sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Como Aaron Ramsey, vizinho de Bale e 'terror' das celebridades, virou peça-chave no Arsenal de Wenger

Bale e Ramsey: amigos, com trajetórias semelhantes no início de carreira

Era agosto de 2011. Quando Gareth Bale chegou para treinar com o restante do elenco do País de Gales, ninguém entendeu a expressão tranquila no rosto. Já estrela ascendente na Premier League, o meia havia participado da derrota do Tottenham por 5 a 1 para o Manchester City, no White Hart Lane.


Questionado por que estava com o semblante tão tranquilo, apontou para o amigo Aaron Ramsey. "O time dele (Arsenal) aliviou a gente. Sofreríamos uma pressão enorme com a derrota. Mas eles perderam por 8 a 2 para o United. A pressão foi toda para eles", explicou, com um sorriso.

Foi, provavelmente, a única vez em que Ramsey ofuscou Bale enquanto o hoje jogador do Real Madrid atuava na Inglaterra. Mas a história parece ter começado a mudar para o meia do Arsenal desde que o atleta mais caro do futebol foi morar em Madri.

Ramsey é, de longe, o principal nome do time de Arséne Wenger neste começo de temporada. Foi titular nas sete partidas competitivas da equipe até aqui e marcou seis vezes - recorde pessoal em uma temporada. Começo promissor de ano futebolístico para um atleta mais lembrado por uma ‘maldição' bizarra e por ter sofrido uma grave lesão que poderia ter abreviado sua carreira.
Getty
Ramsey: principal nome do Arsenal neste começo de temporada

O vizinho de Bale

A trajetória inicial de Ramsey no futebol inglês é semelhante à de Bale. Como o ‘irmão' galês - revelado pelo Southampton -, o meia do Arsenal passou dois anos em um clube menor, o Cardiff. Apesar de quase ter virado jogador de rugby, optou pelo futebol e logo apresentou ‘boa dinâmica de jogo, boa técnica e visão de jogo', como definiu Wenger, quando ele chegou ao Arsenal em junho de 2008.

Foi morar junto com Chris Gunter, um companheiro de Cardiff que havia assinado pelo Tottenham. No prédio escolhido, a surpresa: Bale vivia exatamente no apartamento de cima do dele. O camisa 11 do Real Madrid, na época, já estava há um ano no norte de Londres e caminhava a passos lentos no Tottenham.

Na temporada seguinte, com o vizinho Bale já se destacando por suas investidas ofensivas, Ramsey ganhou mais chances no time titular. Mas sua trajetória foi interrompida de maneira abrupta. Em fevereiro de 2010, fraturou a tíbia e a fíbula após dividida com o zagueiro Ryan Shawcross, do Stoke. Ficou ameaçado de nunca mais chutar uma bola. Foram nove meses de recuperação até voltar aos gramados.

O folclore

Com Gareth Bale voando em campo, Ramsey também passou a chamar a atenção - mas por uma coincidência que virou folclore. E macabro. No dia 2 de maio de 2011, um dia após o meia do Arsenal marcar contra o Manchester United, Osama Bin Laden foi declarado morto pelo Estados Unidos. Em outubro, gol contra o Tottenham - três dias depois, Steve Jobs morreu. Em fevereiro de 2012, balançou as redes contra o Sunderland. Azar de Whitney Houston, encontrada morta no mesmo dia.

Ramsey, concluíram animados os tabloides, era o porta-voz da desgraça para as celebridades. Virou piada e página no Facebook: "Saving an Aaron Ramsey shot is like saving someone's life" (Evitar um chute de Aaron Ramsey é como salvar a vida de alguém). A temporada de 2011-2012, a primeira como um verdadeiro atleta do elenco principal dos Gunners, ficou mais marcada pela brincadeira do que pelos lampejos do atleta dentro de campo. Ao menos teve o talento reconhecido na seleção: foi o mais jovem atleta a assumir a braçadeira de capitão do país.

A redenção

Depois de uma temporada como uma espécie de 12º jogador do time, Ramsey teve sua sorte alterada na atual temporada com a lesão de Mikel Arteta. Escolhido por Wenger para ser o primeiro homem do meio-campo, não decepcionou. Impressionou nos jogos contra o Fenerbahce e cresceu nos jogos seguintes na Premier League, quando chegou a atuar também mais avançado.

A confiança de Wenger se reflete nas estatísticas. Segundo a Opta, é o único atleta de linha do Arsenal a ter atuado em todos os minutos na atual temporada (661min). É quem mais encostou na bola (491), mais completou passes (354) e mais desarmou os adversários (23) no elenco.

"Honestamente, não esperava que ele marcasse tantos gols. Ele melhorou muito no passe, na parte técnica. Decidi ser paciente com ele após a lesão por saber que demora para o jogador voltar a sua melhor forma. E hoje não vejo nenhum meia jogando melhor do que ele na Europa. Aaron está jogando bem e isso é o mais importante", analisou Wenger, após a vitória do Arsenal sobre o Olympique de Marselha na última quarta-feira.

Neste domingo, contra o Stoke City (jogo que será transmitido pela ESPN Brasil a partir das 9h30), Ramsey terá mais uma vez a chance de mostrar que mudou.

Os tempos de vizinho de Bale e de matador de celebridades, ao menos, parecem ter passado.

Trumedia

Mapa da atuação de Ramsey na temporada: começou como primeiro volante e está jogando mais avançado agora


FONTE: ESPN

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