domingo, 3 de março de 2013

COM ROMÁRIO, VASCO, TIME DA VIRADA, BATE FLU E VAI À FINAL PARA GAÚCHO


Não podia ser melhor para a torcida do Vasco e o aniversariante de domingo, o técnico Gaúcho. Na véspera de completar 60 anos, o treinador vascaíno mostrou estrela ao fazer boas substituições no segundo tempo e ver sua equipe devolver às arquibancadas, na noite deste sábado, no Engenhão, os gritos da torcida de "o Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor". Numa partida emocionante, em que chegou a estar perdendo para o Fluminense - também de virada - por 2 a 1 aos 34 minutos do segundo tempo, a equipe vascaína reagiu e chegou aos 3 a 2, com direito a gol de um outro Romário.

O primeiro tempo terminou 0 a 0, o que já dava ao Vasco a vaga na final da Taça GB, por melhor campanha no primeiro turno do Campeonato Carioca. Mas o grande destaque ficou por conta da segunda etapa, quando Bernardo abriu o placar aos 24 minutos. O Flu reagiu e fez 2 a 1 com Thiago Neves e Wellington Nem. Foi quando Gaúcho, ex-jogador do clube nos anos 1970 e 1980, lembrou da velha garra cruz-maltina nos momentos difíceis e injetou sangue novo. Dakson, 25 anos, e Romário, 21, entraram. O primeiro cruzou para o outro empatar. Depois, coube a Dedé, zagueiro como Gaúcho já fora um dia, fazer o gol da vitória com sabor especial. A renda somou R$ 449.910,00, para um público pagante de 15.960 pessoas (20.632 presentes).

O capitão cruz-maltino foi um dos destaques desse triunfo que deixa o time na briga para encerrar um jejum de nove anos sem conquistar um turno sequer. Após assegurar vaga na final da Taça Guanabara no próximo domingo, agora aguarda o vencedor de Flamengo x Botafogo, que se enfrentam neste domingo, também no Engenhão.

- Estou feliz não pelo individual, mas pelo grupo. Começamos como a quarta força do Estado do Rio, hoje já não somos mais a quarta força, estamos brigando para ser a primeira - afirmou Dedé.

                                                                    No gol de Dedé, o da vitória, a comemoração em grande estilo                                          (Foto: Guilherme Pinto / Ag. O Globo)


Ao Fluminense, resta seguir na Libertadores antes de estrear na Taça Rio, segundo turno do Carioca. Na próxima quarta-feira, o Tricolor volta a jogar na competição sul-americana contra o Huachipato, do Chile, que derrotou por 2 a 1 semana passada fora de casa. Agora, a partida será no Engenhão. Na saída de campo, Thiago Neves, autor do primeiro gol do Flu e um dos melhores do time, ainda lamentava a eliminação na Taça GB.

- Faltou atenção, né? No segundo gol do Vasco, principalmente. Foi fácil o toque de bola deles na lateral. O Abel insiste em diminuir espaço... Mas estamos de parabéns, faltou só segurar o resultado.

Flu começa melhor

O próprio Thiago Neves tentou impulsionar o Fluminense logo no começo. Num primeiro tempo em que o time teve o domínio da partida mas não contava com noite inspirada de seus principais jogadores, o Vasco, com a vantagem do empate, deu mostras desde o começo de ter entrado em campo com o regulamento debaixo do braço. E acabou já sendo o vitorioso com o 0 a 0 nos primeiros 45 minutos. Tudo bem que correu riscos ao usar a estratégia de chamar o adversário para depois tentar decidir nos contra-ataques. Principalmente porque o técnico Gaúcho não esperava ter uma defesa tão confusa na marcação e na saída de bola. A equipe tricolor, apesar dos sinais de cansaço por conta da viagem e do jogo pela Libertadores no meio da semana, procurou se aproveitar disso. E por pouco não mudou o panorama logo na primeira jogada.

Renato Silva começou a complicar a defesa do Vasco antes de o ponteiro chegar a um minuto de partida ao jogar a bola desnecessariamente para a lateral tendo Dedé ao seu lado. Thiago Neves, armando pela direita, se aproveitou da situação após a cobrança do lateral e tabelou com Fred. O camisa 10 tricolor recebeu e mandou o cartão de visitas tricolor na trave de Alessandro, já batido no lance. O tempo cravava 55 segundos

Com dois volantes também se complicando na marcação e nas saídas de bola, o Vasco sofria com a apatia de Pedro Ken e Carlos Alberto, homens de criação da equipe sem espaços para produzir. Resumo: Bernardo e Eder Luis mal participavam da partida. Melhor para o Flu.

Vasco recuado

Pior para o Vasco é que os erros da defesa se repetiam. Em escanteio pela direita, uma falha de posicionamento - até de Dedé - deixou o zagueiro Anderson livre para marcar. Por sorte do time, o zagueiro tricolor bateu em cima de Alessandro, que no reflexo salvou em cima da linha. Tudo isso em menos de dez minutos.

                                                                                  Fred tem atuação apagada na derrota do Flu para o
Vasco (Foto: Reginaldo Pimenta / Agência O Globo)

A equipe tricolor viu que, se forçasse, poderia tirar partido. Se a equipe saía lentamente da defesa para o ataque, tinha um jogador no meio-campo capaz de mudar o ritmo com um simples toque. Esse cara era Deco. O camisa 20 deu uma linda virada de bola para a esquerda. Carlinhos arrancou como ponta, cortou Eder Luis, mas bateu também em cima de Alessandro. O lateral-esquerdo tricolor começou a ser mais acionado na partida. E foi dele o centro que Fred poderia ter aproveitado melhor. O camisa 9 tricolor cabeceou para o alto, e a bola subiu.

Para infelicidade do Flu, Deco não teve outro momento de inspiração como aquele. Fred, nem se fala. Acuado, o Vasco precisava acordar ao menos nos contra-ataques. Só aos 34 minutos o time tentou encaixar a jogada veloz com Eder Luis. Mas Pedro Ken lançou com força, e o goleiro Diego Cavallieri saiu bem e evitou o pior. No fim da primeira etapa, coube a Dedé o melhor momento do time até então na partida. O zagueiro arrancou da defesa e deu o passe certo para o veloz ponta-direita. Eder Luis fez tudo certo. Mas Carlos Alberto, não. Ao receber a bola, abusou do preciosismo. Quis fazer fila e desperdiçou uma boa jogada de ataque, irritando a torcida. Mas o primeiro tempo acabou sendo bom com o 0 a 0. E Dedé, que depois seria o herói da vitória, tirava o time do sufoco.

Mudanças e gols

No vestiário, o técnico Abel Braga resolveu mexer no Flu. Trocou o lateral-direito Bruno por Wellington Silva. Mas foi o Vasco empolgado pela garra de Dedé no fim do primeiro tempo que voltou melhor no começo do segundo. E teve mais uma vez nos pés de Carlos Alberto a chance de abrir o placar. Numa falha de Wellington Nem, apagado em campo, o camisa 10 cruz-maltino arrancou com a bola do meio-campo e, quando tinha Eder Luis pela direita e Bernardo e Wendel pela esquerda, com apenas dois tricolores na marcação, preferiu tocar para o camisa 31. Bernardo bateu, Cavalieri defendeu.

Deco já dava sinais de cansaço. Abel o trocou por Wagner. O Flu dava mais sinais ainda de desgaste. O Vasco, ao contrário, explorava mais os espaços para o contra-ataque. Com Pedro Ken mais ligado, Bernardo e Eder Luis mais efetivos, o time cresceu em relação à primeira etapa. O Fluminense já começava a olhar para o relógio.

Tenso, o time tricolor acabou falhando na defesa. E aos 24 o contra-ataque cruz-maltino foi letal: Gum rebateu mal de cabeça um lançamento, a bola sobrou para Eder Luis. O centro do camisa 7 para Bernardo foi na medida. O camisa 31 bateu de canhota, de prima. A bola passou por baixo de Diego Cavallieri: 1 a 0 para o Vasco. Na comemoração, atropelou um radialista...

O tempo passava, e o Fluminense, agora, precisava de dois gols para sair com a vaga para a final da Taça GB. Abel, no desespero, sacou o zagueiro Anderson para pôr o atacante Rhayner, que não faz um gol há mais de dois anos. E o jogador acabou ajudando no empate. Num cochilo da defesa do Vasco em cobrança de lateral tricolor, o camisa 22 tentou matar a bola, que sobrou para Thiago Neves mandar para o fundo das redes, aos 32 minutos.

Duas viradas

Era o combustível que o tricolor precisava. E outro jogador que Abel botou na partida participou da virada tricolor: Carlinhos avançou pela esquerda e cortou para o meio. Bateu com força. Alessandro espalmou, e Wellington Silva tocou para Wellington Nem, num balaço, virar a partida, aos 34 minutos.

Se Abel Braga mexeu bem no time, o técnico Gaúcho mostrou que os cabelos brancos da terceira idade contam a favor num momento crítico. Na véspera de completar 60 anos, pôs dois jogadores que mudaram a partida. Dakson entrou no lugar de Eder Luis e Romário no de Thiago Feltri. E foi Dakson que centrou para Romário empatar, aos 38.

A partida estava emocionante. Os dois times buscavam o gol. Mas o Vasco justificou os gritos da torcida de ser o time da virada. Dessa vez, foi Bernardo quem cruzou. E Dedé, aquele chamado de Mito, que no fim do primeiro tempo tirou o time do sufoco, se aproveitou da falha de marcação de Gum e bateu por baixo das pernas de Diego Cavallieri, aos 41. O presente de aniversário para Gaúcho foi em alto estilo. De zagueiro para ex-zagueiro.



FONTE: GLOBO ESPORTE

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