quinta-feira, 9 de maio de 2013

Prefeito admite tirar nome de Havelange do Engenhão e contesta obras: 'Feito nas coxas'



Conhecido oficialmente como estádio Olímpico João Havelange, o estádio0 do Engenhão pode passar por mudança de nome futuramente. Após vereadores do Rio de Janeiro sugerirem a troca de nome da praça esportiva, foi a vez de o prefeito Eduardo Paes admitir a possibilidade de alteração no local.

“Isso é um direito do Botafogo. Eu mudei o nome de muitas coisas no Rio de Janeiro. Mudei por questão de gosto pessoal meu. O Botafogo tem uma coisa chamada naming rights, ele pode chamar o estádio como quiser. Tudo depende da diretoria. Não vou ficar aqui mudando o nome de tudo”, explicou o político, em entrevista à Rádio CBN, nesta quinta-feira.

Mandatário máximo da FIfa entre 1974 e 1998, João Havelange teve seu nome envolvido em caso de corrupção na venda de direitos da Copa do Mundo. Ao lado do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e Nicolás Leóz, então presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, o dirigente recebeu propina da empresa suíça de marketing esportivo ISL. Ao todo, U$S 22 milhões (R$ 44 milhões em valores atuais) foram inseridos em contas relacionadas aos brasileiros entre 1992 e 2000.

Os vereadores Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro e Renato Cinco, todos do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), criaram Projeto de Lei que visa à mudança do nome do estádio para João Saldanha, jornalista botafoguense e ex-treinador da Seleção Brasileira. Saldanha morreu em 12 de julho de 1990, aos 73 anos, em Roma (Itália).

“O Estádio João Havelange foi consultado pelo prefeito César Maia, que deve ter tido seus motivos para ter feito sua homenagem quando fez a arena com a cobertura quase caindo. Eu posso mexer na cobertura, não no nome”, encerrou Paes.

Construído entre 2003 e 2007 para abrigar competições esportivas no Rio de Janeiro, o Engenhão custou R$ 380 milhões aos cofres públicos. Apesar do alto investimento, o estádio apresentou falhas em sua cobertura e acabou interditado no último dia 26 de março. Eduardo Paes afirmou que os problemas na estrutura foram causados pela maneira relaxada com que as obras foram realizadas.

“Eu não fiz este estádio. Não quero me eximir das minhas responsabilidades como prefeito, mas as coisas foram feitas nas coxas, correndo, em cima da hora”, destacou o político que começou a cumprir seu mandato em janeiro de 2009.

Originalmente orçado em R$ 60 milhões, o Estádio Olímpico João Havelange é projeto dos arquitetos Carlos Porto, Gilson Santos, Geraldo Lopes e José Raymundo Ferreira Gomes. A Riourbe, da Secretaria de Obras do Município do Rio de Janeiro, foi a responsável pela fiscalização da construção, que teve consórcio vencido pela Odebrecht e OAS.

Em março deste ano, a empresa alemã Schlaich,Bergermann und Partner (SBP) apresentou relatório apontando falhas na cobertura do estádio e recomendou o fechamento do Engenhão. A expectativa é de que novo estudo mostre uma solução para os problemas nos próximos 30 dias. No entanto, Paes não descarta que o período seja maior.

“Não podemos colocar a vida das pessoas em risco. Não tem nenhum masoquismo da minha parte, não quero ninguém sofrendo. Já basta eu estar sofrendo como vascaíno. Não quero colocar as pessoas em risco. Estou oficiando essa associação de engenheiros que fez esse laudo, perguntado se eles me dão uma autorização para abrir o Engenhão. E se eles se responsabilizam. Se eles se responsabilizarem e ficarem lá embaixo com a família deles, está tudo certo”, completou.

O Botafogo, clube que conquistou a licitação do estádio, está impedido de jogar no local e tem mandado suas partidas em outros estádios do Rio de Janeiro. O clube alvinegro, inclusive, cogitou devolver o Engenhão á Prefeitura visando minimizar o prejuízo com o fechamento da arena.

“Sei que isso é uma angustia do Botafogo, do futebol carioca e dos torcedores. O Maurício Assumpção (presidente do clube) é um cara sério demais, que respeito muito e temos conversado. Não foi um laudo de um escritoriozinho, foi uma empresa alemã que trata isso como um assunto sério. Não dá para brincar com isso”, encerrou Eduardo Paes
.

FONTE: ESPN

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