O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, que até então vinha se recusando a falar sobre as manifestações organizadas pelas ruas do país nas últimas duas semanas, resolveu opinar sobre a questão nesta terça-feira.
Um dia depois de cerca de 100 mil pessoas terem protestado no Rio de Janeiro, de mais de 60 mil terem se mobilizado em São Paulo e de ativistas terem entrado em conflito com a polícia em Brasília e em Belo Horizonte - entre outros atos -, Felipão defendeu a liberdade das pessoas de reivindicar seus direitos.
"É comum, é normal em uma democracia que se aceite essa demonstrações, que essas situações sejam percebidas e recebidas pelo nosso governo. Tomara que continuem a ser pacíficas, democráticas e normais. É isso que o que queremos", afirmou em entrevista coletiva no Estádio Castelão, palco da segunda partida do Brasil na Copa das Confederações, nesta quarta, contra o México.
O treinador disse que todos na seleção têm direito de dar opinião sobre as manifestações.
"Acho que personalidade todos nós temos que ter e defini-la. Meus jogadores têm total liberdade para que possam opinar sobre qualquer assunto desde que cada um assuma sua responsabilidade na seleção. Assim, não proibimos nada. Mas tem de ter situações que são de interesse do selecionador e da seleção e param por ali. Acho que as manifestações normais dos nossos atletas são interessantes, porque me parece que essa alienação que sempre é imposta aos nossos atletas profissionais está deixando de existir."
Felipão acredita, porém, que a seleção não pode fazer nada para o país além de vencer os adversários dentro de campo.
"A seleção é do povo. Nós somos povo. Acho que estamos dando ao povo e aos torcedores aquilo que eles mais querem da seleção, que é que a seleção vá crescendo e possa empolgar e possa realmente representar o Brasil na área futebol, como querem os anseios da população. Esse é nosso trabalho e isso estamos fazendo. Nas outras áreas não temos interferência nenhuma."
Felipão ainda declarou que os protestos não passam uma imagem real do Brasil ao resto do mundo. "Estão falando lá fora algumas coisas que podem não ser a realidade total do Brasil. Acho que vimos também antes da Olimpíada manifestações em Londres e nem por isso a Inglaterra acabou e deixou de ser bem falada. Algumas situações vamos ter que entender e a partir do entendimento e dessa possibilidade democrática de que as pessoas possam protestar vem a evolução."
fonte: ESPN
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