Na estréia de Mano, em 18 de agosto daquele ano, cinco jogadores do atual elenco brasileiro participaram da vitória por 2 a 0 em Nova Jersey sobre os Estados Unidos. Eram eles Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Hernanes e Neymar.
No último cotejo que o ex-treinador da CBF comandou contando com jogadores de qualquer parte do planeta, em 14 de novembro do ano passado (1 a 1 com a Colômbia na mesma cidade norte-americana) eram sete que estão na Copa das Confederações: Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Paulinho, Lucas, Oscar e Neymar.
E de todos os 23 relacionados por Felipão para o torneio que está sendo disputado no Brasil, apenas Dante, Filipe Luis e Jô, este chamado devido à lesão de Leandro Damião, não foram convocados em momento algum por Mano. E os três são reservas. Até mesmo a discutida posição de centroavante envolve o mesmo personagem. Fred, atual titular, também vinha sendo relacionado quando o novo comandante do Flamengo trabalhava na CBF.
Peça de publicidade da Copa de 2006 : quem falava em "jogo bonito"?
Ele foi à Copa América em fase não muito boa, o que gerou inúmeras críticas, e seguiu sendo lembrado. Tanto que o camisa 9 do Fluminense fez o último gol do Brasil sob a batuta de Menezes, contra a Argentina, na Bombonera. Os jogadores são basicamente os mesmos, Scolari não começou do zero em novembro, quando retornou à Confederação Brasileira de Futebol. Mudou o "engenheiro", mas a obra já vem sendo tocada faz muito tempo e com praticamente os mesmos "operários".
É evidente que a tal "construção" do time não começou quando Felipão reassumiu o comando do selecionado, em 2012. Ela teve início com o técnico anterior, após a Copa 2010. Mudaram os conceitos? Sim. Em parte por ele pouco aproveitar o trabalho de seu antecessor. Sorte dos espanhóis que Vicente del Bosque substituiu Luis Aragonés em 2008 e não jogou fora o que herdou. Ele melhorou a equipe campeã européia, faturou a Copa do Mundo e o bi do continente.
Virou uma "muleta" protetora para Scolari o discurso de que o time está sendo construído, segue em obras. Como se isso justificasse tudo. Fora Espanha e Alemanha, qual seleção está prontinha hoje? Isso não o isenta de críticas, nem de elogios. Vai depender da maneira como cada um vê o futebol jogado no Brasil e no exterior. Vai variar de acordo com a visão de cada um sobre o selecionado brasileiro às vésperas de uma Copa do Mundo que aqui acontecerá.
Se a missão do time "canarinho" com seu novo-velho técnico será "apenas" lutar pelo título ou além disso apresentar um futebol competitivo, em evolução, impositivo, convicente. Não, eu não estou falando no tal "jogo bonito". Esse é um discurso antigo adotado justamente por uma parceira da CBF.
Esperemos pelos próximos jogos. Embora improvável, não é impossível que o time brasileiro jogue bem, apresente mais! A Espanha faz isso e para chegar lá, começou um dia. O Brasil, à sua maneira, tem que pelo menos tentar fazer algo para ser o mais forte, hegemônico, como em outros tempos.
Basta desse papo de que o importante é vencer e nada mais. Foi assim que o time verde-amarelo caiu nas duas últimas Copas. Que seja feito um grande desafio. Vencer e evoluir, aprender a enfrentar os melhores do momento e desenvolver o futebol jogado no país. Até porque esse é o caminho mais viável para um triunfo em 2014.
Ou o futebol brasileiro será sempre refém de pensamentos pequenos, calçados em títulos de uma, duas décadas atrás, como se o passado fosse sempre justificar o presente e prever o futuro.
FONTE: ESPN
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