sábado, 27 de julho de 2013

Entrevista - Halley Batista, um guerreiro do surf


Ele é pernambucano, tem 26 anos e o seu sobrenome é conhecido por toda a galera do surf. 

Halley Batista, um surfista que acima de tudo merece o respeito de todos, não só pelo talento, mas pela perseverança, força de vontade e por enfrentar dificuldades que poucos teriam força para vencer.

Há tempos que o nordestino procura por um patrocínio, a dificuldade de arrumar dinheiro para viajar é grande, ainda mais quando se tem uma filha pequena para sustentar.

“Penso duas vezes antes de viajar para alguma competição, fico sempre na dúvida entre pagar uma conta ou algo para minha filha ou viajar para competir. Sorte que tenho a ajuda de amigos e familiares que me emprestam o dinheiro e assim segue minha vida, devo um aqui outro ali e quando ganho alguma premiação o dinheiro vai para as dividas”, Halley comenta com certa tristeza.

Fato é que talento não falta, tanto na pranchinha como no longboard Halley destrói as ondas, e apesar de toda a dificuldade ele sonha alto, disputar o WT é uma meta.

Conheça nas próximas linhas um pouco da vida desse surfista guerreiro e batalhador:

Halley Batista numa de suas especialidades, o aéreo. Foto: Divulgação
Gustavo Cegalla - Você participou a pouco tempo do campeonato brasileiro de longboard na Praia de Itapuama em Pernambuco e ficou em quinto lugar. Como foram as disputas e a qualidade das ondas?

Halley Batista - O campeonato ocorreu na região metropolitana do Cabo de Santo Agostinho. As ondas estavam bem propícias para o longboard e por falta de sorte eu não consegui o resultado que eu queria.

Mas foi um bom resultado com quinta colocação pude somar 860 pontos e continuar na briga pelo título brasileiro de longboard, já que eu comecei o ano muito bem conquistando o título da etapa de abertura em Fernando de Noronha.

Como está sua classificação no ranking brasileiro de longboard?

Agora estou em segundo lugar atrás do saquaremense Rodrigo Sphaier que venceu na Praia de Itapuama. Infelizmente vou perder a terceira etapa na Praia do Cupe, PE porque decidi correr a etapa de Macaé Eco Surf Pro (válida como etapa do brasileiro longboard). Devo perder algumas colocações com a minha ausência, porém vou tentar recuperar algumas posições nas duas etapas seguintes.

Seja na pranchinha ou no longboard Halley mostra que talento não falta. Foto:ASP


Diferente de alguns surfistas você compete em duas categorias do surf, no longboard e na pranchinha. Se for para escolher uma modalidade seria pranchinha ou long?

Pranchinha pela radicalidade que posso impor nas manobras acrobáticas, nos aéreos principalmente. Mas o longboard já está no meu sangue, o feeling total do surf, as manobras clássicas como o hang five, hang ten, atravessar a onda pendurado no bico acho alucinante também.

Como está a preparação para o brasileiro de pranchinha?

Esse ano eu perdi duas etapas do brasileiro, pois participei de dois campeonatos do circuito mundial, o três estrelas do México e o Prime na África do Sul, o Mr. Price Pro Balito. Com isso minha colocação caiu, mas pretendo recuperar.

Como foi sua participação nesses dois campeonatos do WQS?

Fui bem no México, passei quatro fases e cheguei até o round 24, foi um bom resultado. Em Ballito não tive a mesma felicidade, peguei uma bateria polêmica. Minha primeira onda foi uma das melhores da bateria, foi uma onda da série, passei a sessão, entubei por trás dela e sai seco. Quando veio a pontuação não entendi nada, esperava por um seis e me deram 2.84 pontos, abri os braços e fiquei frustrado. O Alejo Muniz e o Miguel Pupo falaram comigo e também não entenderam nada, foi quando senti na pele a garfada.

Como tem sido a parceria com o shaper Beto Santos na hora de fazer uma nova prancha?

Tenho uma parceria muito boa com o shaper Beto Santos, estamos testando modelos menores e com mais bordas, o resultado tem sido bom as pranchas estão se encaixando perfeitamente com meu surf. Infelizmente não estamos em contato o tempo todo, pelo fato de eu morar no nordeste e ele aqui no Rio, o jeito é nos comunicarmos pelo facebook.

Qual é a sua meta para o ano?

Quero subir a minha colocação do ranking do WQS para poder no final da temporada eu ter direito a participar dos eventos Primes da perna havaiana e no ano que vem correr integralmente o circuito mundial tanto os Primes como os seis estrelas.

Também busco o título brasileiro inédito na minha carreira e assim poder correr o WCT no Rio de Janeiro. Além disso, o título brasileiro de longboard é outro objetivo, eu não quero deixar passar já que eu venci a primeira etapa em Noronha e busco agora recuperar a liderança nas próximas etapas.

Em relação ao patrocínio como tem sido essa busca difícil? Porque mesmo com bons resultados, como o de Noronha, você ainda não conseguiu uma empresa parceira?

Pois é acho que a situação está difícil para todos, muitos atletas no Brasil estão sem patrocínio como Raoni Monteiro, Leo Neves, Pedro Henrique, tem o Renato Galvão de Ubatuba e vários outros, Pablo Paulino que é bicampeão Mundial Pro Junior, minha irmã que é tricampeã brasileira e o Gustavo Fernandes.

Em fim são muitos atletas com nome de peso que estão sem patrocínio. Eu acredito que muitos empresários estão usando a desculpa de crise no surf para falar que não tem verba e assim segurar a grana. Vou tentar arrumar algum patrocínio até o final do ano, a janela de contratações para 2014 vai ser a partir do mês que vem.

Caso eu não consiga vou mudar de estratégia no surf, vou ver se mudo de país, talvez morar no Japão na Austrália ou na Califórnia. Vou dar um novo seguimento para a minha família se não der certo vamos procurar outras coisas, fora das competições em outros trabalhos. Tenho uma filha pequena e preciso sustenta-la.

FONTE: Gustavo Cegalla

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