sexta-feira, 8 de junho de 2012

FIJI - 'A onda mais perfeita do mundo'


Voltando à Tavarua Raoni passou em frente ao 
restaurante de onde todos assistiam a transmissão.
Foi entusiasticamente aplaudido e até Kelly fez 
questão de levantar e dar os parabéns pelaatitude 
nos tubos.Foto: Edinho Leite

O grande navio de passageiros estava aportado ao lago de Nadi. Fazíamos o caminho de volta de Tavarua para nossa casa em Plantation Island.
Provavelmente nenhum entre as centenas de turistas naquele hotel flutuante tinha a mínima ideia do que havia ocorrido, logo ali, antes mesmo de onde o mar encontra o céu.

Não fosse a transmissão ao vivo pela web apenas as poucas pessoas nos barcos ao lado da bancada de Cloudbreak teriam assistido àquele espetáculo.

A onda mais perfeita do mundo foi surfada por alguns dos mais habilidosos atletas do planeta.

A 4ª etapa do WCT, o Volcom Fiji Pro, colocou no mar as duas últimas baterias do 2º round. Depois, o evento entrou em stand by. Havia ondas além da conta.

Bede Durbidge dropou paredes com mais de 15 pés de face, conseguiu encaixar duas curvas e venceu Adam Malling, que, depois de escorregar, recolocou o pé na prancha e se ajeitou para passar por baixo de um lipe nervoso.


Raoni MonteiroFoto: Robertson/ASP

Raoni Monteiro estava na 12ª disputa. Quando entrou no mar com sua 7 pés sentiu o movimento do oceano na bancada, o tamanho das ondas e pensou, não vai dar. “Comentei com o Kala [Alexander] que minha prancha estava pequena e ele me disse que eu poderia voltar ao barco e pegar a 8 pés dele”, contou Raoni depois de ter saído no meio da bateria contra Kai Otton.

Depois de pegar uma onda que foi mais rápida que ele, Raoni voltou ao outside e conseguiu dropar uma bomba. Colocou para dentro de um tubo insano. A onda deu a baforada e ele continuou lá dentro, acelerando.

Ao tentar passar por baixo do lipe para sair da caverna, foi atingido em cheio. “Cara, foi como se uma laje tivesse caído na minha cabeça.

Eu já estava agachado e a onda me amassou com tal força que dobrou meu joelho”, disse Raoni já com agulhas de acupuntura no joelho contundido. Mesmo sem completar a onda Raoni recebeu quase 8 pontos.

Kai pegou um tubo enorme numa onda que parecia uma locomotiva. Não saiu, mas já havia vencido a bateria nas ondas anteriores.

Veja o tamanho da lancha e a onda.
Foto: Robertson/ASP

Dane GudauskasFoto: Robertson/ASP
--Raoni Monteiro



A remanda para a segunda bateria do diaFoto: Kirstin/ASPO mar estava ficando perigosamente grande e estranho. A organização da prova decidiu parar por meia hora, depois, outra meia hora e parou de vez. Com um time de bigriders que chegou à Tavarua para essa ondulação o show estava garantido.

O mar ficou ainda maior, só que as ondas pareciam cada vez mais perfeitas. Quer dizer, perfeitas se você é o Ramon Navarro e pega o tubo mais fundo do dia com sua gun com mais de 10 pés, ou se você o Wessel, Healey, Stephan, Danilo Couto ou Reef Mcintosh que pegou uma versão gigante daquela onda que a gente desenha no caderno da escola.

Alguns tops também compareceram. Fanning fez um tubo olímpico, mas caiu no meio da parede no final do túnel e pegou, foi obrigado, o maior jacaré do século, antes de ser engolido pela onda. Parko não foi na bomba do dia, mas mostrou que entende como traçar linhas fluidas em tubos enormes.

John John, com a prancha do Pancho Sullivan, enviada do Hawaii, deu seu show em duas bombas. Gudauskas mandou um drop aéreo que merecia um prêmio.

Hobgood parecia estar à vontade dentro daqueles salões. Essa foi uma sessão que vai entrar para a história. E daí você pergunta: parou porque? Para ser sincero também fiquei na bronca.


Mick Fanning em seu tubo 'olimpico'Foto: Robertson/ASP

Queria ver os melhores do mundo naquelas que me pareciam as melhores ondas grandes do mundo. Depois, analisando o fato de boa parte daqueles caras lá fora estarem de colete salva-vidas, do perrengue que vários passaram, arrastados pela rasa e perigosa bancada, percebi que o show foi bom porque havia mais de uma dezena de surfistas dispostos a se arriscar, mas sem a pressão de marcar pontos em um espaço de tempo definido.

O line up de Cloudbreak é enorme. Com tanta gente na água alguém sempre, ou quase sempre, estará no lugar certo para pegar a boa da série. Com apenas dois atletas é bem possível que cada um surfasse apenas duas ondas por bateria. A maioria dos atletas nem teria equipamento para enfrentar aquela situação.

Olhando de fora as ondas já causavam calafrios, lá de dentro, segundo Medina, a coisa estava ainda mais pauleira. Amanhã essa ondulação cresce ainda mais e provavelmente veremos o 3º round do Volcom Fiji Pro em Restaurants, se a rasa e afiada bancada suportar o tamanho das ondas.

Você pode discordar por eu ter chamado Cloudbreak de a onda mais perfeita do mundo, mas depois de ver paredes com mais de 20 pés rodando, lisinhas e abrindo por mais de 200 metros, acredite, essa é minha impressão. Basta ter prancha, habilidade e coragem parra encarar. Hoje eu não tinha nenhum dos três. Você teria?


Vacas sinistras durante o freesurfFoto: Kirstin/ASP
As Guns quebradas em TavaruaFoto: Edinho Leite/ESPN
O freesurf em CloudbreakFoto: Kirstin/ASP
Dia épico em FijiFoto: Robertson/ASP
Nathan FletcherFoto: Kirstin/ASP
Mark HealeyFoto: Kirstin/ASP
Mark HealeyFoto: Kirstin/ASP
Damien HobgoodFoto: Kirstin/ASP
Damien HobgoodFoto: Robertson/ASP
Reef MacintoshFoto: Kirstin/ASP
Adam MellingFoto: Robertson/ASP
Ramon NavarroFoto: Kirstin/ASP
Kai OttonFoto: Robertson/ASP
Joel ParkinsonFoto: Kirstin/ASP

Parkinson
Foto: Robertson/ASP

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