O DIA EM QUE O VERDE E O AMARELO BRILHARAM EM MARGARET RIVER

A etapa do Drug Aware Pro Margaret River 2015 começou e, em dois dias, já deu para perceber o quão alucinante e empolgante será a competição. As ondas, que passaram dos 6 metros de altura exigiram um extremo preparo físico, técnico e psicológico dos atletas, que penaram para arrancar grandes notas dos juízes. Os brasileiros não se deram bem com esses fatores incomuns no circuito. Dos 8, que participaram, incluindo Alejo Muniz, que foi convidado por estar nas primeiras posições do ranking do QS, apenas Miguel Pupo passou direto para o round 3, e na repescagem, nomes como Filipe Toledo e Gabriel Medina foram eliminados do torneio.

No entanto, a história nem sempre foi cruel com os brasileiros. Apesar das ondas de “The Box” (formação tubular e extremamente difícil de se conseguir terminar a onda) e do “Main Break”(formação que nessa janela está gigante, com drop difícil e sem muita parede), de Margaret, serem historicamente dominadas por australianos, há 11 anos atrás tivemos um dia que a garra e a superação do verde e do amarelo prevaleceram.

Neco, o herói solitário – Foto: bangalowave.com

Aconteceu em 4 abril de 2004. Após uma semana de altas ondas, tal qual a que estamos presenciando, o evento que ainda fazia parte do calendário do WQS, viu dois brazucas dominarem seus adversários e mexerem com o orgulho dos australianos. O nome das feras: Neco Padaratz e Raoni Monteiro. Muito além do prêmio de 125 mil que estava em disputa e os pontos da etapa 6 stars, o que estava em jogo era a quebra de uma hegemonia e de uma tradição. Até então, nas 16 etapas que haviam sido disputadas, desde 1985, apenas uma vez o título tinha ficado fora das mãos de um australiano.

Portanto, o catarinense e o carioca tinham uma missão: afirmar que o surf brazuca tinha condições de dominar qualquer tipo de onda no planeta. Com muito empenho e força de vontade, os dois pegaram altas ondas, deram rasgadas fortes e consistentes, conquistaram os jurados e o público, e não deu outra. Era o Brasil no topo do pódio. “Dobradinha” como se diz na Fórmula 1. Neco em 1º e Raoni em 2º. Confira a emocionante vitória no vídeo produzido pelo Canal Woohoo:

“Eu adoro as ondas daqui e tenho trabalhado muito duro para conseguir bons resultados no circuito. Sou como um homem de negócios fazendo o seu trabalho com responsabilidade. Queria este título e persegui o sonho até realizá-lo agora, numa semana com altas ondas aqui em Margaret River” comentou Neco, que havia chegado perto do título nos 4 anos anteriores, perdendo em 3 semifinais e para Mick Fanning na finalíssima de 2001.

Naquele ano, Neco foi o campeão da divisão de acesso, sobrando diante do restante dos adversários. Era o início do que depois se apelidaria de “Brazilian Storm” e o que hoje é uma realidade. Ainda com Mineirinho, Jadson, Miguel Pupo e Ítalo Ferreira na disputa, fiquem ligados e torcendo para que as nossas glórias daquele 2004 apareçam novamente e o verde e amarelo balance nos ventos do oeste australiano.

Veja os melhores momentos nas altas ondas da competição de 2015 aqui:

FONTE: GO SURFE