Em algum lugar, no imenso deserto da Namíbia, existe um diamante que por muito tempo ficou escondido, até um grupo de exploradores encontrá-lo.
Esse diamante é uma onda de 2 quilômetros de tubo em uma rasa bancada de areia.
Até hoje, nada igual foi encontrado nesse nosso planeta azul. O big rider João Maurício Jabour e seu filho, o surfista profissional Kiron Jabour, foram em busca desse diamante e encontraram a perfeição em pleno deserto.
Confira abaixo o relato de João Maurício.
"Há alguns anos vínhamos pesquisando como chegar a esse lugar, até que no ano passado, estávamos na Europa em agosto, durante os eventos do WQS, que normalmente acontecem em condições de ondas pequenas, vimos um bom swell indo para essa esquerda e não hesitamos.
Organizamos tudo para a nossa primeira investida em busca do diamante mágico da Namíbia.
Não possuíamos muitas informações sobre onde ir, como chegar, para onde voar, como arrumar carro com tração nas quatro rodas.... Na real, não sabíamos de muita coisa, mas, mesmo assim, estávamos indo a uma verdadeira aventura, com certeza a maior aventura que eu já fiz em busca de uma onda.
Só sabia o nome do aeroporto. Mesmo assim, ainda existia uma dúvida se era o lugar certo.
Ao chegar à Namibia, não conseguimos o carro com tração nas quatro rodas, fundamental, pois para chegar até a onda temos de ir uns 35 minutos com a tração pela praia.
Alugamos um carro normal e fomos para a cidade, em direção ao lugar para hospedar.
Perguntamos ao pessoal local sobre a onda e ninguém jamais havia ouvido falar de onda alguma. Não víamos nenhum surfista e ninguém sabia de onda.
Comecei a achar que estava no lugar errado, mas resolvemos dormir, acordar no dia seguinte e ir em busca de mais informação e de tentar chegar o mais perto possível da praia com um carro normal.
No dia seguinte, saímos do hotel e fomos em direção à praia. Ao chegar ao final da rua, vimos um beach break com algumas ondas, mas nada nem perto do que estávamos procurando. Sem o carro com tração, não podíamos prosseguir.
Para a nossa sorte, chegaram dois caras locais em uma pick-up truck e eles estavam se preparando para entrar na praia.
Perguntamos a eles se conheciam a tal onda e a resposta foi positiva. Que alívio, pois até então pensava que estava no lugar errado.
Não só estávamos no lugar certo, como o dono do carro nos ofereceu um veículo para chegar à onda. Ficamos muito amarradões e, a partir daí, tudo clareou.
No dia seguinte, pegamos o carro e fomos finalmente dar a primeira olhada nessa mágica esquerda.
O visual é lunar. Parece que você está surfando na lua - só areia, deserto e uma onda que roda quase que infinitamente. O frio é cruel. Um vento congelado deixa os ossos e músculos do corpo em estado de choque. É normal, durante a sessão de surf, ter cãibras na perna e nos braços de tanto frio.
Antes de ter ido à Namíbia, achava o Canadá o lugar mais frio para surfar. Agora eu achei um lugar ainda mais congelante. Também por ser totalmente selvagem, há muitos tubarões, leões-marinhos, focas e, em todas as manhãs, aparecem coiotes nas areias do deserto em busca de alimento.
Neste ano de 2012, voltamos e presenciamos um swell muito perfeito.
Esses são alguns frames das ondas que rolaram por lá. Missão cumprida, agora é só evoluir na arte de entubar por 10, 20, 30 segundos, até 1 minuto. Com certeza, os tubos mais longos da vida até agora!!".
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