quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Responsável pela família, revelação do Bota diz: 'Futebol não é diversão'


Enquanto muitos meninos de 18 anos ainda estão pensando em uma profissão e aproveitam a juventude para se divertir, Jonathan Fernandes encara duras responsabilidades, tem horários rígidos a cumprir e paga boa parte das contas da família. O jovem atua na base do Botafogo, onde é chamado apenas de Fernandes, e desde cedo se dedica ao futebol e ao sonho de se tornar jogador profissional. O desejo veio acompanhado de uma pressão atípica para um adolescente.

- A partir dos 15 anos, comecei a ter mais responsabilidade, já comecei a ganhar um dinheirinho e pude ajudar mais meus pais. A partir dali, começou a seriedade a mais - contou.

Com a ajuda do menino, a família acabou de se mudar para um apartamento na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mais da metade da renda de Fernandes vai para as contas domésticas, principalmente agora, que o pai está afastado do trabalho devido a um problema na coluna. Apesar de assumir tantas responsabilidades com apenas 18 anos, o volante agradece por poder contribuir trabalhando com o que gosta. É assim, como uma profissão, que ele encara o futebol, mesmo ainda atuando no time juvenil.

  
 Jonathan Fernandes (Foto: Reprodução SporTV)

- Estou ajudando em casa, ajudando meus pais quando precisam. Desde cedo, considero um trabalho. Alguns falam que é diversão, porque jogo bola, mas nunca considerei diversão. É um trabalho mesmo, que estou levando muito a sério - disse o garoto, que usa o dinheiro que ganha do clube para pagar contas como aluguel, assinatura de TV a cabo, energia elétrica e água, além de ajudar nas compras no mercado.

O pai, Jader Fernandes, não vê a hora de poder voltar a trabalhar. A mãe, mesmo aposentada, ajuda a complementar a renda familiar. Ao mesmo tempo em que fica orgulhoso de ver o filho ganhando dinheiro com o futebol e dando início à carreira que sempre sonhou, o pai conta os dias para voltar às atividades, até para "aliviar" um pouco o menino.

Enquanto fica em casa, Jader contribui com afazeres domésticos e é o responsável por garantir que o filho cumpra suas obrigações, que incluem cuidados com alimentação. Uma nutricionista do clube sugere o cardápio.

- Por enquanto, estou com um probleminha da coluna, vou ajudando e fazendo o que eu posso aqui. A "patroa" também trabalha, é mais uma ajuda. Então fico em casa, fazendo as coisinhas que dá pra fazer, como a comida - explicou.

Fernandes paga parte das contas da família com dinheiro que ganha no futebol (Foto: Reprodução SporTV)

As responsabilidades não assustam Fernandes. O desejo dele é seguir carreira, fazer sucesso e poder ajudar cada vez mais. O volante garante que já se sente responsável pelos pais.

- Um pouco. Desde pequeno eles estão comigo e, agora, é só um pouco que posso dar para eles por (tudo) o que eles sempre fizeram por mim - afirmou.

Roger Flores acredita que a pressão sobre os 
meninos aumentou (Foto: Reprodução SporTV)

O ex-jogador Roger Flores também sentiu o peso da responsabilidade desde cedo e faz um alerta. Para o comentarista do SporTV, é preciso ter muito cuidado para lidar com a questão, levando em consideração que, muitas vezes, os meninos não estão preparados para suportar tanta pressão.

- Hoje em dia, acho que é até mais difícil. Fiz meu primeiro contrato profissional com 17 anos, ganhava R$ 50. Depois joguei uns joguinhos e fui para R$ 300. Hoje em dia você vê meninos do infantil, do mirim e juvenil com contratos bons. Conheço famílias que largaram os empregos para seguir o filho. Aí coloca uma pressão exagerada e dificilmente o menino vai conseguir aguentar - disse.

FONTE: GLOBO ESPORTE

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