domingo, 8 de março de 2015

Filipe Toledo bate Gabriel Medina e leva bicampeonato do "Nas Ondas"


Praias desertas de mar azul turquesa e água transparente, corais, areia branca e coqueiros. O cenário paradisíaco do Havaí foi o lugar escolhido para o "Nas Ondas", programa que encerra o calendário do Verão Espetacular. Pelo segundo ano consecutivo, o paulista Filipe Toledo, 17º do ranking mundial, mostrou um vasto repertório de manobras e decolou em aéreos para sagrar-se campeão, repetindo o feito da Costa Rica. Ele foi o único que conseguiu parar o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Gabriel Medina, em segundo lugar: 16,34 a 15,17. Miguel Pupo completou o pódio, com 7,17.

A disputa verde e amarela também contou com a presença de Jadson André, Alejo Muniz e Wiggolly Dantas, o mais novo represente do "Brazilian Storm" na elite. A competição serviu como preparação para o Circuito Mundial de 2015, que começou com a etapa da Gold Coast australiana, atualmente em andamento.

- Esta é uma das melhores edições do "Nas Ondas" por ser aqui no Havaí. Estou feliz por ter vencido. Estou morto - disse Filipinho, o rei do "Nas Ondas".

O arquipélago isolado no Oceano Pacífico, composto por oito ilhas principais, teve como palco a ilha de Oahu, a capital do país e do surfe. "Paraíso, água clara, um lugar especial", disse Medina, que escreveu o seu nome na história no mar de Pipeline, colocando o Brasil no topo do mundo, em dezembro do no ano passado. Ali perto, a cerca de quatro quilômetros do lendário pico, está a praia de Waikalea, na baía das tartarugas, em frente a um hotel de luxo. Um teatro a céu aberto para o espetáculo dos surfistas brasileiros, em um dia de sol e céu azul na "terra do arco-íris".

- Estamos entre amigos, temos que saber administrar a amizade com a competição - ponderou Pupo.

Segundo da direita para a esquerda, Filipe festeja com os companheiros (Foto: Reprodução)

Após as primeiras três baterias, homem a homem, os vencedores carimbaram a vaga na decisão. Vale lembrar que contam apenas as duas melhores notas para a pontuação final de cada surfista. Na fase classificatória, Filipe derrotou Wiggolly, Pupo venceu Jadson, e Medina despachou Alejo. O argentino naturalizado brasileiro foi uma espécie de anjo da guarda para Gabriel em Pipeline, quando eliminou os seus dois concorrentes ao título mundial, o americano Kelly Slater e o australiano Mick Fanning. Os juízes do "Nas Ondas" foram os surfistas Pedro Scooby, Bruno Santos e Teco Padaratz.

- O mais divertido foi surfar ondas que a gente não está muito acostumado. Não tinha lugar melhor - completou Alejo, que não conseguiu permanecer na elite este ano e terá de disputar as etapas da Divisão de Acesso (QS) para voltar ao seleto grupo dos melhores do mundo.

 
FILIPINHO DÁ SHOW DE AÉREOS E BATE WIGGOLLY

Embalado pelo título na Costa Rica, Filipe Toledo entrou impondo respeito, encontrando logo uma onda para aplicar um aéreo, uma de suas especialidades. O paulista de Ubatuba mostrou um surfe moderno e ousado, levando 4,67. Em seguida, o jovem de 19 anos pegou outra onda, deu uma rasgada (quando o surfista, depois da cavada, vai em direção à crista, mas, antes de chegar lá, muda de direção, voltando à base), porém, na hora da batida, quebrou a prancha. Ainda assim, ganhou 5,50 e chegou a 10,17. O pai, Ricardo Toledo, que assistia a tudo de perto, apareceu rápido para lhe dar uma reserva: "Quando eu ouvi o estalo, fui lá trocar a prancha".

Filipe Toledo, bicampeão do "Nas Ondas"
(Foto: Reprodução)

Guigui se recuperou ao acertar dois "cutbacks" (manobra em que o surfista, depois de pegar a onda, dá uma cavada na base, parte para a direção oposta e depois volta para a direção anterior, em um formato de "S"), além de batidas e rasgadas: 6,00. "Está parecida com a onda de Itamambuca, direitinha longa", disse Wiggolly, lembrando-se da praia onde começou a surfar, em Ubatuba. Ele precisava de 4,18. Surfando de "backside" (de costas para a onda), o estreante da elite escalou a parede da onda, deu algumas batidas e, com um 5,67, pulou para 11,67. Filipinho, que precisava de um 6,38, encontrou uma no fundo, deu uma rasgada, levantou voo e ganhou 8,67, chegando a 14,17. "Boa onda, garoto", disse o pai. A um minuto do fim, Guigui queria pelo menos um 8,18. Ele teve tempo de encontrar outra onda, mas o 6,50 não foi suficiente. Assim, Filipinho levou a melhor por 14,17 a 12,50, sendo o primeiro a ir à final.

PUPO DERROTA JADSON EM DISPUTA ACIRRADA

O Miguel só tem essa cara de bonzinho. Na água, ele é um monstro"

Jadson André

Miguel Pupo abriu a disputa com um "floater" (manobra em que o surfista, depois dar uma cavada na base, vai até a crista e passa por cima da onda, como se estivesse flutuando, voltando em seguida para a base), mas não pôde realizar outro movimento, pois a onda se fechou rápido: 2,17. A natureza não estava cooperando com os competidores e eles demoraram a encontrar uma boa ondulação. Jadson conseguiu dar uma rasgada e um "cutback", ganhando 3,33. O potiguar percebeu uma onda no horizonte, mas Pupo usou a prioridade, entrou e fez duas manobras. Os juízes deram 2,90 e o paulista ampliou para 7,40. Jadson teve paciência e entrou com agressividade em uma onda que lhe rendeu 4,50, assumindo a liderança, com 7,83.

- O Miguel só tem essa cara de bonzinho. Na água, ele é um monstro - brincou Jadson.

Cobiçadas ondas do North Shore de Oahu, no Havaí, foram o palco do "Nas Ondas" (Foto: ASP)

Miguel tentou tirar o prejuízo. Se tirasse 4,94, passava a frente do placar, mas sofreu repetidas quedas e demorou a reagir. Enquanto isso, Jadson ia administrando a vantagem, pegando onda atrás de onda. Até que Pupo teve sorte e conseguiu aplicar um "cutback". Com a manobra, ele arrancou um 5,16 dos juízes e chegou a 9,66. Com 7,83 (4,50 + 3,33), Jadson precisava 5,17 para virar o jogo. Em uma boa direita, o potiguar conseguiu algumas rasgadas e batidas para ganhar 6,33 e virar: 10,83 a 9,66. Pupo não se deixou abater pela pressão. A 1m30s do fim, encontrou a "onda salvadora": 7,17, somando 12,33. Assim, o paulista assegurou a vaga na final.


- A última onda foi salvadora - comemorou Miguel.



MEDINA VENCE "ANJO DA GUARDA"


Medina entrou na água com Alejo com uma "dívida". No dia 19 de dezembro de 2014, antes mesmo de chegar à final que lhe daria o título mundial de forma incontestável, o paulista de Maresias contou com a ajuda do amigo, que eliminou os seus dois concorrentes ao título, Kelly Slater e Mick Fanning. Mas o fenômeno não quis saber de nada além da vitória. Ele entrou com um ritmo forte na disputa. Logo na primeira onda, acelerou e acertou duas manobras para fazer 4,17. Alejo encontrou uma menor, acertou uma rasgada e levou 2,34.


O campeão mundial foi se soltando cada vez mais e aplicou uma sequência de manobras, com rasgadas e batidas. Ganhou 7,26 e ampliou para 11,43. Alejo reagiu e aplicou um leque de manobras na sequência para fazer 7,83 e encostar no placar, com 10,17. O argentino naturalizado brasileiro precisava de 3,61 para virar, mas acabou levando um 3,33. Gabriel não se abalou e continuou dando show. Depois de surfar uma onda para dar um "floater" e um aéreo 360º, o paulista de Maresias achou um tubo com pouca profundidade para aumentar a sua nota no fim, vencendo por 11,76 a 11,16. A diferença foi pequena, mas garantiu o fenômeno na final.



FILIPE TOLEDO SUPERA CAMPEÃO MUNDIAL


Na final entre Gabriel Medina, Filipe Toledo e Miguel Pupo, a briga maior ficou entre os dois primeiros, que protagonizaram uma verdadeira batalha nas águas de Oahu. No fim da bateria, que durou 30 minutos, Miguel até brincou com o fato de ser sido coadjuvante: "Não sei quem ganhou, só sei que não fui eu". Depois de uma série de reviravoltas, como Filipe e Gabriel se alternando na liderança, Filipinho fez 16,34 e venceu Medina (15,17) e Pupo (7,17), mostrando que é o rei do "Nas Ondas".

Miguel largou na frente, com 1,50, uma onda pequena e sem muito potencial. A disputa começou morna, mas Medina e Filipinho trataram de colocar fogo na sequência. O surfista de Maresias e o de Ubatuba controlaram as ações e ditaram o ritmo da final. Filipinho assumiu a liderança, com um aéreo que lhe rendeu 4,33. Gabriel respondeu na mesma moeda e ficou em primeiro ao ganhar 7,50, ampliando para 11,83. A disputa ficou ainda mais acirrada entre os dois jovens da nova geração. Filipinho recuperou o posto com quatro manobras em uma onda. Levou 8,00 e somou 12,33. Medina reagiu e mostrou que também tem um vasto repertório, com batidas e um "floater": 7,67. Com 15,17, no entanto, ele não conseguiu superar o inspirado amigo. Filipe ainda ampliou a nota no fim, com um "layback" (manobra em que o atleta empurra as costas para a parede de onda e se levanta em seguida). Selou a vitória com um 16,34, defendendo o título.

FONTE: GLOBO ESPORTE

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