sábado, 8 de fevereiro de 2014

Fabricio Meneses - Fundamentos do surf


Havia acabado de sair do mar e junto com meu amigo, André Frederico, fiquei observando um garoto da nova geração surfando no posto 9 do Recreio.

Esse garoto descia a onda e mal dropava já queria decolar, tentando diversos tipos de aéreos, como se estivesse no skate. Olhei para André e comentei que estava tudo errado. A leitura da onda, a abordagem dela, estava errada!

Ele dropava, não fazia o carve, não ia na base e do meio da onda para cima apontava o bico, saltando sobre o lip.

Fiquei pensando nos fundamentos do surf e como diversos brasileiros no passado, ganhavam tudo no WQS e paradoxalmente tinham enormes dificuldades de se adaptarem ao WCT.

Mas qual era a dificuldade se eles surfavam muito? Simplesmente abordagem da onda. Leitura, harmonia, execução dos movimentos básicos, estilo.

Tudo isso parece muito simples quando falamos, mas se em algum momento da vida atropelamos esse aprendizado ficamos "capengas" no surf.

E era assim que aquele garoto surfava. Era leve, solto, mas não tinha sucesso nos aéreos e o seu backside se tornara muito limitado.

Para ilustrar o que digo vou citar outro exemplo.

Me lembro de um surfista famoso das categorias máster e grand máster em Salvador que quando o mar estava pequeno tinha enorme facilidade de apontar sua prancha do meio da onda para cima e decolar.

Vi esse cara ganhar muitos campeonatos assim, mas quando chegou na etapa do brasileiro máster em Stella Mares, com essa mesma fórmula, ele perdeu de cara!

O que aconteceu? Sem desmerecer os juízes baianos, os critérios desse campeonato eram outros, mesmo porque os adversários eram nomes como Armando Daltro, Cristiano Espirro, Jojó de Olivença, Vitor Ribas e Ricardo Tatuí, dentre outros.

Caras acostumados com o circuito mundial, que tinham uma abordagem diferente da onda. Botton turns, carves, off the tops, round house cut backs, rasgadas estilosas e com muita água para cima erm realizadas em perfeita sincronia com a onda.

Esse é o ponto chave que as atuais gerações precisam entender. É olhar para Jordy, Medina, Slater e perceber que as manobras modernas são muito bem executadas porque eles sabem fazer o básico de forma excelente.Treinaram exaustivamente e tiraram nota máxima nos fundamentos do surf.

Quem não lembra de Tom Curren, Fábio Gouveia e hoje Joel Parkinson? O que esses três tem em comum além de serem fenômenos? Estilo, harmonia, precisão. Quando executam as manobras nada está fora do lugar. Braços, pernas, prancha tudo está em sincronia!

Com certza as manobras inovadoras chegaram para ficar, mas se você não consegue realizar um cut back com perfeição ou aquela cavada de back seguida de uma rasgada redonda jogando muita água, tenha certeza que ainda não é a hora de tentar os aéreos. Vá com calma!

FONTE: Fabricio Meneses

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...