágrimas no gramado e o descontrole no desastroso 7 a 1 para a Alemanha mostraram que a pressão de jogar em casa em busca de um título de expressão não fez bem para a seleção brasileira. Para combater tal ameaça nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o técnico da equipe sub-21 do Brasil, Alexandre Gallo, vai apostar num longo processo para acostumar seus jogadores às dificuldades de lidar com a paixão da torcida. Nada de trabalho psicológico específico; a ideia é identificar dentro do grupo os atletas capazes de jogar sob a pressão de conquistar a tão sonhada – e inédita - medalha de ouro. O primeiro desafio é nesta sexta-feira, contra a Bolívia, na Arena Pantanal, em Cuiabá, às 21h (de Brasília). O GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real, e o SporTV transmite ao vivo.

No projeto montado pelo treinador, que inclui enfrentar seleções importantes por todo o país até 2016, os jogadores terão de mostrar em campo que têm condições de aguentar a exigência local. Gallo garante que a ideia de habituar o time olímpico à torcida vem de antes da Copa do Mundo, quando a questão psicológica foi um dos assuntos mais preocupantes no desempenho do Brasil.

- Nós já tínhamos um planejamento em relação a isso, até porque precisamos criar esta empatia entre torcida e atleta, sentir o que é jogar no Brasil. Dos 33 jogos que fizemos até agora, só dois foram no Brasil. É muito pouco. O atleta precisa sentir o que é a nossa torcida, o nível de cobrança da nossa imprensa. Nós vamos jogar no Brasil, vamos trazer os campeões europeus, africanos. Está dentro do nosso planejamento jogar com seleções importantes, como Portugal e Alemanha.

Gallo acredita que esta será a melhor maneira de saber com quem poderá contar na Olimpíada. Para ele, é papel do treinador também identificar como cada jogador reage diante das dificuldades.

- Estamos fazendo um ciclo olímpico que, se dentro disso, não conseguirmos identificar quem é o atleta que tem suporte psicológico, quem é o cara que suporta pressão, aguenta dificuldades... Esse é o trabalho do treinador: identificar não só a capacidade técnica e física. Entendo que esta pressão vai ser importante para criar este lastro, forjar os atletas, criar esta dificuldade, cicatrizes que o futebol precisa para chegarmos numa grande competição acostumados com o que vamos passar – analisou o treinador.

Outra preocupação é montar uma base. Em relação à última convocação, a seleção sub-21 entrará em campo com três novidades contra a Bolívia: o volante Matheus Biteco, o meia Talisca e o atacante Thalles. O restante da equipe tem Jacsson, Fabinho, Wallace, Dória e Wendell; Alison, Ademílson e Luan.

Wendell e Dória brincam durante treinamento da seleção sub-21 (Foto: Felipe Schmidt / Globoesporte.com)

Aprendizado para a Olimpíada

Os jogadores veem com bons olhos o contato próximo com os torcedores. Uma das novidades do time, Biteco aprovou a estratégia de Gallo para analisar a equipe.

- Acho legal da parte do Gallo ver isso como uma experiência para nós, para nos adaptarmos à torcida, e eles nos conhecerem melhor. Acho que vai ser uma experiência boa. Estamos acostumados com pressão, mas essa experiência com a seleção é um pouco diferente.

Capitão da equipe, o zagueiro Dória acredita que a experiência da Seleção principal na Copa do Mundo pode ajudar os meninos a não repetirem o comportamento.

- Serve de aprendizado, para não cometermos os mesmos erros da Copa. Que a gente possa fazer uma excelente preparação e, consequentemente, uma ótima Olimpíada. Não tem coisa melhor você se preparar no local dos jogos, pois não vai ser surpreendido por nada, vai estar preparado para o que der e vier.

Douglas Coutinho ressalta a importância de jogar frente à torcida (Foto: Felipe Schmidt)

Um dos atletas a ainda atuar no Brasil, o atacante Douglas Coutinho ressaltou que mesmo os “estrangeiros” não devem sentir tanta pressão.

- Dá para dar uma dica para eles, mas isso (jogar fora) não interfere em muita coisa. São jogadores que passaram recentemente, sabem como é jogar aqui no Brasil e a importância de jogar com a seleção brasileira com a torcida do lado.

Depois do jogo contra a Bolívia, a seleção sub-21 tem outro desafio em casa em outubro. Na próxima segunda-feira, a equipe enfrenta o time sub-23 dos Estados Unidos no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

FONTE: GLOBO ESPORTE

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