sábado, 14 de junho de 2014

Hino à capela, olé, apreensão e alívio: chilenos fazem de Cuiabá a sua casa

mar vermelho (AFP)

Arena Pantanal ou Estádio Nacional de Santiago? Milhares de torcedores chilenos fizeram um show à parte no duelo contra a Austrália e coloriram de vermelho o palco da Copa do Mundo em Cuiabá. É claro que havia muitas camisas amarelas - fossem aussies apoiando os Socceroos ou gente com o uniforme da Seleção Brasileira -, mas a “hinchada” soube deixar as arquibancadas com aquele jeito típico de estádio sul-americano. Com cara e clima de Libertadores (confira no vídeo acima).

As faixas e bandeiras estendidas nas muretas por todo o setor superior não deixavam dúvida: Cuiabá era mesmo a casa dos chilenos. Panos que representam o orgulho nacional e também servem como recado. Para as famílias, os vizinhos e os amigos que ficaram na terra de origem. É como se o torcedor quisesse dizer “chegamos aqui e estamos todos bem”. Desde Mato Grosso para San Felipe, Iquique, Los Andes, La Calena, Arica, Maipu, Antofagasta...

'Brachileno' Elias Gonzalez exibe faixa no estádio em Cuiabá 
(Foto: Hélder Rafael)

A maneira apaixonada de torcer do chileno ofuscava a presença australiana. Como na hora do aquecimento dos jogadores, antes do apito inicial. Socceroos no gramado? Mal se ouvia um grito. “La Roja” em campo? Uma histeria só. Os mais aclamados eram Alexis Sánchez, Arturo Vidal e Jorge Valdivia, craques da seleção nacional. Sobrou até provocação e xingamento para os rivais da Oceania, mas essa é melhor deixar passar.

Por que tamanho contraste entre as torcidas? O chileno Elias Gonzalez tenta explicar.

- Porque temos coração e garra. Os australianos têm dinheiro, avião. Nós só temos carros. Nos sacrificamos dia e noite sem dormir, viajamos 5,5 mil km para chegar a Cuiabá – disse, exibindo a faixa com a expressão “Brachilenos”, uma fusão entre as duas nacionalidades.

Torcida chilena cobre as muretas da Arena Pantanal 
com faixas e bandeiras (Foto: Hélder Rafael)

Antes de a bola rolar, novo show dos chilenos. Eles tomaram emprestado dos brasileiros a moda de cantar à capela o hino nacional, indo além dos habituais 30 segundos que a Fifa reproduz oficialmente a cada partida. A plenos pulmões, a torcida sul-americana encheu a Arena Pantanal com o refrão.


Aliás, foi na base do grito que o chileno empurrou o time para cima da Austrália. Sentindo o ótimo momento da equipe logo no início, o torcedor se ergueu das cadeiras exclamando “levanta, chileno”. Alexis Sánchez atendeu o clamor dos compatriotas e abriu o placar. E quando Valdivia comemorou o segundo gol gesticulando como louco, a torcida enlouqueceu também. Gritos de “Olé” aos 20 minutos do primeiro tempo? Sim. E não havia nada que os australianos pudessem fazer àquela altura.

Se o Chile teve ampla superioridade nas arquibancadas, no jogo não foi bem assim. A Austrália impôs dificuldade, fez um gol e teve outro anulado por impedimento, perdendo a chance de igualar o marcador na segunda etapa. Mas em nenhum momento o torcedor chileno abandonou a equipe. Deixou a apreensão de lado para cantar até o fim e apoiar os 11 em campo. Alívio mesmo, só quando Beasejour definiu o placar e a vitória dos chilenos, já nos acréscimos.
- Respeitamos a torcida australiana, mas o chileno torce com o coração. Escute isto... [a torcida canta “Vamos, vamos chilenos, esta noite temos que ganhar...”]. Esta é a diferença – conta Victor Ortega, chileno de Iquique.

Amigos de Iquique torcem por La Roja em Mato Grosso 
(Foto: Hélder Rafael)
FONTE: GLOBO ESPORTE

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