terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Comando do futebol, férias do rali, 'exploração' de Marcos: a chegada do presidente Paulo Nobre



O novo presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, sentou-se pela primeira vez na sala de imprensa da Academia de Futebol como mandatário do clube paulista poucos minutos depois de ser eleito em vitória por 47 votos sobre Décio Perin. De cara, disse que o cargo é "a maior responsabilidade que já se apresentou" na vida do palmeirense de 45 anos. Ao longo do papo com os jornalistas, ele falou sobre choque de gestão, a nova administração do clube, o elenco do futebol, as metas para o biênio e muitos outros assuntos relacionados à vida política e esportiva da quase centenária Sociedade Esportiva Palmeiras.

No discurso, Nobre ressaltou que precisará separar o lado torcedor do perfil de gestor, este último racional, frio. Afirmou ainda que sabe que já será cobrado a partir desta terça-feira, que tentará absorver tudo que de bom outros clubes brasileiros ou estrangeiros têm feito, e que o elenco do Palmeiras, dentro de campo, ainda precisa de reforços para Libertadores e Série B - "dois campeonatos antagônicos, mas bem parecidos".

O mais jovem presidente do Palmeiras desde 1932 falou ainda sobre se tornar "o cara" do futebol enquanto não encontra um "manager" para a função, admitiu que não terá tempo para se dedicar às corridas de rali e ainda adiantou um recado dado ao ex-goleiro Marcos: "Vou explorá-lo muito".

Veja os principais trechos da entrevista de Paulo Nobre no final da noite de segunda-feira:

ASSUMIR O CARGO

Recessão - Com certeza absoluta será um biênio de recessão. O Palmeiras atravessa problemas financeiros. E ao fazer a recessão você precisa cortar custos e avaliar, porque o associado não pode pagar o pato por más administrações. E ao mesmo tempo não pode perder de vista que o futebol é o carro-chefe. O maior patrimônio do Palmeiras é a torcida. E como isso vai ser feito ainda precisamos sentar e planejar.

Orçamento não apresentado - O absurdo da eleição ser em janeiro é que atrasou todo esse processo. O fato é que o orçamento não foi feito. Só atrasa um pouco. A atual gestão já deveria ter apresentado, mas vamos fazer do zero.

Cobrança - O tamanho do buraco só vou saber nesta semana quando tomar conta dos números. Eu sei que a dívida não é pequena. Mas eu acho que a partir de amanhã já vai ter gente me cobrando de alguma coisa. 


Salvador da pátria - Salvador não existe. Quando colocaram o professor Belluzzo, colocaram muita pressão e ele entrou com obrigação. Não existe mágica, existe gente séria.

Rali - O meu contrato acabou. Eles tentaram abrir uma negociação, mas já estava claro que eu só falaria no final de janeiro. É impossível acumular presidência com Mundial de Rali. Daqui dois anos ou no futuro eu gostaria de pelo menos fazer uma prova antes de me aposentar.

Manager - O profissional que eu gostaria de ter na frente do futebol, o "manager", ele ainda não existe no mercado brasileiro porque os presidentes acumulam essa função. Gostaria de assumir o futebol com o intuito de encontrar no mercado brasileiro uma pessoa que possa assumir depois.

Marcos - Conversei com o Marcos outro dia e para vocês entenderem o caráter dele: ele disse que havia vendido a imagem e caso eu não estivesse satisfeito ele romperia o contrato. A única diferença é que ele disse que as pessoas não estavam explorando muito, mas eu vou explorar. A ideia é montar um departamento de marketing para deitar e rolar com o Marcos.

Paulo Nobre foi eleito o novo presidente do Palmeiras

GESTÃO

Presidente no centenário - Para ser muito sincero, sou palmeirense desde que me conheço por gente. Vim da arquibancada de futebol. Tenho um trabalho político há 16 anos e a ficha não caiu ainda. Tem de ter sangue frio, precisa conter o torcedor que existe dentro de você. Sem emoção, em primeiro lugar.

Possível contratação de José Carlos Brunoro - É um profissional ligado ao Palmeiras, teve uma fase de sucesso que o palmeirense lembra bem nos anos 1990. Eu gosto dele, me dou bem com ele e fiz questão de que ele visse nosso plano de governo para dar um palpite. Ele achou interessante e é um nome, mas existem outros.

Apoio de Mustafá Contursi - Gostaria muito de contar com o Mustafá, como com os ex-presidentes Della Monica, Facchina [Carlos Bernardo Facchina Nunes], Tirone. Você nunca acha só gente boa ou ruim de um lado.

Modelo - Acho que o termo choque de gestão pode ser usado. Tudo que foi feito por um time grande e deu certo, não vejo mal ser copiado. O Barcelona já copiou o Palmeiras. Eles não têm um treinador de goleiro? O Palmeiras foi o primeiro time do mundo a ter um.

FUTEBOL

Reforços - O que o palmeirense precisa entender é que um clube estruturado disputa títulos com naturalidade. O Palmeiras é um barco à deriva. É um transatlântico que parou numa praia que era a Copa do Brasil e caiu cachoeira abaixo no rebaixamento. O Palmeiras não pode se perguntar se ele vai cair ou não, mas sim se será campeão ou não. O futebol se profissionalizou nos anos 1930, mas só de um lado. Eu não tenho direito de por vaidade comprometer os próximos 10 ou 15 anos para fazer um time campeão sob minha gestão. Você não vai me ver trazer um jogador e depois ver como a gente paga. Eu não podia falar em nome do Palmeiras porque o mercado não tem culpa da nossa eleição ser nessa data. Não tenho nada ainda, estou observando, vendo jogadores que querem voltar por causa da Copa ou quem venceu o contrato. Mas não adianta vender ilusões, iremos herdar um time montado pela atual gestão.

Riquelme - O Riquelme entra no mesmo raciocínio que vale para todos. São quatro fatores. Primeiro, o Palmeiras tem condições financeiras para trazer o Riquelme? Segundo, qual a condição física do jogador? Terceiro, qual a motivação do jogador no Palmeiras, fazer um último contrato e fazer muito dinheiro ou encerrar a carreira num dos maiores clubes do mundo? E, por último, ver se o Kleina quer contar com ele.

Clima no elenco - A ideia seria blindar a comissão técnica e os jogadores para eles poderem desenvolver um trabalho com calma e responsabilidade. Antes de ser profissional, funcionário, o jogador é um ser humano. Tem jogador que você dá uma dura e ele cresce; outro, se apequena. Tem de saber como motivá-lo. Mas jogador insatisfeito não adianta.

Valdivia - Eu não tenho dúvidas que ele motivado é um dos melhores jogadores do futebol brasileiro hoje. E ele desmotivado é um jogador comum e pode vir a ser um problema. Eu era vice-presidente quando ele estourou no Palmeiras e tenho um bom relacionamento com ele. Quero um papo franco para ver o que se passa na cabeça dele. Gostaria muito de reverter isso.

Elenco - Montar dois grupos não é o caso. São competições antagônicas, mas tanto Libertadores quanto Série B têm as mesmas características, a mesma força. O elenco é reduzido, precisa de várias peças de reposição porque quando começar a chegar as contusões o Palmeiras vai sofrer.

FONTE: GOOGLE

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