segunda-feira, 17 de junho de 2013

O redentor


O redentor. Adjetivo. 1. Aquele que redime ou regata. 2. Kelly Slater.
Ele não é Jesus Cristo. Longe disso. Mas, cada vez que chega a Fiji, resgata os movimentos essenciais do esporte, como se tivesse um nível de conexão diferente dos demais mortais com aquele pedaço de natureza. E tem – todos sabemos. 

Surfar de braços abertos dentro de um tubo talvez tenha lhe custado a possibilidade de finalizar mais uma onda nota 10, mas rendeu ao mundo um momento simbólico, rico para quem ama o esporte. Kelly Slater foi o redentor em Fiji.
O campeão chegou a Fiji atrasado. Dispensou a primeira fase para marcar presença em compromisso familiar, dando indícios de uma nova fase, mais madura.

Kelly é um bom construtor de histórias vencedoras. O atraso acabou servindo como o primeiro ato de uma de suas odisseias, que, como tantas outras, ganha mais emoção fase a fase. O clímax normalmente no último dia de competição, muitas vezes na final.
Ele estreou contra o local Aka Lalabalavu, e prestou a reverência de sempre a aqueles que sempre o receberam tão bem na ilha. Dentro d’água, o americano sabia que o grande local, pelo menos na categoria tempo de surfe naquela onda, era ele. 
Depois, passou pelo bom australiano Mitchel Coleborn, com sua pior média. No round 4, era a hora de acelerar e mostrar quem manda. Ignorou dois notórios especialistas em tubos, Sebastian Zietz e Jeremy Flores com sua primeira das três médias superiores a 19.
Nas quartas, novamente contra Seabas, uma aula definitiva, com pontuação máxima. Na semi, contra John John Florence, segundo melhor surfista do evento e talvez o único capaz de, encontrando as ondas certas, vencê-lo, o americano marcou 18,17.
A final foi a redenção literal, com mais uma aula magistral de um surfista que ainda é diferente de todos os outros em certas ondas – Fiji certamente está na lista. 

Mick Fanning, velha e talentosa máquina de competir, conquistou o vice-campeonato e se mantém na briga, a poucos pontos do novo líder do ranking, Slater.
Jordy Smith, num ano fabuloso, segue em terceiro na corrida da ASP, seguido por Taj Burrow, que apesar da posição vem num ano abaixo da média. Em quinto, Adriano, que já está em Bali treinando para tentar se reaproximar do topo. 

Muitos buscaram significados para o limbo dos brasileiros em Fiji – o pior resultado do brazilian storm no ano. O abismo de resultados entre o Rio e Fiji não é tão revelador: os garotos de Pindorama ainda têm mais contundência em beack breaks e devem continuar treinando para alcançar o melhor surfe em ondas pesadas e agudas, mas têm, já há algum tempo, plena capacidade de fazer bons resultados nessas arenas.

FONTE: Tulio Brandão 

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