segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ondas Grandes - Marcos Monteiro encara swell fantasma sozinho


Terça-feira, 29 de outubro.

Já eram 7h10 da manhã e sai direto para o Point de Itaúna para checar as condições para fotografar o surf no o swell que, contrariando as previsões, estava com o período muito mais curto e ondas muito maiores que o esperado.

Na água tinha um “maluco” perdido, o canal da laje estava correndo como um rio e umas bombas entraram faxinando o pico. O surfista visitante foi varrido numa série e foi parar no meio da praia de Itaúna.

Vendo aquilo desanimei, tinha onda demais e ninguém que rendesse material surfando naquele pico.

Ainda fiquei um tempo observando no Point umas séries monstruosas entrando na Barrinha, mas estava indigesto por não parar de quebrar, era uma atrás da outra. Fui ver os outros picos e já quase desistindo de fotografar dei uma uma olhada na praia da Vila que também não tinha condições de surf.

Algumas até abriam, mas não valia a pena encarar a corrente, as máquinas fechadeiras e ondas esquisitas que estavam rolando lá. Sem atleta na água, só me restou voltar para casa, seguir o meu percurso rotineiro e no caminho dar a última conferida na Barrinha antes de decretar o "Day Off " fotográfico naquela manhã.

Quando estava chegando, duas ruas antes da praia em Itaúna, atravessa numa avenida paralela o big rider Marcos Monteiro correndo com uma prancha embaixo do braço já treinando respiração e visivelmente suado.

Ofereci carona já sabendo o que viria a seguir, mas Marquinhos só acenou negativamente com a mão, colocou a prancha na caçamba do meu carro e fez sinal pra ir na frente. Amarradão assim eu fiz, acelerei pra adiantar logo e ver como estavam as condições na Barrinha e logo preparar o equipamento pra sessão.

O mar tinha subido ainda mais e estava com séries de 10 pés sólidos. Cheguei na praia e achei que iria ter a presença de outros atletas para puxar o trem. A ondulação de sul entrava reto na praia contrariando o bom senso e a disposição. Estava gigante e a máquina não dava trégua, 1, 2, 3, 4...

Saquarema é o local mais selvagem em potência de ondas no Brasil e o treino do Marquinhos é intenso. É aqui que ele treina pras bombas que encara lá fora.

O cara, sem dar papo a ninguém, pegou sua prancha e foi correndo estudando a situação o tempo todo, aproveitando o máximo do "Swell Fantasma" e partiu pra dentro sozinho.

Ele entrou pelo canto e aguardava se protegendo atrás das pedras da Barra Franca e no auge do seriado, encarava na remada para pegar a calmaria já no meio do percurso e não tomar as bombas na cabeça na zona da paulada.

Após cinco tentativas frustradas e 40 minutos de remada, o maluco saiu na areia, atravessou as pedras por dentro e se jogou na entrada do canal do outro lado, onde uma passagem de uns 20 metros rodeado pro pedras era bombardeado pelo espumeiro gigante que vinha lavando por cima.

Mas por baixo, como ele mesmo definiu depois, tinha uma corrente absurda na saída da lagoa que arrastou o big rider em segurança para o pico.

Marquinhos surfou por mais de cinco horas seguidas, pegou altas ondas, completou drops cabulosos e se enfiou em tubos gigantes. O cara aguentou caldos sinistros e tomou uma porção de bombas na cabeça sem amarelar. Era tanta movimentação de ondas que o FOG se assemelhava a um incêndio.

Hahahaha... o bombeiro estava ali sozinho apagando o fogo. Seu foco não permite perder essas ondas e a oportunidade de testar seus limites em condições extremas e suas pranchas.

Essa mereceu o registro!

Foto: Luciano Santos Paula.



Foto: Luciano Santos Paula.


Foto: Luciano Santos Paula.


Foto: Luciano Santos Paula.


Foto: Luciano Santos Paula.


Foto: Luciano Santos Paula.

FONTE: Luciano Santos Paula

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