terça-feira, 23 de julho de 2013

Quem é e como pensa o novo treinador do Barcelona, Gerardo 'Tata' Martino


A entrevista ao jornalista argentino Fernando Niembro, do canal Fox de Buenos Aires, está inteirinha disponível acima. O programa chama-se Retratos e nele traçou-se o perfil perfeito do técnico recém-escolhido pelo Barcelona para substituir Tito Vilanova. Mais do que isso, para iniciar um novo período, que não tem nada a ver com Josep Guardiola.

Ou quase nada.

Guardiola sempre citou suas grandes referências. À margem de Johan Cruyff, o ex-treinador do Oviedo Juanma Lillo e os argentinos Cesar Luis Menotti e Marcelo Bielsa. Martino é um bielsista ferrenho desde que conheceu o treinador da Argentina de 2002 no time do Newell's Old Boys, campeão argentino da temporada 1990/91.

A conversa com Fernando Niembro tem pontos importantes. Na época, em 2008, Martino era treinador da seleção paraguaia e liderava as eliminatórias da Copa do Mundo à frente de Brasil e Argentina. Como a simplicidade é sua marca, não super-estimava o momento: "Há muita diferença entre nosso futebol e o de brasileiros e argentinos. Sim, quando jogamos parece haver pouca distância, mas ela é muito grande."

Naquele ano, conheci Martino à distância, nas entrevistas coletivas em Assunção, cobertura de Paraguai 2 x 0 Brasil pelas Eliminatórias. A simplicidade em pessoa. Desde então, levou o Paraguai às quartas-de-final da Copa do Mundo da África do Sul e ganhou o Torneio Final do Campeonato Argentino pelo Newell's Old Boys.

São suas referências para ser treinador do Barcelona. Ah, sim, há uma outra. Martino é ídolo dos pais de Lionel Messi, torcedores do Newell's a quem ele alegrou entre 1980 e 1994, com um breve hiato no Tenerife.

Abaixo, algumas das frase extraídas do programa Retratos que ajudam a entender Gerardo Martino, novo treinador do Barça:

QUAL É A MISSÃO MAIS DIFÍCIL DE UM TREINADOR?

Saber escolher. Nesse sentido, quando se dirige Argentina, Brasil ou Espanha há muito mais chance de reprovação. Muitas vezes quando se dirige uma seleção como o Paraguai não há tantos para escolher, mas neste período tivemos pela primeira vez um grupo de 40 a 50 jogadores.

ADMINISTRAÇÃO DE VAIDADES

A nós, no Paraguai, isso nunca nos incomodou. Acho que tem mais chance de jogar bem aqueles que têm as individualidades mais ricas. E se têm essas individualidades em alta pressão. Mas aqueles que não avançam para não resolver as coisas sozinhos, então é preciso mais tempo para trabalhar.

PEDIR POSICIONAMENTO DIFERENTES

Tivemos experiências assim. A Roque Santa Cruz pedi que jogasse de ponta-direita contra o Brasil e jogou de ponta-direita. A Haedo Valdez pedi que jogasse como marcador pela esquerda contra o Brasil e jogou marcando pela esquerda. A outros não se precisa pedir. Mas às vezes se pede numa situação específica.

VOCÊ É UM SELECIONADOR OU UM TREINADOR?

Me custava muito aceitar que era nada mais do que um selecionador. Necessitávamos dar forma à equipe. Tivemos uma vantagem. Pouco tempo depois do início, tivemos a Copa América da Venezuela e isso nos deu 25 dias juntos. E demos prioridade para a Copa América, porque ela nos daria a base para os três anos e meio seguintes. Muito do que se vê na seleção paraguaia se conseguiu naqueles 25 dias de Copa América (Paraguai caiu nas quartas-de-final contra a Argentina).

QUE PEDIU PARA FORMAR A EQUIPE COM QUE SONHAVA?

Sobretudo convencê-los de uma forma de jogar. Não mudar o que havia levado o Paraguai aos últimos três mundiais. Um sólido trabalho defensivo levou às Copas de 1998, 2002 e 2006. Isso não se poderia perder. Mas então pedi que se tentasse mais do que isso. Convencer a todos de que era possível jogar com qualquer um de igual para igual.Tudo isso com o trabalho coletivo.

DIZIA-SE QUE O PARAGUAI JOGAVA MUITO PELO ALTO POR TER CAMPOS RUINS?

Joga-se quando se acabam as ideias.

PRESSÃO OU CRIAÇÃO?

Nós tínhamos no Paraguai problemas na elaboração do jogo. E tentamos corrigir isso através da pressão. Então, recuperávamos a bola mais perto do gol e poderíamos ser mais verticas. Nosso maior déficit era a elaboração do jogo. Não digo que é obrigatório ter um número 10, mas volantes que saibam criar. Mas te dou um exemplo. Se tenho Riquelme, jogo com Riquelme. Se tenho um camisa 10 que desequilibra, jogo com ele. Mas é importante adaptá-lo às condições da equipe.

VOCÊ CONVIVEU COM QUEM CORTAVA SUA LIBERDADE?

A mim não me pediram nunca que se cortasse minha liberdade. Trabalhando com Cubilla, Carlos Montes, José Yudica, Bielsa. Só lamento profundamente não ter conhecido Marcelo Bielsa dez anos antes. Porque eu poderia ter aprendido mais cedo a introduzir a minha qualidade técnica a serviço da equipe. Certamente se eu tivesse conhecido Bielsa mais cedo poderia ter me transformado num jogador mais decisivo.
FONTE: ESPN

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