quarta-feira, 26 de março de 2014

Entrevista - Atual campeão carioca Alandreson Martins abre o jogo no Ricosurf


O baiano voador em ação. Foto: Alvarenga Jr

O atual campeão carioca Alandreson Martins, 27 anos, conversou com o Site Ricosurf. Surfista profissional há 7 anos e atualmente morador da cidade de Macaé, Alandreson é baiano da cidade de Itacaré, onde é conhecido por James Cristian, o baiano voador.

Ricosurf - Quando começou a surfar?

Alandreson Martins - Comecei a surfar com 9 anos, em 1995. Na minha cidade natal as ondas são muito constantes e perfeitas e muitos campeonatos eram realizados lá. Eu via muita gente em função do surfe, tanto nativos como gente de fora da cidade.

Falava-se muito dos surfistas profissionais, gente que vivia do surf. E eu os via durante os campeonatos, me pareciam bem-sucedidos e felizes. Eles rapidamente tornaram-se meus ídolos. Foi então que eu decidi que queria ser como eles.

Quem te incentivou?

Minha mãe era contra, pois eu faltava muito a escola para ir à praia surfar, com a metade de uma prancha que achei. Ela ficava muito brava e meu pai botava “panos quentes” lá em casa. Então, de certa forma, posso dizer que ele me apoiava.

Da cidade, nesse início, só me lembro mesmo de Lawrence Fernandez Scrafield, Júnior Sampaio, Luís Gustavo e Cly Loylie que me levavam em algumas de suas “barcas”, e era muito bom, elas fazem parte das minhas melhores lembranças.

Era um sonho meu mesmo. E o que me incentivava era ver aqueles surfistas profissionais, exemplos que eu tinha no quintal de casa e aquela certeza dentro de mim de que aquele era o único caminho possível para mudar de vida, já que não conhecia ninguém bem-sucedido a minha volta, como um advogado, engenheiro, médico.

Com o tempo, meu pai passou a me incentivar e me acompanhar mais, logo depois minha mãe também acabou cedendo. Mais tarde vieram muitas outras pessoas das quais sempre serei grato.

Quais as maiores dificuldades que enfrentou?

Com toda certeza a fome. Venho de uma família muito humilde, sou o primeiro de 10 irmãos, meu pai era pescador e minha mãe não trabalhava fora de casa. A falta de comida lá era constante.

Me lembro de pedir comida várias vezes para conhecidos. Hoje ainda me surpreendo quando me lembro de vários momentos que passei.

Graças a Deus não passo mais por esse problema, contudo, a dificuldade em arrumar um patrocínio que me dê meios para correr o Circuito Mundial e finalmente poder viver do meu talento, atualmente é meu maior problema.

É devastador lembrar de tudo que passei, tantas dificuldades, muitas outras já superadas, como o preconceito e hoje, campeão carioca e sem patrocínio. A falta de reconhecimento e patrocínio são minhas maiores dificuldades.

Você é o atual campeão carioca. Até chegar a esse resultado como foi sua trajetória?

Dois anos depois que decidi me tornar surfista, estreei na categoria iniciante, num campeonato local na praia da Tiririca em 1997.
Dali pra frente corri muitos campeonatos na região, fui evoluindo de categoria, ganhando experiência e me tornei profissional em 2006, quando comecei a conquistar os primeiros patrocínios.

Saí da Bahia para Santa Catarina onde permaneci por três anos patrocinado pela Mormaii. Competi circuitos brasileiros e latino-americanos (ALAS) com sucesso.

Em 2009, já em Macaé passei um período sem patrocínio, mas em 2010 fechei o com a Perfect Waves e fui campeão carioca no mesmo ano, porém não pude ficar com o título, pois ainda era federado no estado da Bahia.

Completados os três anos de residência no estado do RJ, como rege a regra, pude competir como “carioca” e me tornar o campeão em 2013.

Durante toda essa trajetória não posso deixar de citar pessoas, verdadeiros milagres na minha vida: Wilson Estrela, Associação de Surf de Itacaré, Jacqueline Breciani, Netão (chefe de equipe da Mormaii), Gilberto Fava Nogueira, Carlos Pires (Cadu), Maria das Graças (Gracinha), Mariana De Luca, Vilson Ribeiro, Alex (Perfect Waves), Toninho Simões, Dr. Robson M. M. Paula e Marco (Associação de Surf de Macaé).

O acha do circuito da Feserj?

Acho um circuito muito importante e disputado, pois eventos no Rio de Janeiro tem bastante destaque. As etapas cariocas também somam pontos para o ranking brasileiro, sem contar o fato de o campeão carioca ser convidado para competir a etapa do WT do Rio de Janeiro.

Contudo, também acho um circuito com poucas etapas, isso dificulta bastante, já que tenho menos oportunidades de mostrar meu trabalho. Gostaria que aumentassem o número de etapas, assim, nós, surfistas profissionais, teríamos maiores chances de sucesso.

Quais são seus planos para o futuro no esporte?

Num futuro próximo penso em continuar competindo campeonatos no Brasil e no exterior. Classificar-me definitivamente para o WT e me manter lá com sucesso.

Depois de me aposentar das competições eu penso eu abrir a minha própria escola de surf.

O surf me salvou de muitos “buracos” e se eu puder um dia fazer o mesmo pelas pessoas que precisam seria muito gratificante.


Galeria - Alandreson Martins, o baiano Voador





FONTE: ANA PAULA RIBEIRO

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