“Nunca tinha vivido uma concorrência tão grande”.
A frase é do atacante Luan, ex-Palmeiras, mas poderia ser perfeitamente de qualquer outro jogador do Cruzeiro. A exceção de um deles, o goleiro Fábio.
Com mais de 10 contratações para essa temporada, um elenco formado por 35 jogadores e que, nos primeiros jogos no ano, viu diversas alternativas surgirem em campo, o time mineiro tem convivido com uma briga por posições como há algum tempo não presenciava.
A toda ela, acompanha desde a sua meta, soberano e despreocupado o veterano Fábio, de 32 anos. É quase um Rogério Ceni do Cruzeiro. Ou mesmo um Marcos. Em 2013, o jogador completa a sua nona temporada como titular absoluto do gol celeste. Ele refuta as comparações feitas no dia-a-dia da Toca da Raposa. Prefere seguir com o seu trabalho na expectativa de neste ano, enfim, voltar a comemorar títulos.
“É lógico que, dentro do clube, eu estou caminhando para concretizar uma identificação cada vez maior. Os próprios números dizem isso. O Rogério tem a sua história no São Paulo, o Marcos teve a sua no Palmeiras e eu ainda estou construindo a minha no Cruzeiro”, afirma ao ESPN.com.br. “Quero ter cada vez maior força aqui, fazer parte de uma história. Não só como jogador que vestiu a sua camisa, mas como alguém que conseguiu também conquistas”, completa.
Fábio tem tempo sobra disso. Pelo menos até o fim de seu contrato de 2016. Na metade azul de Belo Horizonte, apostam que, quando esse dia chegar, o goleiro assumirá no dia seguinte um cargo na diretoria da equipe. É essa a brincadeira, inclusive, que ele costuma escutar do amigo Zezé Perrela, ex-dirigente do time.
“Sempre tive uma convivência muito boa com ele. O Zezé brinca que eu serei presidente um dia. Mas, como eu disse e falo, tudo tem o seu tempo. Hoje não penso dessa forma, levo na brincadeira. Somente Deus sabe o que vai acontecer”, diz.
O camisa 1 do técnico Marcelo Oliveira fala em tempo. É algo que, ele reconhece, não tem faltado nesse início de temporada. Até aqui, foram apenas quatro jogos nos três primeiros meses do ano. Desde 1999, a equipe não tinha uma agenda tão vazia. Neste domingo, ela volta a campo contra o Araxá, fora de casa. Fábio poderia achar esse período de inatividade chato. Não acha.
“Em geral, a pré-temporada em Minas sempre foi mais longa. O que a comissão técnica tem feito é dosar nos treinos para que a gente não perca ritmo. No decorrer das outras competições, esse trabalho vai ficar mais visível e poderemos tirar vantagem dessa maior preparação. Hoje, os outros clubes estão com um desgaste maior, viagens, Libertadores”, analisa.
Fábio pondera tudo isso porque carrega uma certeza para essa temporada. Na verdade, não uma, mas duas. Em primeiro lugar, a de que esse é o melhor Cruzeiro com que trabalhou. E também que o time, ao contrário do último ano, marcará presença na briga por títulos dessa vez.
“Ao longo desses anos, poucas vezes conseguimos construir um grupo tão equilibrado, com vários jogadores que foram titulares absolutos em outros lugares, mas que nesse momento estão entre os reservas”, reconhece. “A gente sempre teve camisa. Falta apenas voltar a lutar pelos títulos. Agora temos condições para isso”, prossegue.
Não literalmente, claro, mas o goleiro pagou para ver esse momento. “Tive várias oportunidades de sair. Cheguei a estar frente a frente com um contrato de transferência para o Osasuna e decidi renovar para ajudar o clube num momento de dificuldade financeira”, relembra.
Quase um Rogério Ceni na Toca da Raposa, único jogador com vaga cativa e com contrato até 2016, Fábio poderia estar completamente satisfeito. Não está. Ainda sonha com uma vaga na Seleção. “Só me dá uma oportunidade. Se for colocar na ponta do lápis todos esses anos, fui muito regular. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de ser convocado e jogar. Só convocado. Estou esperando a chance para que possam decretar se tenho ou não condições de fazer parte do grupo”, conclui.
FONTE: ESPN
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