sábado, 15 de junho de 2013

Entrevista - Salvador Lamas: técnico tipo exportação


Confira uma entrevista exclusiva com o ex-surfista profissional, Salvador Lamas, que atualmente treina a equipe peruana de surfe amador.

Técnicos de futebol brasileiros, treinando seleções de futebol mundo afora não são novidades. Nomes como Zico, Parreira, entre outras feras, já levaram toda sua experiência e metodologias para outros países.

Mas e no surfe, teríamos bagagem para ter um técnico brazuca à frente de uma seleção gringa? A resposta é sim. E o protagonista da história, ninguém menos que Salvador Lamas.

Potiguar que já virou carioca e mora no Recreio dos Bandeirantes ele conseguiu romper, literalmente, a fronteira. Sal, como é conhecido no surfe, está treinando a equipe peruana que disputa – de 8 a 16 de junho - o ISA GAMES, na Nicarágua.

Confira a uma entrevista falando sobre a iniciativa pioneira, as possibilidades de um peruano no tour, entre outros assuntos.

Vale o drop!

Gerson Filho - Como começou sua história com o treinamento de atletas de outros países?

Salvador Lamas - Em 2008 fui convidado para trabalhar no ALAS (Associação Latino Americana de Surf) no Panamá. E como head judge, tive a oportunidade de conviver com o presidente da Federação Peruana de Surf, Karin sierralta.

Ao conhecer meu trabalho como ex-competidor, preparador físico e juiz de surf, surgiu a proposta para treinar a equipe peruana para o mundial ISA Games na Costa Rica em 2009.

Neste mundial ficamos em 3º lugar na Open com Gabriel Villaran (campeão foi Jeremy Flores), 3º lugar no Tag Team, e 6º na classificação geral dentre 35 países. Foi o melhor resultado da história para o Peru até aquele momento, ficando atrás somente das grandes potências mundiais.

Atualmente como foi a preparação e como está sendo o trabalho com a equipe peruana para o ISA games na Nicarágua?

Atualmente estou trabalhando com uma equipe de 12 atletas sub 18 e sub 16 masculino e feminino. Iniciamos este trabalho em março. Desde então fiz duas viagens para o Peru e uma a Nicarágua com o objetivo de adaptação às ondas e ao clima que é muito quente.

Tenho uma equipe multidisciplinar peruana com psicólogo, nutricionista e preparador físico. E ainda a colaboração de mais dois treinadores do Peru, Sebastian Alarcon e Coco Hernandes que são também excelentes surfistas e competidores.
Equipe peruana Sub 14. Foto: divulgação.

Quais são os principais fundamentos que você procura trabalhar?

São as estratégias de competição, o trabalho em equipe e o condicionamento físico.

Você conseguiu identificar algum (s) atleta (s) que tenham possibilidades reais de integrar a elite, o WCT?

O Peru é um país com grande potencial de ondas perfeitas e atualmente tem uma geração com um surf power e excelente linha de surfe. Esses são dois ingredientes importantes para ingressar no WCT, entretanto não existe uma frequência de campeonatos e associações como no Brasil, tornando o rip de competição inferior aos demais. Um trabalho a longo prazo pode gerar a inserção de atletas Peruanos ao WCT.

Qual a principal diferença entre surfistas brasileiros em relação aos estrangeiros com os quais você trabalha?

A diversidade de ondas, clima, temperatura, matéria prima, campeonatos e quantidade de atletas que temos no Brasil nos proporciona muito mais experiências ao longo da vida como competidor do quê os outros países. A nossa adaptação às diversas condições se torna mais rápida devido às experiências com inúmeros tipos de ondas.

Quais são as principais metas a serem atingidas?

O nosso time está 100% focado no título Mundial, mas o objetivo principal é que através dos treinamentos consigamos mudar o fator psicológico motivacional e que passem a acreditar no potencial individual de cada um.

Você ajuda os atletas na escolha das pranchas, dá toque sobre medidas, etc?

Na verdade todos testam diversas pranchas, quilhas, etc, e através das filmagens todos juntos analisamos e efetuamos as mudanças quando se faz necessário. Entretanto o detalhe mais sutil (medidas, tamanho etc) fica por conta do shaper. Essa relação surfista x prancha acredito ser muito pessoal, todo competidor tem sua "Ferrari" que confia nas horas mais difíceis...

Além dos treinamentos com a equipe peruana, como estão suas atividades profissionais?

Atualmente trabalho como juíz de surf na ABRASP e ASP South America e também sou Prof. de Ed. física na Body Tech, ministrando aulas de treinamento funcional e personal trainer.

Coordenei o projeto Surf Advanced do Big rider Carlos Burle, treinando atletas profissionais entre eles: Heitor Alves, Jano Belo, Jean da Silva, Pedro Scooby, Felipe "Gordo" Cesarano, Marcelo Trekinho e Diego Silva.

Os trabalhos tanto de preparador físico, quanto de treinador são desafiadores e muito motivantes para mim. A conquista de um título na Nicarágua será meu grande prêmio para este ano.

FONTE: Gerson Filho

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