Após sair do Corinthians, Tite se preparou para assumir seleção com livros e estudos
Ele é considerado simplesmente o técnico mais vencedor da história de um dos times mais populares do país. Venceu tudo em seus últimos cinco anos de trabalho: Campeonato Gaúcho, Paulista, Brasileiro, Copa Sul-Americana, Libertadores, Recopa e Mundial de Clubes, sendo os quatro últimos de forma invicta. Para público, mídia e todo o meio do futebol, Adenor Bachi era o favorito absoluto para assumir a Seleção Brasileira após a Copa do Mundo de 2014. E estava preparado. Estudou, evoluiu, viajou, se reciclou... Mas a CBF não quis saber. Escolheu Dunga... E Tite ainda não entendeu.
Tite reverencia a torcida do Corinthians: ele é considerado técnico mais vencedor da história do clube
"Me preparei. Eu me preparei. E na medida que tu acompanha os canais de comunicação, na medida que tu sai na rua e reconhecem seu trabalho nos últimos cinco anos, com Libertadores invicta, Mundial emblemático, Brasileiro, Recopa... Não é questão de ser o melhor, mas o momento do meu trabalho era muito forte", disse o treinador, em entrevista exclusiva concedida ao ESPN.com.br.
"Não se trata de definir quem é melhor que quem. Mas sim o momento profissional melhor que cada um está. E por estar em um grande momento profissional é que eu não entendi", continuou.
Tite recebeu a reportagem do ESPN.com.br em sua casa no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, para uma conversa de mais de duas horas. Falou sobre tudo: do semestre inteiro de estudos e preparação para assumir a seleção brasileira ao telefone que jamais tocou com o tão sonhado convite. A escolha de Dunga, as propostas que recusou à espera do time canarinho e o exato momento em que percebeu: não ia ser ele o cara da CBF.
"Foi no momento que disseram que iam apresentar o técnico da seleção brasileira e não tinham falado comigo. Aí falei 'f..., ferrou' (risos). Já tinha me surpreendido por ser o Gilmar Rinaldi. Eu não consegui pegar qual era a ideia, qual o conceito da busca pelos profissionais. O que se colocou no papel, quais eram os requisitos... O tempo de trabalho, o que fez, o que não fez...", explicou.
Sem trabalhar desde que deixou o Corinthians, em dezembro, o único técnico a bater um campeão europeu na decisão do Mundial nos últimos oito anos não parou de se reciclar. Leu livros de Guardiola, Simeone, Cruyff, visitou o Arsenal, almoçou com Carlos Bianchi, vai se encontrar com Ancelotti e foi até sondado para assumir a seleção de Portugal, que na semana passada demitiu Paulo Bento.
"Teve sondagens, mas não teve uma busca direta", avisou Tite, que se mostrou inclinado a aceitar um eventual convite. "Quando é um projeto de seleção ele é sempre grandioso. Inicialmente sim".
À vontade para falar sobre o tema, Tite também rechaçou a ideia de que pode ter sido excluído pela CBF por causa da proximidade com o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez, inimigo político de Marco Polo Del Nero, futuro presidente da entidade. "Não sei o que se passa na cabeça do Marco Polo, do Marin, não sei. O que tenho é que sempre serei leal às pessoas que são leais comigo e ao meu trabalho. Independente das pessoas com quem vou trabalhar, ou da cor do clube que vou trabalhar. E se as pessoas não compreendem isso, aí o problema não é meu", definiu.
"Vou te dizer o que eu penso. A gente atinge a excelência em torno de 10 mil horas de atividade profissional. E 10 mil horas de vida profissional dá uns 10 anos de atividade. Precisa ter no mínimo uns 10 anos para atingir o seu 'know how'. Estamos falando de excelência e dessa busca de crescimento. E tu busca essa evolução, esse crescimento, eu acredito muito nisso pela vivência que eu tive e porque cientificamente é comprovado. Essa busca deveria ser um dos critérios, mas compete ao nível de conhecimento de cada um", concluiu, sobre a controversa decisão da CBF de escolher Dunga para o cargo que o Brasil inteiro imaginava ser do próprio Tite.
Confira abaixo, na íntegra, a entrevista completa de Tite ao ESPN.com.br:
ESPN - Você saiu do Corinthians em dezembro e, desde então, dizia que estava em um período de reciclagem. Pode fazer um resumo de como foram esses nove meses?
Tite - Tem uma série de abordagens que podemos colocar, no pessoal, no profissional... Mas não dá para se desvincular do futebol. De alguma forma isso fica sempre associado. Mas tive um retorno do lado pessoal do meu filho depois de quatro anos nos Estados Unidos. Ele veio reconduzir a sua vida no sul. A minha filha também voltou depois de um ano. Então não é uma pílula que dá para eles seguirem a vida, mas fica mais presente na vida deles. Você acaba sendo mais pai, mais marido, fica mais próximo para que eles sigam o caminho deles. Antes de conversar contigo conversei com a minha filha que está fazendo vestibular e vai morar no Rio Grande do Sul. Com 19 anos a gente fica meio assustado, mas está presente. Meu filho também reconduzindo o lado profissional dele. Então tenho manifestado esse lado pessoal. Também tive uma satisfação por ter dado palestras a locais importantes. Por exemplo, eu fui na escola onde fiz o primeiro grau. É um colégio estadual, passa por uma série de dificuldades financeiras, de estrutura, então procuro mostrar a eles que um cara que estudou um dia ali, que trabalhou, que desenvolveu e um dia chegou e teve sucesso. Aí você vê a garotada com fascínio, e isso gratifica. Até outras palestras a empresas, com mil pessoas. E esse espaço todo vai sendo preenchido de alguma forma.
ESPN - Foi bom para sair da loucura da vida no futebol?
Tite - Dois detalhes fundamentais: qual motivo dessa situação? Claro que está ligado a motivos profissionais. Mas primeiro para uma busca de conhecimentos maiores. Fui conversar com o Carlos Bianchi (ex-técnico do Boca Juniors) na final da Libertadores e pude ler uma série de livros. A literatura espanhola te traz um conhecimento diferente. Tenho lido o perfil de liderança do Simeone, uma biografia do Guardiola. Todo o histórico do Bianchi que ele fez no Boca. Tem essa condição de estar estudando essa evolução, esse crescimento profissional, de evolução tática. Eu tenho anotações de todos os 64 jogos da Copa do Mundo. Posicionamento tático, estratégia, marcação em pressão alta, enfim, essa reciclagem, essa busca de conhecimento. O técnico no Brasil é professor de educação física ou ex-atleta. O resto é autodidata, vai buscar conhecimento, buscar informações. Esse lado profissional, mais o lado pessoal, foi o meu objetivo. Claro que estava aliado a uma perspectiva de seleção. Mas não teve. Ou brasileira, ou japonesa, ou paraguaia, que aconteceram. Acabaram não vingando, agora redireciona para outros trabalhos. Então, fundamentalmente, o lado pessoal e essa evolução minha profissional. Foi importante. Até porque tenho o seguinte: tu fica fora da atividade, eu digo, quando fico pê da vida eu mergulho em livros, que é a forma que tenho de ficar em paz, tranquilo.
ESPN - Quais estudos ou passagens importantes profissionalmente você pode destacar ter feito nesse meio tempo?
Tite - Eu estive no Arsenal. E uma coisa interessante: eles iam ter um jogo à noite contra o Bayern. Aí tinha a infraestrutura, o posicionamento, o direcionamento do trabalho, mas principalmente o aspecto informática e a comissão técnica e seus auxiliares. O que buscamos de informação? Aquilo que tem sido colocado por vocês da imprensa da intensidade dos trabalhos no dia a dia, mais do que decorrido o trajeto do atleta, que corre 5 quilômetros ou 12 quilômetros por jogo. Isso é um tema secundário. O principal é a intensidade. Estamos falando de excelência. Um pequeno detalhe que faz diferença na preparação de um atleta. Então esse acompanhamento que eles fazem desde os trabalhos técnicos aos físicos. Esse dia a dia que tu monitora e tem essa condição. Essa busca, in loco, como é a pressão do Bayern? A transição defensiva? O City, campeão inglês com o Fernandinho e Yayá Touré, como era a transição? Isso, associado a literatura e observações foi o principal. Se as pessoas entendem o quebra-cabeça você encaixa peças. Ai o cenário vai se mostrando. Periodização tática, um livro que estou buscando, o que é? Busco essa montagem. O que é periodização tática, Tite? É a montagem dos trabalhos. Estou fazendo por meio de vídeos esse tipo de trabalho, com esse objetivo, didaticamente. Você passa o complemento de um vídeo de uma situação de jogo que acontece. Como é a transição ofensiva, quem vai? Esse treinamento te dá essa condição.
ESPN - Além do Bianchi, se encontrou com mais alguém?
Tite - Fundamentalmente só teve o Arsenal. Devo ir agora assistir Athletic Bilbao x Real Madrid, dia 5, e eles jogam de novo dia 11. Marquei uma conversa com o Ancelotti, um almoço, para conversarmos sobre futebol. Fundamentalmente pretendo adquirir como ele montou a equipe para vencer o Bayern do Guardiola com duas vitórias na Champions. Depois também contra o Atlético do Simeone, uma equipe difícil de ser batida, com uma equipe qualificada, mas sem a engrenagem. Com o Ancelotti foi aberta essa possibilidade. Com o Bianchi tinha, com o Zagallo tinha, tinha um canal de identificação com o Gilmar Veloz. Treinou o Pato em grande momento e aí teve essa possibilidade. Mas quero conversar antes com ele para não parecer marketing pessoal.
ESPN - E tem alguma data que você estipulou para voltar a trabalhar?
Tite - Depois desse encontro do dia 8, o Brasileiro já vai estar em uma fase de definição. Teremos os postulantes ao título e à Libertadores. Então vai estar mais claro o campeonato. O que isso gera? O presidente que for assumir o clube pensa que ano que vem vai projetar a equipe. 'Quem é o técnico que busca? Bom, vou buscar o Tite'. Estabelecer esse projeto que comece a ter no ano que vem, aí se tem um caminho. Pode ser esse ano, na medida em que já aproveita o exemplo do Corinthians. Faltavam oito ou dez jogos em 2010 e assumi projetando o ano seguinte. Conversando já estou.
ESPN - Pegaria um time grande que esteja brigando pelo rebaixamento, como o Palmeiras, por exemplo?
Tite - Nesse momento não. Já peguei Palmeiras, São Caetano, Atlético-MG, Corinthians, Internacional e o Grêmio também passou por isso. É um momento que eu vejo uma responsabilidade muito grande. Quero uma etapa adiante, de projetar a equipe para o ano que vem, não ficar sendo o salvador. É uma responsabilidade muito grande. Essa etapa profissional eu já passei. Busco agora um projeto a longo prazo, mas mais tranquilo, sei o que é ficar sem dormir com essa responsabuiliade.
ESPN - Você disse que assistiu aos 64 jogos da Copa. Quais você viu in loco?
Tite - Os 64 eu seria mentiroso em falar, pois alguns foram concomitantes. Mas eu elencava o que preferia e depois via algumas partes de videotape. Alguns fui ver no estádio, três quando estava no Sul, programei para ver a Argentina aqui contra a Holanda, mas depois achei que não seria legal. Estava com ingresso, mas foi um dia depois do Brasil ter perdido, e não seria legal.
ESPN - De onde você viu o 7 a 1?
Tite - Assisti daqui de casa.
ESPN - Qual foi a sua exata reação na hora quando viu a Alemanha fazer 5 a 0 em 28 minutos?
Tite - Ah, cara... Dá um misto de coisas... Uma aflição... Não posso dizer qual foi a minha reação exata. Eu só... Não ia ser legal. Reação de alguém de torcer, tentando interagir de alguma forma para contribuir, tentar fazer a coisa se estabilizar. O que ficou marcante naquele momento é que a minha esposa estava sentada ao meu lado e levantou após o quarto gol e começou a chorar. E eu entendi o sentimento dela. Ela ali não era a esposa de um técnico, qualquer que fosse, mas pelo drama que o Felipe ou qualquer outro profissional ali estava passando. Isso ficou marcante. Eu queria contribuir de alguma forma.
ESPN - Naquele momento, qual foi seu pensamento tanto como treinador quanto como torcedor?
Tite - Não quero responder, pois seria uma resposta que ia ferir o Felipe, independente de toda a isenção. Teria um cunho pessoal e profissional. Não adiante eu te enrolar com meias palavras. Não quero falar, pois vai ferir outro profissional, mas uma coisa que tenho em mente é quando uma derrota é emblemática tem todo um contexto que se perde. Mais a responsabilidade que se coloca em um técnico. Tem uma faceta desumana. Determinar que o técnico é responsável por perder um jogo ou um campeonato, ou determinar que é um deus pois ganhou é mentira. É o conjunto da obra. Eu assisti, por exemplo, o treino tático sendo transmitido e o Felipe olhava para a cerca lateral e pedindo para as pessoas ficarem quietas, pois ele queria passar instruções no treinamento. Ele estava preparando uma equipe e não tinha privacidade. Estou falando uma coisa básica, é o conjunto da obra que se perde, é o sistema todo.
ESPN - Faltou essa privacidade na seleção?
Tite - Não vou comentar sobre a seleção especificamente, mas te digo sobre o Mundial de Clubes que disputamos em 2012, que traz a mesma proporção. Estabelecemos um planejamento e tinha lá os treinamentos abertos, com contato com o público. E os que eu fazia assim não exigiam concentração maior, priorizava o trabalho físico, não ia ficar constrangido com grito ou correção com toda a mídia e torcida perto. Ou trabalho tático que tem concentração maior. Quando eu precisava instruir, existia um momento de maior privacidade. Um trabalho tático de concentração maior colocávamos com mais privacidade, de falar um 'p... que pariu', um palavrão. Organizar dessa forma é fundamental. Na vida a gente não pode dizer que tal caminho vai te levar à vitória, mas sabemos os caminhos que a gente tem certeza que se fizer aquilo está errado e não vai levar a vencer. O caminho da desconcentração, da falta de atenção, ele não te dá a mesma exigência, digo isso falando do nosso trabalho no Japão. Tem dia de intensidade, outro de brincar mais, ficar mais relaxado. Não dá para sentar o ferro todo dia e nem ser descontraído todo dia. Tem que encontrar o meio termo. Sem isso, a chance de vencer é menor.
ESPN - Se o Neymar estivesse em campo no 7 a 1, seria diferente? Ou a falta do Thiago Silva foi mais sentida?
Tite - Todos fazem falta em um processo ofensivo de criação de um segundo atacante, que é o Neymar. O William outro dia deu uma resposta dizendo que não ia substituir o Neymar, pois ele não é atacante, é meia. E em termos circunstanciais tem muita diferença. Perdendo o Neymar perde o potencial. Aquele um contra um, o drible, a finta. E perder outro jogador que tem a coragem de mostrar seus sentimentos isso é um ato de coragem e de patriotismo, orgulho daquilo que faz. No outro jogo entrou e foi muito bem. Fez falta em termos defensivos. Coloca o Dante e não é a mesma coisa. Mas em um aspecto todo, não foi a falta de um, o conjunto da obra acabou determinando.
ESPN - E a entrada do Bernard, o que achou?
Tite - Qualquer coisa que se falar agora seria bem oportunista. Quero que você faça essa abordagem em termos jornalísticos e te trago como ideia de futebol quatro jogadores de meio campo, sendo dois de infiltração e dois de marcação mais forte, sem abrir mão de quatro construtores. Se fosse o ideal, traduzindo em nomes, Falcão, Sócrates, Zico e Cerezo é o suprassumo de meio-campistas. Organizar dessa forma. Ah, o 4-2-3-1, tinha o Ralf de marcação mais forte, o Paulinho que se infiltra de maneira extraordinária, Danilo, Alex ou Douglas de articulação no meio, sempre com quatro para armar, construir e dois para atacar. Ideias são quatro meio-campistas, dois construtores e um terceiro na construção, mais um na marcação para dois atacantes, vejo isso como ideia do futebol, independente do sistema.
ESPN - Foi muito criticado na época o fato de o Felipão chamar seis jornalistas para conversar. O que você achou?
Tite - Eu tenho um cuidado no relacionamento com as pessoas para não colocá-las em saia justa. Tenho muito cuidado. Eu não sei se foi uma baita saia justa. Não sei o quanto foi de saia justa para o Juca, o PVC, ou todos os outros. Talvez eles possam responder mais, eles têm a resposta. Sei lá se eles ficaram em saia justa.
ESPN - Para muita gente, você era a opção mais óbvia para assumir a seleção e grande parte do Brasil achava que você já estava, inclusive, certo com a CBF para assumir após a Copa. Mas alguém te procurou?
Tite - Não.
ESPN - Em nenhum momento?
Tite - Não.
ESPN - Mas você esperava?
Tite - Criei expectativas pelo trabalho realizado, associando a essa preparação que fiz, essa busca de acompanhamento de jogos, da Libertadores, principalmente jogos ao vivo. Acompanhei o City, Arsenal, Bayern e Barcelona, quando está trabalhando não vê tanto assim. Estava esperando, criou-se a expectativa.
ESPN - Dá para dizer então que você se preparou para treinar a seleção brasileira?
Tite - Me preparei. Eu me preparei. Paralelamente a ela, sabia do interesse da seleção japonesa e segurei, não abri negociação pois entendia que era uma possibilidade. E na medida que acompanha os canais de comunicação, na medida que tu sai na rua e reconhecem seu trabalho nos últimos cinco anos, os três e meio de Corinthians com cinco títulos, mais um ano e meio de Internacional com Sul-Americana invicta, Libertadores invicta, Mundial emblemático, Brasileiro, Recopa... Não é questão de ser o melhor, mas o momento do meu trabalho era muito forte, assim como era o do Muricy, do Abel, do Marcelo. Eu criei essa expectativa, mas sem ser ingênuo, sabendo que existiam uma série de possibilidades e conduções para isso. Sabia que estava investindo em mim, no meu crescimento profissional, e que isso fundamentalmente era o que eu queria. Profissionalmente e pessoalmente. Não aconteceu, abre-se outra perspectiva.
ESPN - Qual o momento que você pensou que não iam te chamar?
Tite - Foi no momento que disseram que iam apresentar o técnico da seleção brasileira e não tinham falado comigo. Aí falei 'f..., ferrou' (risos). Já tinha me surpreendido por ser o Gilmar Rinaldi. Eu não consegui pegar qual era a ideia, qual o conceito da busca pelos profissionais. O que se colocou no papel, quais eram os requisitos... O tempo de trabalho, o que fez, o que não fez...
ESPN - Ficou surpreso com o Dunga?
Tite - Sim.
ESPN - Por que acha que foi feita a escolha?
Tite - Não sei. Não sei o critério que foi feito.
ESPN - Acha que foi boa?
Tite - Vamos deixar trabalhar. Independente de não entender o conceito, a regra, o porque, penso que tem que deixar dar tempo para trabalhar. Vamos avaliar. Deixa fazer a preparatória, os amistosos, deixa as Eliminatórias, a Copa América, e a partir daí temos uma condição de avaliar melhor. O tempo vai mostrar.
ESPN - Muita gente criticou, disse que a CBF se prende muito ao passado. O que você acha?
Tite - Vou te dizer o que eu penso e o que a minha experiência trouxe. A gente atinge a excelência cientificamente comprovado em torno de 10 mil horas de atividade profissional. E 10 mil horas de vida profissional dá uns 10 anos de atividade. Precisa ter no mínimo uns 10 anos para atingir o seu 'know how'. Estamos falando de excelência e dessa busca de crescimento. E tu busca essa evolução, esse crescimento, eu acredito muito nisso pela vivência que eu tive e porque cientificamente é comprovado. Essa busca deveria ser um dos critérios, mas compete ao nível de conhecimento de cada um.
ESPN - Você acha que o fato de não ter sido chamado tem algo a ver com sua relação de amizade com o Andrés Sanchez?
Tite - Não sei, não sei o que se passa na cabeça do Marco Polo, do Marin, não sei. O que tenho é que sempre serei leal às pessoas que são leais comigo e ao meu trabalho. Independente das pessoas com quem vou trabalhar, ou da cor do clube que vou trabalhar. E se as pessoas não compreendem isso, aí o problema não é meu.
ESPN - Outros dizem que não foi chamado por não estar na "panela" da CBF. Por exemplo, o Dunga é amigo do Gilmar Rinaldi que é amigo do Marco Polo e por aí vai...
Tite - Eu não sei te dizer, pois não sei qual foi o critério. Eu não sei o critério... Imagino o Abel, o Muricy, enfim, os outros profissionais, ou os gerentes que procuram aprimorar o trabalho. A gente tem desde uma geração mais antiga, Paulo Angioni, Edu, Alexandre Matos, Eduardo Maluf, Rui Costa, Rodrigo Caetano... Ou 'o que eu preciso fazer para que eu possa...' É a regra do jogo. Tem grandes profissionais na área. O critério não ficou claro e eu não sei até hoje qual foi.
ESPN - O Muricy mesmo disse outro dia que era a sua hora. Além dele, muitos outros técnicos diziam o mesmo. Ou seja, você tinha reconhecimento de todos no meio...
Tite - Confirma aquele mesmo conceito que também tenho. Não se trata de definir quem é melhor que quem. Mas sim o momento profissional melhor que um está. E por estar em um grande momento profissional é que eu não entendi. Por isso, assim como volto a dizer, talvez até agora em mais evidência. O Muricy tinha a Libertadores em 2011, o Abel com o Fluminense quando campeão, foi campeão do mundo, o Muricy tricampeão brasileiro, gera um peso, sabe? Esses três com maior currículo. O Marcelo emergente, o Cuca ganhou a Libertadores. Talvez por isso, por entender os momentos que cada profissional vive.
ESPN - E a escolha do Gilmar?
Tite - Estamos falando de nível de excelência, dez mil horas... Então a resposta já está por aí.
ESPN - Japão e Paraguai te procuraram. Nesse intervalo, quantas propostas ou sondagens de trabalho você recebeu? Pode falar quais times?
Tite - Coloco Japão e Paraguai para citar essa expectativa de seleção que não houve. Os outros não vou colocar para não melindrar os profissionais que estão lá.
ESPN - Palmeiras?
Tite - Eu me coloquei que até oito do mês que vem eu estaria fechado a qualquer possibilidade profissional. Deixa as situações definidas, não deixei que as coisas chegassem muito perto. Esperei seleções, não teve, aí perdi tempo para iniciar um trabalho no Campeonato Brasileiro. Aí prefiro esperar e pegar algo em uma condição que direcione para o ano que vem.
ESPN - Santos, Grêmio, Atlético-MG...?
Tite - (risos) Não é legal por dois motivos. Pelo profissional que está lá, pelo clube, pode ser que as ideias não batessem. E outra porque eu não gosto de ficar com autovalorização... 'Procurou, não procurou'? Mas houve propostas, e bastante.
ESPN - Mesmo sendo um técnico top no Brasil, você toparia um convite para dirigir um time de segundo escalão no futebol europeu?
Tite - Não. Eu teria que fazer um domínio grande da língua, não tenho essa ambição.
ESPN - Te colocam como um dos nomes para assumir Portugal. Te procuraram?
Tite - Teve sondagens, mas não teve uma busca direta.
ESPN - Aceitaria?
Tite - Quando é um projeto de seleção ele é sempre grandioso. Inicialmente sim.
ESPN - Que análise você faz de eventualmente ter esse trabalho pela frente?
Tite - Não teria dificuldade com a língua. Teria um domínio maior. Mesmo italiano que compreendo, espanhol que é de fácil compreensão, mas aquela interatividade em tempo real se perde de alguma forma. Por isso não alimento essas... Portugal sim, mas alguma coisa... Times ingleses eu não vou atingir excelência, não vou enganar ninguém. Meu projeto é continuar aqui nessa escalada na busca de melhorias.
ESPN - Se tivesse proposta de seleção e de clube em mãos, seleção seria a prioridade?
Tite - Acredito que sim. Mas isso teria que sentar. Se chega e fala 'vou assumir como presidente no clube ano que vem e entendo que você é o cara, já temos uma equipe com uma base e ela vai permanecer, depois podemos contratar atletas pontualmente, queremos permanecer contigo, terá estabilidade e se resultados demorarem aparecer, pensamos futebol igual'. Dependeria muito então desse tipo de conversa, desse tipo de alinhamento. A direção tem que estar alinhada. As pessoas não podem entender direção como uma parte à margem e que a outra engrenagem funciona. Ela será o mentor, por isso comissão técnica trabalha ajustada a ela. O staff trabalhará ajustado, é uma engrenagem que funciona assim.
ESPN - Tem faltado esse "ajuste" aos times? Vemos o exemplo do Gareca, do Oswaldo... Falta a mentalidade que se teve com você no Corinthians?
Tite - Sim. Eu brinco, tem que fazer uns 10 churrascos com o técnico antes, faça 25 almoços, tudo o que quiser para dizer que agora seremos parte de uma equipe e vamos encontrar soluções para a hierarquia. Aquele dirigente que consegue ter esse comando do futebol, de presidência, e conseguir colocar um executivo que faça link de qualidade é o primeiro passo ao sucesso. Tenho uma historinha que um diretor meu no Veranópolis conta e é extraordinária, cara. Posso contar aqui rapidinho?
ESPN - Claro.
Tite - Na venda existiam três papagaios à venda. Um acima, um no meio e um abaixo. O de baixo ele vendia por 500 reais, por cantava o hino nacional e reproduzia qualquer música que ouvisse. O do meio tu fala a hora que tu quer e ele te desperta, 1000 reais. E o de cima? Não canta, não assobia. Mas por quanto vende? Não vendo... Pois os outros abaixo só cantam por causa do de cima, que permanece ali. Essa é uma fábula que demonstra de uma forma muito simples que a importância do comando é fundamental para irradiar toda essa engrenagem de trabalho.
ESPN - Passarella, Fossatti, Gareca: por que os técnicos gringos em geral não vingam no Brasil?
Tite - É difícil encontrar uma resposta. Se um técnico estrangeiro chegasse e me pedisse um conselho, eu emitiria uma opinião: vá e comece o trabalho no campeonato regional. Não comece no Brasileiro, pois é o cão de difícil. Extraordinariamente difícil. O nível de exigência e competitividade é alto. Vem aqui achando que vai ganhar uns jogos e não vai. O Campeonato Brasileiro joga quarta, quinta, domingo. O time fica fisicamente caindo e se perde os jogos. O Corinthians jogou quinta e domingo, tempo de recuperação muito baixo. Se o profissional aqui não conhece, tem que conhecer o formato. Esse conselho eu daria a esses profissionais.
ESPN - Tem gente que acredita ter acontecido 'boicote' ao Gareca. Isso realmente existe no futebol brasileiro?
Tite - Existe técnico que boicota atleta, diretor que boicota técnico, atleta que boicota técnico, técnico que boicota diretor... Isso não é questão do futebol e sim do meio social. Existe jornalista que boicota jornalista, assessor de imprensa que boicota, médico que boicota... O futebol é um reflexo do meio social. Existem pessoas éticas e não éticas, condutas boas e ruins em todas as áreas.
ESPN - Há muita gente no Corinthians que pede seu retorno e acha que você será procurado após a eleição, dependendo de quem entrar. O que acha?
Tite - O que eu vejo? Ser ético quando se está ganhando é fácil. E eu prefiro ser ético em um momento difícil. Procuro me manter ético mesmo fora do mercado. Sei que sou um nome forte agora e daqui a pouco boto pressão em algum clube, e tento me manter ético. Eu já cometi erros. Quando fui ao Atlético-MG, por desconhecer e já ter negociado com eles antes, eu negociei com a direção e o Procópio ainda era o técnico. Aquilo ali me fez muito mal. Depois eu liguei para ele. Não por ideia, por desinformação, acertei com eles. Aí fiquei sabendo que ele foi demitido depois, que acertaram comigo antes, e aquilo me fez muito mal. E quero me sentir bem comigo mesmo. Passaram alguns anos e liguei para ele, eu disse 'me desculpa, Procópio, quero te falar isso pessoalmente, mas negociei com você estando lá e eu não faço isso'. E nem meu empresário fala em meu nome, e não faria. Agora, falando em outro aspecto. Vai ter eleição no Grêmio, no Corinthians, no Palmeiras. 'Eu vou conversar contigo, Tite, pois quero ver se tu tem o meu perfil. Tu quer conversar comigo? Pois não tenho intenção de permanecer com o técnico que lá está e o contrato dele termina no final do ano'. Pensando assim em um projeto futuro eu não vejo problema nenhum. Eu só pediria que se viessem falar comigo não iludissem o profissional que lá está. Que fossem transparentes, e a informação que queria saber era se esse profissional teria um contrato de mais tempo. Se não tivesse, aí sim eu conversaria. Então tem essa possibilidade de qualquer clube. Faz 10 pizzas, 10 churrascos, para conversar e compreender. E essa sintonia inicial vai definir como vai ser o trabalho.
ESPN - Isso que você mencionou acontece muito entre clubes e treinadores, de algum acertar com outro ainda estando lá. Falta ética nesse meio?
Tite - Um dos clubes que me procurou eu não atendi o gerente executivo. Passado o tempo e contratado outro profissional eu liguei para ele. E ele me disse: Tite, te liguei, pois foi solicitado. Mas te digo que em termos de lealdade o técnico que estava aqui sabia que eu ligaria para você, então fui leal com ele. Esse tipo de transparência custa pouco. Fica vermelho uma vez, mas não fica amarelo dez. Eu fico tranquilo em dar entrevistar porque eu não minto. Posso te pedir para não falar de algum assunto, ou de uma abordagem, como não querer falar de seleção brasileira, mas citar o que eu acho ideal em um trabalho. Dá para ser tranquilo. Não tenho o rabo preso, não tenho amarra. Você citou o Andrés. Ele tem amigos que não são meus amigos, e eu tenho amigos que não são amigos dele. Então lealdade ela te traz uma série de componentes. Estou falando em termos de ética. É de cada um. Existe os que são e os que não são.
ESPN - Existe mais falta de ética ou transparência nesse meio?
Tite - (pensa) Eu digo assim, não brinco de faz de conta. Não cumprimento o cara se não gosto dele, mas não sou falso. Existem uns que se dão mais, outros que se dão menos. É por aí.
ESPN - Mudando de assunto um pouco, o que você achou da troca do Jadson com o Pato?
Tite - Não sei quais os objetivos e as necessidades de um ou de outro. O que o Corinthians buscou, o que o São Paulo buscou. Eu digo assim, não gosto de conceituar em cima de etapas. Se fosse três meses atrás iam falar o inverso do que falam hoje. Se pegar o Abel agora, por exemplo, vamos criticá-lo. Ele teve cinco vitórias no pós-Copa, portanto é complicado. Entendo que informações e canais, vocês de TV, rádio, jornal, se alimentam de uma forma geral do atual, do agora. Você precisa da notícia fresquinha. Mas o dirigente tem que olhar o trabalho, não a fase. E entendo que é assim. Cuido para não fazer avaliação parcial de uma fase, uma etapa. Vamos olhar o trabalho todo, espera chegar no final do ano e vamos ver o que será.
ESPN - O que houve com o Pato no Corinthians, afinal?
Tite - O primeiro o que eu vejo mais importante é adaptação dele da Europa. Aqui o grau de exigência é maior. Cobrem todos os seus passos, o futebol assim é aqui. Um garoto que saiu daqui com 17 anos, voltou tratado como uma grande joia e volta vê a realidade, um time onde a exigência e competitividade são muito altos. Você tem que vibrar, que competir nesse clube. Outra coisa que precisava era treinar parecido com o jogo, com competitividade e concentração parecidas, isso eu coloquei a ele particularmente. Talvez a maturidade com a confiança que o Muricy deu é parecido com um jogo que fizemos com o Tijuana, ele e Guerrero enfiados, Renato Augusto aberto, fizemos 3 a 0 e demos um chocolate. Ele está jogando assim no São Paulo, Kaká e Ganso dos lados, ele e Kardec no meio. Vi uma entrevista do Muricy dizendo que encontrou o time, está fazendo um ano e ele encontrou a equipe. Veja como o futebol não tem varinha mágica. Como eu precisei de um ano no Corinthians para ser campeão brasileiro.
ESPN - O Corinthians tem aquilo de a torcida gostar de carrinho, de ver o cara dando raça, se jogando... Você acha que o Pato tem mais o perfil do São Paulo do que do Corinthians?
Tite - Mas se ele incorporasse, tivesse um tempinho maior na sequência... Pois a grande virtude dele é técnica, ele cheira a gol, tem a finalização extraordinária. Entendo que se tivesse um tempo maior ele ia produzir tanto quanto está no São Paulo. Entendo que seria mais esse tempo de reavaliar a realidade dele.
ESPN - A falta de ambição, depois de ter vencido nos anos anteriores, foi o problema do Corinthians no segundo semestre de 2013?
Tite - Acho que a saída do Paulinho foi o maior deles, tivemos o Guerrero em somente 17 de 38 jogos, Renato Augusto também perdeu grande parte, se machucou muito. Perdi o principal articulador, um cara de seleção, estávamos acostumados a jogar com pivô e não tínhamos substituto assim, foi erro meu de não pedir. E o Paulinho era um meia de articulação, a média era de 1,7 ou 1,8 por jogo e abaixou para 0,75 sem esses jogadores. Comparo com o Cruzeiro, que manteve Everton e todos jogadores, pois investe em vencer Brasileiro de novo, Libertadores e Mundial. O Corinthians foi visionário, teve propostas pelo Paulinho e manteve, aí as conquistas foram importantes. Engrenou o Corinthians agora de novo depois que trouxe o Elias, jogando na função dele, características parecidas. Esses três fatores. Talvez teve isso de que ganhou tudo, talvez, mas como se arruma isso? Renova 30% do plantel, oxigena, troca, bota pressão em quem está. Não está bem aí sai e entra outro. Gil e Chicão, Edenilson e Alessandro são exemplos, botam pressão, tira da zona de conforto sem tirar da zona de confiança.
ESPN - O Mano pegou um time campeão de tudo com você. Como reformular a mente de um elenco que já era campeão?
Tite - Reformular a mentalidade não, pois já era de um elenco campeão, não é? Mas para dar sequência a ela? Não sei como é que foi, como eles sentaram e conversaram, qual o objetivo deles, 'vamos partir para que lado agora?'... Saiu a comissão técnica e diretoria, ficou o presidente, eles então podem responder para onde vão agora e de que forma fariam isso.
ESPN - Se um dia você voltasse ao Corinthians, faria um time mais voltado ao ataque? Ainda mais depois desse período de estudos que você teve?
Tite - A essência é trabalhar com a tua realidade. No Corinthians era uma realidade dos atletas que estavam lá e tentaria potencializar as caracteristicas dos atletas que estariam ali. Em termos ideias gostaria de ter mais opções ofensivas, de criação e velocidades maiores. Exemplo? Inter 2009, fez 100 gols nos três primeiros meses, tinha Taison, Nilmar, D'Alessandro, Alex. O Grêmio tinha uma mobilidade no 3-5-2 extraordinária. Tinha uma consistência maior que a seleção chilena, por exemplo. Se pudesse montar o plantel gostaria de ter jogadores com mais velocidade. Mas não sei se com velocidade teria jogadores com tanta inteligência e capacidade técnica e inteligência como a equipe que eu tive. E se eu dissesse assim, a equipe mais inteligente taticamente nas suas interações e abordagens, em termos estratégicos de potencializar o que tem de bom, com certeza essa equipe é do Corinthians. Extraordinária, excepcional, fascinante mentalmente e de uma grandeza extraordinária. Na abordagem estratégica que faço nas palestras mostro as imagens do David Luiz sendo marcado pelo Guerrero e deixando o Cahill sair jogando, pois não tem qualidade técnica, e o Emerson marcando o Lampard e deixando o Ramires, que não é um grande passador, é condutor, mas quem é cerebral é o Lampard. E em outras situações mais. A equipe do Corinthians mentalmente era extraordinária e um bom técnico tem que potencializar o que uma equipe tem de bom. Se tivesse que começar do zero eu ia trazer Paulinho, Guerrero, mas junto com Nilmar, Taison, com velocidade também.
ESPN - Você é o segundo técnico que mais vezes treinou o Corinthians, com 270 jogos, ficando atrás apenas de Oswaldo Brandão, com 439 partidas. Um dia você vai quebrar esse recorde?
Tite - P... que pariu. Eu nunca imaginei isso. P... que pariu! Nunca passou pela minha cabeça, cara. O Abel, para tu ver, ganhou um negócio de 300 jogos no Inter, mas passou seis vezes pelo Inter. Eu fiquei dois anos e meio no Grêmio e se falassem que ficaria três anos e meio em outro clube, eu falei, 'você está de brincadeira, no futebol brasileiro ficar três anos e meio em um clube? Conta outra!'. Da mesma forma que digo assim, três anos e meio com todas essas conquistas emblemáticas, não foram conquistas circunstânciais, foram conquistas muito forte. A vitória contra o Chelsea foi muito forte. Foi jogando melhor. A forma com que nós vencemos foi muito emblemática. O nosso gol teve 17 toques e passou por todos os jogadores da equipe. Os construtores foram Paulo André e Chicão. Eu mostro na palestra que dou um trabalho de equipe como é. Isso é muito difícil acontecer na história de um clube. A Libertadores como foi, tomamos quatro gols, invictos, depois de 35 anos? Estamos falando de Boca Juniors, Santos, Vasco forte para c... Foi muito forte. É difícil acontecer algo como isso de novo. Eu já olho para papai do céu e agradeço para caramba. Enfim, é difícil construir e reconstruir uma etapa profissional como essa.
ESPN - Uma vez você disse que o trabalho ideal de um treinador tinha que ter três anos. E ficou um pouquinho mais...
Tite - Três e meio. Mas coloquei também que depende da relação de confiança, questão de sintonia dos comandos, pois acaba havendo desgaste. Ninguém nessa história é bonzinho, mauzinho, perfil é de quem comanda. Fui trazido pelo Andrés, há desgaste, tem que tomar decisão, e elas são duras, difíceis.
ESPN - Você ficou chateado por não ter ficado?
Tite - Sempre há a expectativa de permanecer. Até o último momento criava expectativas que sim. Dizia que se ganhasse a Copa do Brasil ia agarrar no poste e só saía agarrado (risos). Falo de brincadeira, pois íamos embalar para a Libertadores, aí perdemos nos pênaltis para o Grêmio, fazendo um gol legal aqui e anulado, dizem que os gaúchos são sempre prejudicado e isso falou eu que sou gaúcho (risos).
ESPN - Se vencesse a Copa do Brasil ficaria para a Libertadores?
Tite - Não. Acho que não. Isso já estava definido.
ESPN - Acha que já estavam fechados com o Mano?
Tite - Não sei... Não sei como foi a condução. Quem pode dizer é o Mário e o Mano.
ESPN - O Mano não te procurou para dizer que estava acertando, como você mesmo citou há pouco que faria?
Tite - Não, não, não...
FONTE: ESPN
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