domingo, 13 de abril de 2014

Lúcio abre o jogo e revela problemas no São Paulo: 'Sensação de ditadura'

carrossel Lucio  EE Esporte Espetacular (Foto: Tiago Antunes)

O zagueiro Lúcio, pentacampeão em 2002, com passagens importantes por clubes europeus, vive dias de incerteza no São Paulo. Afastado pelo clube e em busca de outro lugar para trabalhar, o defensor espera o término do seu vínculo para saber o que fará em 2014. Em entrevista ao Esporte Espetacular, ele resume seus dias no clube tricolor usando palavras duras: decepção, tristeza, solidão, desrespeito...

Na conversa, Lúcio nega ter brigado com Paulo Autuori, mas garante que o treinador, que teve rápida passagem pelo clube, é quem tem a responsabilidade por seu afastamento. Mesmo assim, garante não guardar rancor.

Confira os principais tópicos da entrevista do zagueiro.

ENCURRALADO

- Eu comecei a treinar afastado. Aí, depois, o São Paulo falou: “Como não vamos te utilizar, você não precisa vir aqui todos os dias”. Só que eu falei que sou profissional e iria cumprir a minha parte. Primeiro, me afastaram, depois me deixaram treinando sozinho. Para mim, foi um momento muito difícil. Fui colocado em uma posição em que fiquei meio encurralado, mas não vou desistir.


SAÚDE DO VESTIÁRIO

- O Autuori usou essa frase para explicar meu afastamento. Mas, onde ele encontrou isso, eu não sei. Só ele pode dizer, não é? Eu fiz amigos no São Paulo, eles me ligam, perguntam quando eu vou voltar. Não tive problema com ninguém no vestiário. Acho que isso (justificativas para o afastamento) ou foi uma desculpa, ou um mal entendido do treinador que passou por lá (Autuori). Joguei na Europa, com gente de outras nacionalidades, outras culturas, passei um longo tempo na Seleção. Se eu fosse uma má influência, não teria esse histórico.

QUESTIONAMENTOS A AUTUORI

- Eu acredito que sempre tem alguma coisa para você melhorar. Falei isso, achei que eu deveria treinar mais, até porque o time estava começando a perder jogos no Campeonato Brasileiro. Então, ele (Autuori) usou isso para me afastar, me punir. Foi a única coisa que me falou: que era para me afastar, me punir por uma falta de respeito. No mesmo momento, eu pedi perdão. Não sabia que ele entenderia dessa forma. Mas ele não quis me ouvir e ficou batendo na tecla de sempre: “Vou te punir, vou te punir”. Então, nunca mais falou comigo, nem os dirigentes. Só me davam ordem. Eu, como funcionário, acatava. Fiquei muito triste, porque fui afastado por um motivo fútil, muito ridículo.

PREPARADOR FÍSICO PRÓPRIO

- Não estava treinando com preparador físico próprio. Era só meu primo, o Lucas, que estava apenas pegando a bola para mim. Não estava me dando treino! Eu faço aquilo sozinho ou com a companhia de qualquer outra pessoa. Só que o treinador me falou que aquilo não era certo, que era uma falta de respeito, que ele deveria ser avisado, que isso era uma regra. Quem falou que eu levei ao treino um preparador físico próprio mentiu.

ISOLAMENTO

- O vice-presidente (de futebol) João Paulo (de Jesus Lopes) disse que, a pedido do treinador, eu treinaria em horários diferentes. É uma sensação horrível, de discriminação, mesmo. De ditadura. Claro que eu me senti um humilhado. Eu pensava: “Meu Deus, o que fiz de tão errado para merecer isso?”. O que tem de tão absurdo? No meu pontos de vista, eu estava tentando fazer algo positivo, que era treinar um pouco mais para melhorar meu rendimento e, com isso, ajudar o time. Fizeram uma tempestade num copo d’água.

Zagueiro abriu a porta de sua casa para Régis Rosing e para a equipe do EE (Foto: Tiago Antunes)

ROGÉRIO CENI


- Tivemos uma relação normal. Como o treinador quis que eu treinasse em horário alternativo, eu tinha pouco contato com ele. Havia outros jogadores com quem eu tinha mais amizade.

AMIGOS

- Tem uma galera boa lá (no São Paulo) que me liga. Tenho contato com Luis Fabiano, Ganso, Osvaldo, Wellington, Denilson, Jadson, Carleto, Édson Silva. Acho que se eu tivesse problema de vestiário, não teria tantos amigos assim.

CHORO

- Chorei com minha esposa. Chorar faz bem para você colocar o que está no seu sentimento, o que está no coração.

FUTURO

- Sei do meu potencial. Não posso convocar a diretoria para conversar. O que vou fazer? Vários clubes demonstraram interesse, mas eu já tinha feito dez partidas no campeonato (Brasileirão) e não poderia me transferir. Estou aguardando. Poderia sair para ganhar menos, pois iria para fazer o que eu gosto. Não é só pelo dinheiro.

RECADO À DIRETORIA DO SÃO PAULO

- O que eu poderia dizer é que fiz o meu melhor. Se houve algo que os magoou, que os deixou insatisfeitos, não me passaram nada. Se houve algo, peço desculpas. Não tenho raiva de ninguém e vou cumprir meu contrato até quando o São Paulo permitir.

RECADO PARA AUTUORI

- O que eu tenho para dizer é que não tenho raiva dele. Talvez ele não tenha compreendido o que eu quis passar. Nunca tive a intenção de desrespeitá-lo. Minha intenção era apenas melhorar para sair da situação ruim.

FONTE: ESPORTE ESPETACULAR

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