WCT FIJI - Kelly Slater; o rei de Tavarua

O dia amanheceu sem um pingo de vento. Perfeito para as ondas de 6 pés que quebravam em Cloudbreak. O último dia do Volcom Fiji Pro começou.

As duas baterias das quartas de final que sobraram de ontem definiriam os outros dois semifinalistas. Gabriel e Fanning já haviam despachado Taj Burrow e John John. Na 3ª quarta de final Kelly demoliu qualquer tentativa de Wilson ao surfar tubos com uma técnica insuperável. Sua pequena quadriquilha permitia um ângulo de curva na base com o qual ele acertava os lipes apontando o bico da prancha tipo 11hs. Seu controle em cada parte da onda e a afinidade com aquela bancada resultaram em 18.57 X 7.76.

Adriano dominou a bateria até os minutos finais 

com um surf veloz e polido. Foto: Robertson/ASP

UMA ONDA DO ALÉM
Na última das quartas Adriano Mineirinho impôs seu ritmo desde o início. Sua tática estava perfeita. Sua linha nas ondas também. Adriano dominou a bateria até os minutos finais com um surf veloz e polido. CJ precisava de 9.59 e queria descontar a lavada que havia tomado de Mineiro no round do no loosers.

O destino colocou CJ na posição de pegar a melhor onda que surgiu desde o amanhecer. Parecia filme. Um tubo longo, aberto, com direito a baforada na saída. Ele que já havia feito uma nota 10 dias atrás, marcou 9.97, quando faltavam menos de 3 minutos para o final da bateria. Mineiro saiu do mar arrasado. Acho que deveria ter marcado CJ mais de perto, mas a verdade é que nem todo dia é do caçador. Mineiro agora ocupa a 4ª colocação no ranking.

Cj Hobgood vibrou muito ao conseguir a melhor onda da disputa com Adriano de Souza. Venceu de virada. Foto: Kirstin/ASP
QUEBRANDO TUDO

Nas semis Gabriel Medina usou a tática contrária de Fanning que gosta de sentar e esperar a boa. Às vezes a expectativa criada numa bateria antes da sua pode pregar peças. Gabriel entubou, mandou rasgadas. Quebrou tudo, inclusive duas pranchas, a segunda num aéreo que, se a prancha não partisse talvez ele tivesse completado.

Parecia estar surfando em Maresias. Fanning bufou esperando sua onda que nunca veio. Saiu conformado por ter feito apenas 6,57 contra os 13.93 do Medina. Ele é o novo líder do ranking e declarou: “Estava fora do ritmo das ondas, essas baterias acontecem”.

Gabriel entubou, mandou rasgadas. Quebrou tudo, 

inclusive duas pranchas na mesma bateria. 

Foto: Kirstin/ASP

SHOW COMPLETO

Daí Slater fez o que sabe fazer. Tubos de onde pouca gente teria como sair. Outros em que só a experiência faz com que você entre. Manobras assustadoras nos lugares mais críticos da onda.

Mandou outro 10. Completou com 9.50. Mais uma vez CJ tentou, mas o cara estava impossível. Na bateria final Slater não queria esperar.

Duas rasgadas absurdas, na orelha da onda, uma paulada em que as quilhas escaparam um pouco e virou floater [8.33].

Kelly Slater morou nos tubos de Tavarua. Claudio, Restaurants, tanto faz. Ele domina. Foto: Kirstin/ASP

Gabriel respondeu com 8.60 numa onda que não parecia grande coisa, mas tornou-se um longo e veloz tubo, na cara do Slats. Medina ainda deu um cut com mão na borda. Pena que não rolou outro tubo e ele não voltou do aéreo, única coisa que poderia ter dado certo para melhorar a boa nota. Tentou outras ondas, mas Slater achou a boa.

Veio lá dentro, como se tivesse nascido naquele tubo. Em alta velocidade acertou duas rasgadas impressionantes e uma paulada para finalizar. Até o fim da bateria nada mais aconteceu para salvar Medina daquela nota 9.83 do rei do surf.

Slater, ainda no começo de sua carreira, 

há duas décadas,ajudou a colocar Fiji 

no mapa dos surfistas Foto: Kirstin/ASP

Slater, ainda no começo de sua carreira, há duas décadas, ajudou a colocar Fiji no mapa dos surfistas, no filme Black & White. De lá para cá já esteve por aqui 28 vezes. Agora é tricampeão nas ondas de Tavarua. Na entrega do “tacape troféu” Kelly fez questão de ressaltar que Medina já havia apavorado muita gente em outras ondas e agora mostrou que também sabe entubar, muito.

“Eu precisava de uma nota acima dos 9 pontos e tentei encontrar uma onda para isso, mas nem sempre a natureza colabora e, dessa vez, não deu”, disse Medina com cheque e troféu na mão, enquanto olhava para as esquerdas de Restaurants. “Vamos surfar”, perguntou Miguelito. “Quero comer e ir logo lá para fora”, respondeu Gaby.

O Volcom Fiji Pro acabou, as ondas não. Na ilha em forma de coração [ainda tem esse detalhe] senti o meu feliz pelo desempenho dos brasileiros e, claro, bateu aquele desespero para fechar esse texto e ir surfar alguns tubos ali na frente. Adivinha quem também estava no mar algum tempo depois? Slater não deixa os tubos vazios.

Gabriel Medina não venceu Slater na final, mas, acredite, o onze vezes campeão mundial sabe que Gariel está na fila de um título mundial. Foto: Kirstin/ASP

BATERIA FINAL DO VOLCOM FIJI PRO:
1 – Kelly Slater (USA) 18.16
2 – Gabriel Medina (BRA) 10.87

SEMIFINAIS:
SF 1: Gabriel Medina (BRA) 13.93 def. Mick Fanning (AUS) 6.57
SF 2: Kelly Slater (USA) 19.50 def. C.J. Hobgood (USA) 13.50

TOP 5 DO ASP WCT NO MOMENTO:
1. Mick Fanning (AUS) 24,750 pts
2. Kelly Slater (USA) 23,700 pts
3. Joel Parkinson (AUS) 23,700 pts
4. Adriano de Souza (BRA) 22,400 pts
5. Taj Burrow (AUS) 20,950 pts

Kelly Slater, provavelmente o mais habilidoso tuberider de back do mundo. Foto: Robertson/ASP

Gabriel Medina surfou como se estivesse em casa, mesmo sendo essa sua segunda vez nessas ondas. Foto: Kirstin/ASP

Kelly Slater... Foto: Kirstin/ASP

...deve gostar tanto da namorada quanto da quadrifins. Foto: Kirstin/ASP

Adriano de Souza e Miguel Pupo. Mineiro deu aquela batidinha básica nos corais. Gelo e tempo curam quase tudo. Ele estará preparado para o Tahiti. Foto: Edinho Leite/

Adriano recebendo o carinho da torcida local. Foto: Edinho Leite

Kelly, mais uma vez é o centro das atenções. Fazer o que, ele merece. Foto: Edinho Leite/ESPN

Esse é o chefe da ilha. Druko, entre Medina e Slater. Fiji já aguarda o próximo evento de braços abertos... Vinaka! Foto: Edinho Leite