segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Seleção em construção" vira "muleta", mas não isenta time de Felipão das críticas, nem veta elogios


No final de abril, Luiz Felipe Scolari disse que "a construção da seleção está bem mais adiantada do que muitas obras para a Copa". Sem dúvida. O time que ele herdou de Mano Menezes vinha sendo desenhado desde 2010, quando seu antecessor assumiu o comando da equipe cebeefiana.

Na estréia de Mano, em 18 de agosto daquele ano, cinco jogadores do atual elenco brasileiro participaram da vitória por 2 a 0 em Nova Jersey sobre os Estados Unidos. Eram eles Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Hernanes e Neymar.

No último cotejo que o ex-treinador da CBF comandou contando com jogadores de qualquer parte do planeta, em 14 de novembro do ano passado (1 a 1 com a Colômbia na mesma cidade norte-americana) eram sete que estão na Copa das Confederações: Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Paulinho, Lucas, Oscar e Neymar.

E de todos os 23 relacionados por Felipão para o torneio que está sendo disputado no Brasil, apenas Dante, Filipe Luis e Jô, este chamado devido à lesão de Leandro Damião, não foram convocados em momento algum por Mano. E os três são reservas. Até mesmo a discutida posição de centroavante envolve o mesmo personagem. Fred, atual titular, também vinha sendo relacionado quando o novo comandante do Flamengo trabalhava na CBF.

Peça de publicidade da Copa de 2006 : quem falava em "jogo bonito"?

Ele foi à Copa América em fase não muito boa, o que gerou inúmeras críticas, e seguiu sendo lembrado. Tanto que o camisa 9 do Fluminense fez o último gol do Brasil sob a batuta de Menezes, contra a Argentina, na Bombonera. Os jogadores são basicamente os mesmos, Scolari não começou do zero em novembro, quando retornou à Confederação Brasileira de Futebol. Mudou o "engenheiro", mas a obra já vem sendo tocada faz muito tempo e com praticamente os mesmos "operários".

É evidente que a tal "construção" do time não começou quando Felipão reassumiu o comando do selecionado, em 2012. Ela teve início com o técnico anterior, após a Copa 2010. Mudaram os conceitos? Sim. Em parte por ele pouco aproveitar o trabalho de seu antecessor. Sorte dos espanhóis que Vicente del Bosque substituiu Luis Aragonés em 2008 e não jogou fora o que herdou. Ele melhorou a equipe campeã européia, faturou a Copa do Mundo e o bi do continente.

Virou uma "muleta" protetora para Scolari o discurso de que o time está sendo construído, segue em obras. Como se isso justificasse tudo. Fora Espanha e Alemanha, qual seleção está prontinha hoje? Isso não o isenta de críticas, nem de elogios. Vai depender da maneira como cada um vê o futebol jogado no Brasil e no exterior. Vai variar de acordo com a visão de cada um sobre o selecionado brasileiro às vésperas de uma Copa do Mundo que aqui acontecerá.

Se a missão do time "canarinho" com seu novo-velho técnico será "apenas" lutar pelo título ou além disso apresentar um futebol competitivo, em evolução, impositivo, convicente. Não, eu não estou falando no tal "jogo bonito". Esse é um discurso antigo adotado justamente por uma parceira da CBF.

Esperemos pelos próximos jogos. Embora improvável, não é impossível que o time brasileiro jogue bem, apresente mais! A Espanha faz isso e para chegar lá, começou um dia. O Brasil, à sua maneira, tem que pelo menos tentar fazer algo para ser o mais forte, hegemônico, como em outros tempos.

Basta desse papo de que o importante é vencer e nada mais. Foi assim que o time verde-amarelo caiu nas duas últimas Copas. Que seja feito um grande desafio. Vencer e evoluir, aprender a enfrentar os melhores do momento e desenvolver o futebol jogado no país. Até porque esse é o caminho mais viável para um triunfo em 2014.

Ou o futebol brasileiro será sempre refém de pensamentos pequenos, calçados em títulos de uma, duas décadas atrás, como se o passado fosse sempre justificar o presente e prever o futuro.
FONTE: ESPN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...