segunda-feira, 16 de junho de 2014

Uruguai evoca classificações sofridas para acreditar no "quase impossível"

uruguai x costa rica castelão (Foto: Thiago Dias)

Está gravada no DNA do futebol uruguaio a vocação para o sofrimento. Nada é fácil. Toda a conquista surge precedida de muito dor e renúncia. Muitas vezes, brota quando ninguém espera. Exemplos existem aos montes. Do Maracanazo de 1950 às Eliminatórias do ano passado. E todos servem de condutor da esperança celeste após inesperada derrota contra a Costa Rica, no sábado, na estreia no Grupo D da Copa do Mundo. Sobretudo as classificações apertadas nas primeiras fases de Mundial, elemento frequente na história charrua.

O drama vai além de perder para um rival de menor expressão que jamais havia suplantado um campeão mundial em suas outras três Copas. O Uruguai está alojado no chamado grupo da morte e terá pela frente rivais mais fortes. Primeiro, Inglaterra, em São Paulo, na quinta-feira. Depois, a Itália, no dia 24, em Natal.

- Ficou difícil, quase impossível, mas vamos lutar. Temos mais dois jogos – prometeu o capitão Lugano.

Curiosamente, a única vez em que o Uruguai passou sem maiores sustos da primeira fase foi na última Copa, com Óscar Tabárez no comando e 15 jogadores do atual elenco de 23 nomes que estão no Brasil. Avançou com incríveis sete pontos em nove disputados. E mais: com direito a duas vitórias seguidas, algo inédito e que precisará ser repetido.

Na verdade, é possível passar de fase com quatro pontos. E chegar às oitavas conquistando o mínimo possível parece ser especialidade uruguaia. O levantamento do GloboEsporte.com considera as Copas em que a primeira fase teve quatro times e três jogos para cada - em 1954, por exemplo, havia quatro times, mas apenas dois jogos porque os dois cabeças de chave não se enfrentavam. Dessas, a Celeste participou de oito. Avançou em cinco oportunidades. À exceção da já citada boa largada de 2010, sempre passou com apenas uma vitória.


Em 1986, chegou ao ponto de se classificar com dois pontos, perdendo o outro confronto. Isso porque, na ocasião, ainda iam à frente os quatro melhores terceiro colocados. Mesma fórmula de 1990, quando o Uruguai era comandado por Tabárez. E o resultado: filme semelhante. Vaga suada com quatro pontos, em terceiro da chave.

- Está muito difícil agora. Mas esperamos que podemos dar a volta por cima. Tomara que seja dessa maneira, com sacrifício. Isso nos motiva - projeta Cavani.

As próprias classificações à Copa têm sido quase uma novela mexicana. Para avançar rumo à África do Sul, precisou segurar um empate dramático em 1 a 1 com a Costa Rica em Montevidéu, pela repescagem. A algoz de sábado poderia ter marcado o gol que calaria o Centenário, mas o centroavante Saborio desperdiçou.

Na repescagem de 2013, não houve sofrimento diante da Jordânia. Mas o fantasma se fez presente durante a reta final das Eliminatórias. O time conquistou apenas dois pontos em 18 disputados e precisava vencer seis dos sete jogos final. O pavor de ser alijado do Mundial no Brasil, justamente na terra em que conquistara seu último título há 64 anos, caiu como bomba no elenco. O milagre aconteceu. Agora, ele pode virar tragédia, a não ser que o Uruguai honre a escrita e transforme sofrimento em redenção.

FONTE: GLOBO ESPORTE

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