terça-feira, 2 de outubro de 2012

Romário revela ações suspeitas de pessoa ligada ao Comitê Rio-2016 e pede investigação ao governo federal



Conforme prometera em entrevista à ESPN na segunda, o deputado federal Romário (PSB-RJ) revelou nesta terça-feira, em Brasília, ações suspeitas de uma pessoa ligada ao Comitê Organizador Rio-2016, no caso, Patrick Hickey. O irlandês, que é membro da diretoria executiva do Comitê Olímpico Internacional, estaria envolvido em um esquema de desvios e superfaturamento de ingressos durante os Jogos de Londres-2012.
O parlamentar, agora, vai entrar com requerimento no Ministério do Esporte para que o governo federal investigue um possível tráfico de influências envolvendo Hickey com autoridades esportivas brasileiras. Romário também cobra explicações do presidente do Comitê Organizador Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, acerca das ações do irlandês.

Como membro da Comissão de Esportes da Câmara, o deputado quer que Nuzman e Hickey prestem esclarecimentos públicos em plenário sobre como será realizada a venda de ingressos na Olimpíada do Rio. O esquema foi investigado pelo jornalsita escocês Andrew Jennings.

"O senhor Hickey costuma visitar o Rio para contribuir com os preparativos do evento ou para sondar oportunidades de negócios para sua família?", questionou Romário sobre o membro do COI, a quem o parlamentar se refere como "amigo de Nuzman".

Segundo o levantamento feito por Jennings, um dos filhos de Hickey, Stephen Hickey, é funcionário da empresa Hospitality Group - uma subsidiária do Grupo Marcus Evans -, que está sendo investigada pela Comissão de Ética do Comitê Olímpico Internacional. Uma das suspeitas é que o mesmo esquema feito em Londres possa estar sendo planejado para os Jogos de Inverno da Rússia, que serão realizados em 2014, na cidade de Sochi.

De acordo com a investigação, o grupo revendeu ingressos destinados aos comitês irlandês e grego a uma empresa privada que superfaturava pacotes, incluindo hospedagens, nos Jogos de Londres. "O grupo conseguiu uma proeza, que foi a de montar uma espécie de camarote em Londres durante os Jogos, chamado de "Casa Olímpica Irlandesa".

Pela "reputação já demonstrada" de Hickey, Romário também levanta suspeita quanto ao processo de escolha do Rio como sede dos próximos Jogos.

"Existem outras passagens meio nebulosas na carreira desse membro do COI (Patrick Hickey) que podem envolver muita ganância e tráfico de influência", disse o parlamentar, que ainda mostrou uma carta que teria sido enviada por Hickey ao presidente do Comitê de Candidatura de Salt Lake City, Tom Welch, para os Jogos de Inverno de 1991.

Na correspondência, timbrada e com inscrições de "privada e confidencial", Hickey - que à época era presidente do Comitê Olímpico da Irlanda - conta que o COI havia firmado compromisso de pagar U$ 100 mil para que a cidade de Nagano, no Japão, não recebesse votos à época, favorecendo a norte-americana Salt Lake City.
"Por favor, tratar as informações como estritamente privadas e confidenciais", teria escrito Hickey, ao fim da carta. 

Romário foi procurado pelo jornalista Andrew Jennings durante os Jogos de Londres, em julho. Há duas semanas, o escocês fez novo contato e forneceu ao deputado as informações que motivaram as acusações, que seriam feitas em discurso na Câmara que acabou não acontecendo por falta de quórum.
Jennings se especializou em revelar esquemas de corrupção envolvendo entidades esportivas internacionais, como a FIFA e o COI. Uma de suas reportagens mostrou o pagamento de propinas milionárias a Ricardo Teixeira, então presidente da CBF.

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