sábado, 21 de julho de 2012

Mudanças no horizonte da ASP


Gostaria que estivéssemos falando sobre ondas incríveis e performances inimagináveis. O caso é outro, até porque as ondas de Huntington, na Califórnia, nunca me pareceram tão atraentes. Ok, mesmo assim as performances podem atingir patamares nunca vistos antes, novamente, no Nike US Open. Porém, o mais interessante será observar a nova onda de pressão que, segundo prometem fortes rumores, abalará as estruturas, não do famoso píer, mas da própria ASP e do surf profissional.

Pela matéria de Tim Baker, na Surfing Life [revista australiana], podemos esperar um novo “motim” dos atletas, com aquelas mesmas reivindicações de 2009, quando se insurgiram com a proposta de um circuito paralelo, distante da ASP. Duas diferenças marcantes. Dessa vez Kelly não está marchando à frente do suposto movimento, muito embora seu manager Terry Hardy, esteja lá novamente. Segundo, não há notícia de um “Rebel Tour”. Há, sim, o forte desejo de ajustarem pontos cruciais do circuito para que o esporte possa crescer da forma que muitos imaginam ser possível. O grande problema é como articular essas mudanças.

A lista de reinvidicações tem como foco central os direitos de imagem que hoje pertencem aos patrocinadores de cada um dos eventos promovidos e credenciados pela ASP. Sem esses direitos nas mãos da ASP, para criar um padrão e ganhar poder de negociação é praticamente impossível conseguir um grande patrocinador para todo o Tour.

Cada etapa de WCT custa por volta de 3 milhões de dólares. Especialmente diante do cenário econômico mundial complicado fica difícil para as marcas que ajudaram a criar e sustentaram o circuito mundial por tantos anos, segurando a peteca sozinhas. Elas, por sua vez, nunca gostaram da idéia de se tornarem “coadjuvantes” na brincadeira.

Concordo com a tese de que as marcas que trouxeram o surf profissional até aqui continuem com uma forte participação no Tour, mas acredito que chegou a hora da ASP se tornar algo mais próximo ao esquema da FIA [Federação Internacional de Automobilismo] ou ATP [Association of Tennis Professionals], onde as marcas endêmicas e geneticamente ligadas ao esporte patrocinam atletas e não eventos.

ASP/Cestari
Uma onda como Jefffreys fora do cardápio deixou os Tops esfomeados por mudanças. Sabemos que é uma época difícil para as grandes marcas, por isso mesmo talvez seja o momento de darem espaço para outros investidores.

A etapa de Jeffreys, com altas ondas, reduzida a um evento 6 Estrelas [nem Prime foi], com problemas na transmissão via WEB, causada em parte pelas verbas reduzidas, deixou os ânimos ainda mais exaltados e desejosos de mudanças.

O Representante dos Surfistas da ASP, Kieren Perrow, não negou os rumores, mas disse que não poderia declarar coisa alguma por conta de sua posição na mesa da ASP. O Diretor Internacional de Mídia da ASP, Dave Prodan, disse que a ASP não comenta sobre rumores e acrescentou: “Os assuntos do esporte são constantemente discutidos e analisadas pelos membros do Conselho - isto envolve estruturas, formatos, direitos de mídia, novos mercados, diretrizes, etc. É seguro dizer que esses tópicos são discutidos em todas as reuniões do Board e serão novamente em Huntington Beach no fim do mês”.

Slater disse à Surfing Life: "Acabei me mantendo fora dos acontecimentos. Melhor do que ficar fazendo previsões e esperar algumas semanas, daí todos ficaremos sabendo do que se trata exatamente. O US Open será uma época de novidades, segundo o que ouvi ". Acredite, ele sabe, mas dessa vez, diferente de 2009, Slater deve aguardar os acontecimentos e, aí sim, usar sua influência para consolidar modificações e solidificar seu legado além dos títulos. Aguardem.

ASP/Rowland

Slater apavorou no US Open 2011, vencendo Yadin Nicol na final. Agora pode ser que venha com outras surpresas, dentro e fora do mar.

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